segunda-feira, 25 de setembro de 2017

O jardim das borboletas de Dot Hutchison

     Crítica: Fui para este livro às escuras, ou seja, sem saber nada sobre o mesmo. O que me surpreendeu e levou a comprá-lo foi a capa e o seu subtítulo Nunca a beleza foi tão assustadora. E é verdade.
     O jardim das borboletas, supostamente um lugar maravilhoso e agradável ao olhar, nada tem de bonito. Trata-se de um jardim privativo onde o Jardineiro, assim apelidado pelas suas meninas, cuida das jovens raparigas (as borboletas) que rapta na rua, tatuando-lhes nas costas, borboletas de várias espécies, pretendendo que esta seja adequada à rapariga que a usa e mudando-lhes o nome para que esqueçam quem foram e a vida que tiveram fora daquele jardim. As raparigas não podem fugir, nem mesmo ter qualquer contacto com o Exterior. Quando a história começa (o livro está divido em três partes que corresponderão a três dias) já o FBI conseguiu descobrir o jardim e o agente Hanoverian acaba por interrogar Maya para conseguir perceber o que terá acontecido àquelas raparigas, naquele sítio.
     E é ela, através da sua narrativa, que nos leva a uma história macabra, onde por vezes nos falta o ar, nos sentimos chocadas, mas mesmo assim com vontade de acabar o livro para nos certificarmos que será feita a pouca justiça possível, pois aquelas jovens mereciam muito mais do que uma sentença de prisão, para aqueles que as violentaram.
     A história acaba por se entrecruzar com a vida de Maya, mesmo antes do seu rapto, e temos ainda acesso a tudo o que lhe acontece, e às suas amigas, dentro daquele espaço aparentemente tão bonito e pacifico. A personagem principal que, aparentemente, é uma vitima dos acontecimentos, acaba por, a partir de determinado momento, poder ser alguém conivente com os agressores, o que tornar a história ainda mais densa. Apesar de ser uma história de ficção, é, no entanto, plausível de poder acontecer, o que ainda choca mais para quem lê.
  Estando escrita de uma forma brilhante, questionamo-nos permanentemente face aos acontecimentos e, ao mesmo tempo, acreditamos na narrativa que se constrói perante os nossos olhos. Simultaneamente, e durante toda a leitura, os nossos sentidos, as nossas sensações e os nossos sentimentos estão permanentemente alerta, sem conseguirmos deixar de nos inquietarmos com os acontecimentos lúgubres que nos são apresentados.
     Peca o final, que se torna demasiado leve para um livro desta dimensão psicológica. No entanto espero que a autora escreva outros livros e que a Suma das Letras continue a publicá-los pois é uma escrita cativante, inteligente e, apesar de tudo sedutora. Para além de tudo este é um livro que merece uma boa adaptação cinematográfica. 


  Sinopse: Perto de uma mansão isolada, encontra-se um jardim com flores exuberantes, árvores frondosas e... uma coleção de preciosas borboletas.
   Jovens mulheres sequestradas e tatuadas para se parecerem comesses belos insectos.
Quando o jardim é descoberto pela Polícia, Maya, uma das vítimas, ainda se encontra em choque e o seu relato está cheio de fragmentos de episódios arrepiantes, no limite da credibilidade.
    O que esconderão as suas meias palavras?
 



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