quinta-feira, 28 de junho de 2018

Os Anagramas de Varsóvia de Richard Zimler

     Opinião: Os Anagramas de Varsóvia de Richard Zimler foi um dos poucos livros deste autor que li e não me conquistou. Confesso que ainda hoje me lembro do prazer que foi ler O Último Cabalista de Lisboa e, talvez por isso, esperava que o mesmo acontecesse com esta obra. Mas lamento dizer que tal não aconteceu. Valeu ser uma leitura conjunta, porque acho que se assim não fosse, não teria acabado o livro.
    Claro que o livro está magistralmente escrito e nada pode por em causa a qualidade literária do autor. Na verdade, noto que desde que fui Auschwiz estou muito mais sensível no que à temática da segunda guerra diz respeito, e aos horrores que os judeus sofreram em particular. Se juntarmos a este facto o assassinato macabro de uma criança, a sensibilidade aumenta. No entanto, considero que aquilo que menos me agradou, e daí, provavelmente, a falta de empatia com o livro, foi o facto do sobrenatural que o livro encerra.
    A personagem principal do romance Erk Cohen é um psiquiatra judeu que durante a ocupação nazi foi viver para um gueto em Varsóvia com a sua sobrinha e o seu sobrinho neto Adam. Um dia, em que o jovem rapaz sai sozinho acaba por desaparecer e, posteriormente, por aparecer morto, tendo sido o seu cadáver profanado. E este vai ser o desafio para Erik. Perceber porquê? Qual a razão de tal ato? Quem o matou? Até que surge outro cadáver. E a história está montada.
     Mas nem tudo o que parece é. Ou seja a personagem principal é alguém que quer saber tudo o que se passou por forma a poder acalmar os seus fantasmas. Ou os fantasmas dos outros. Ou a sua própria essência.
Eu para gostar de livros que não sejam completamente reais preciso que estes tenham uma coerência (que o livro tem) que me prenda e transforme, na minha leitura, o sobrenatural em algo real e objetivo. E neste último aspeto o livro não me convenceu.
    Concluindo gostei da escrita, embora a elaboração fantasista da história não me tenha prendido. De qualquer forma não vou de desistir de ler este autor.

    Sinopse: Um romance policial arrepiante e soberbamente escrito passado no gueto judaico de Varsóvia. Narrado por um homem que por todas as razões devia estar morto e que pode estar a mentir sobre a sua identidade…

  No Outono de 1940, os nazis encerraram quatrocentos mil judeus numa pequena área da capital da Polónia, criando uma ilha urbana cortada do mundo exterior. Erik Cohen, um velho psiquiatra, é forçado a mudar-se para um minúsculo apartamento com a sobrinha e o seu adorado sobrinho-neto de nove anos, Adam. Num dia de frio cortante, Adam desaparece. Na manhã seguinte, o seu corpo é descoberto na vedação de arame farpado que rodeia o gueto. Uma das pernas do rapaz foi cortada e um pequeno pedaço de cordel deixado na sua boca. Por que razão terá o cadáver sido profanado?
   Erik luta contra a sua raiva avassaladora e o seu desespero jurando descobrir o assassino do sobrinho para vingar a sua morte. Um amigo de infância, Izzy, cuja coragem e sentido de humor impedem Erik de perder a confiança, junta-se-lhe nessa busca perigosa e desesperada.
Em breve outro cadáver aparece - desta vez o de uma rapariga, a quem foi cortada uma das mãos. As provas começam a apontar para um traidor judeu que atrai crianças para a morte.
   Neste thriller histórico profundamente comovente e sombrio, Erik e Izzy levam o leitor até aos recantos mais proibidos de Varsóvia e aos mais heróicos recantos do coração humano. 


segunda-feira, 25 de junho de 2018

Poemas Matizados de Sellma Luanny

Opinião: Como sabem a poesia não é propriamente o meu estilo favorito. No entanto, e em relativamente pouco tempo, este é o segundo livro de poesia que leio. Se o primeiro era de um autor consagrado e conhecido do grande público (ver crítica) este segundo é de alguém não tão conhecido. Trata-se de um primeiro livro (acho), embora eu augure que a Sellma Luanny não ficará apenas por uma obra isolada.
A autora é brasileira e reside em Macau onde exerceu (exerce) medicina. É curioso verificar a quantidade de médicos que são simultaneamente escritores, quase como se precisassem de exorcizar os fantasmas e demónios com que a profissão os ‘obriga’ a conviver.
E a escrita desta poetisa é mesmo isso. Sente-se que se trata de uma poesia vinda de dentro, sentida, onde cada palavra pretende dizer mais do que aquilo que significa, pretende levar-nos a pensar ao mesmo tempo que nos emocionamos.
Todo o livro é constituído por um conjunto de sentimentos que nos dão uma visão da vida, uma visão filosófica. De repente o leitor é levado para um mundo, que sendo o do sujeito poético, acaba por se tornar seu. Mas não é um mundo feito, acabado. É um mundo onde ele tem de refletir sobre o que o rodeia e sobre si mesmo. É um mundo onde as palavras nos encantam como se de sereias se tratassem, pois, embora esteja, aparentemente, tudo dito, essa certeza não é mais do que uma ilusão, um desafio, um engano. A diferença é que as sereias matam enquanto Sellma levamos a pensar na vida e, em última análise, no nosso papel, no nosso lugar, nos nossos sonhos.
Mais um livro de poesia que recomendo. E fico à espera da próxima obra de Sellma Luanny, esperando que surja rapidamente.


quinta-feira, 21 de junho de 2018

Uma herança de amor de Cristina Campos


     Sinopse: Uma herança de amor de Cristina Campos foi uma agradável surpresa. Esta escritora espanhola prova, mais uma vez, que as letras, em castelhano, encontram-se bem e recomendam-se.
     A história acaba por ser contada com analepses e prolepses, ou seja, com recuos e avanços, mais ou menos velados do que se passará, que é uma construção literária que me agrada bastante.
     As personagens principais são duas irmãs, Anna e Marina, que têm estado separadas, quer fisicamente, quer emocionalmente. As suas vidas levaram-nas para caminhos destintos. Anna nunca saiu da sua ilha de nascimento, onde se encontra presa a um casamento fictício, e a uma filha à qual ela não consegue chegar. Marina é médica dos Médicos Sem Fronteiras e, como tal, viaja pelo mundo, tentando ajudar quem dela mais precisa.
    Uma briga leva Marina a estar muitos anos sem voltar a Maiorca até que, subitamente, as duas irmãs herdem um moinho e uma padeiria de alguém que para elas lhes é completamente estranho. Ambas concordam, por motivos distintos que o melhor será realizar uma venda rápida e lucrativa.
    Mas, para isso, Marina tem de regressar a ‘casa’. Só que, no momento do contrato a jovem médica, resolve protelar a venda, e descobrir quem era aquela mulher tão generosa, e que nada tinha a ver com a sua família.
      E o livro está delineado. O processo narrativo quase que acaba por ser como que um diário, onde vamos acompanhando a vida destas mulheres, da aldeia onde moram, das suas interações pessoais; um namorado também médico e apaixonado pela sua profissão, para marina e um marido infiel e prepotente,para Anna, bem como das ligações fraternais que se criam, ou talvez se reatam, pois nunca se quebraram totalmente.
  A descrição e composição da sua escrita acaba por ser bastante cinematográfica, o que facilita o acompanhamento das peripécias, sem ser, no entanto, óbvia. Para além da história que é encantatória, aquilo que mais me seduziu no livro foi a sua escrita, simples, clara, mas, ao mesmo tempo bastante elaborada, e sedutora.
     Não sendo uma obra prima é uma obra que vale muito a pena ler, sendo que as histórias destas mulheres poderia ser a de qualquer uma de nós, com mais ou menos nuances. Quanto à Cristina Campos é, certamente, uma autora a seguir.

    Sinopse: Anna e Marina não se veem há muitos, muitos anos. Inseparáveis durante a infância nas praias ensolaradas de Maiorca, afastaram se cada vez mais. Anna, a irmã mais velha, loira e delicada, permaneceu na ilha, presa num casamento infeliz; Marina, a maria rapaz da família, fez do mundo a sua casa e vive onde a leva o seu trabalho na Médicos sem Fronteiras. 
    Quando descobrem que herdaram um moinho com uma padaria, as duas irmãs mal podem esperar para se livrar dele e continuar com as suas vidas. Mas, no momento da assinatura do contrato de venda do imóvel, Marina volta atrás. As circunstâncias e motivações por detrás da doação são demasiado misteriosas para serem ignoradas: quem era María Dolores? Que tipo de ligação tinha com elas essa mulher? 
     Graças à padaria e às antigas receitas familiares, Marina, Anna e a sua filha Anita encontrarão força para perdoar os erros do passado e enfrentar o difícil futuro que as aguarda. 



segunda-feira, 18 de junho de 2018

não adormeças de Liz Lawler

     Opinião: Um thriller é por definição um livro de suspense, um livro onde se tenta desvendar o final. Nas boas obras somos enganados, nas más é fácil a partir do meio verificar quem é o culpado, ou como a história se desenvolveu.
Neste caso a dúvida surge dentro do próprio livro. Será que aconteceu, ou não?       Será que Alex foi atacada? Será que alguém a anda a perseguir?
   Mas vamos ao princípio. O livro começa com um ataque a Alex, jovem promissora médica, que não comparece ao encontro com o namorado, alegando que foi agredida, levada para uma sala de operações onde lhe fizeram… Ela não sabe, pois foi posta a dormir. Mas os seus colegas, depois de um exame pormenorizado, acabam por concluir que ela não tem nenhum problema a nível do seu corpo, não tendo indícios de qualquer tipo de agressão, o que leva a supor que ela bateu com a cabeça numa árvore (perto da qual foi encontrada) e tudo o resto é resultado da sua imaginação, tratando-se, pois, de um distúrbio mental.
     E este parecer médico, genericamente aceite por todos, menos pela própria Alex, é a base de todo o livro. Ao leitor resta-lhe ficar neste sim, não, certeza, talvez, definitivamente não, indecisão que não se conseguir definir até ao momento em que o autor decide abrir o jogo, tirando-nos todas as incertezas e apresentando-nos os factos e as suas comprovações.
    Para mim este thriller despertou-me a atenção pois a sua construção acaba por ser um jogo de cabra-cega com o leitor. A história está bastante bem pensada e as sequências dos acontecimentos são plausíveis, ao mesmo tempo que intrigantes. As coisas acontecem e disso toda a gente (personagens e leitor) tem a certeza. A indefinição projeta-se no quem, no culpado, na identidade do agressor, ou se tudo não passa de um distúrbio mental da personagem principal.
Por tudo isto esta é uma obra que recomendo para todos aqueles que gostam de suspense e de uma boa história, contada de uma forma original.
      Resta apenas esperar por outros livros da autora, assim a Asa o permita.

      Sinopse: Alex Taylor acorda sobressaltada. Está imobilizada e presa à mesa de um bloco operatório. Não faz ideia do que lhe aconteceu. Não imagina o que a espera. 
     De repente, apercebe-se de que não está sozinha. Na sala, encontra-se também um homem. Mas não se trata de um médico. É, sim, alguém que não só não a liberta como a obriga a fazer uma escolha inimaginável. 
     Quando Alex recupera os sentidos, tudo não parece passar de um pesadelo medonho. Um pesadelo que está longe de acabar pois não há quaisquer indícios do que aconteceu, e ninguém acredita nela. Mas Alex é incapaz de esquecer. Ostracizada pelos colegas, pela família e pelo namorado, Alex pergunta-se se não estará a ficar doida. 
    …até que aparece uma segunda vítima… 
    Não Adormeças é um thriller tão arrepiante que não o vai conseguir pousar. Tão aterrador que não vai falar noutra coisa.


quinta-feira, 14 de junho de 2018

Book Bingo - Leituras ao sol 2

Esta foi uma maratona que fiz o ano passado e amei. Obrigada à Isaura, à Patrícia e à Sara (acho que é o nome dela) por nos proporem mais um desafio tão interessante
A data é de 21 de junho a 22/ 23 de setembro o que faz com que tenhamos muito tempo para ler os livros que temos cá por casa. 
As categorias são dezasseis e as regras são as básicas do Bingo (linha ou Bingo) e só podemos ler um livro por categoria.
As categorias são: 

Agora aqui vai a minha TBR. Não prometo que sejam exatamente estes os livros que vou ler para a maratona, mas a maioria serão. Até porque assim consigo ler alguns livros do que tenho em casa, nas prateleiras e há espera de serem lidos há algum tempo. 

TBR
1- Um livro que tenha sido lançado no ano em que nasceste - O espelho quebrado de Agatha Christie
2 - Um livro cujo o título tenha as letras que componham a palavra MAR - Um verão inesquecível dee Mary Balough
3 - Um livro de um autor português - Um amante no Porto de Rita Ferro
4 - Um livro de um autor que tenha as tuas iniciais - Os Távoras de Maria João Fialho Gouveia
5 - Um livro escrito por uma mulher - Eu sou Eric Zimmerman de Megan Maxwell
6 - Um livro "silly" - 5ª avenida de Candace Bushnell
7 - Um livro com apenas uma palavra no título – Zack de Mons Kallentoff Markus Lutterman

8 - Um livro que leste quando eras jovem e gostaste muito - Dom Tranquilo, volume 1 de Mikhail Cholokhov

9 - Um livro que se passe no verão - O segredo de Helena de Lucinda Riley
10 - Um livro com um número no título - Os vizinhos da rua 9 de Felicity Everett
11 - Um livro de não ficção - Retratos contados de Alice Vieira de Nelson Mateus
12 - Um livro que compraste pela capa - Sarilhos com duques de Grace Burrowes
13 - Um livro de um prémio literário estrangeiro - A Pátria de Fernando Aramburu
14 - Um livro escrito por uma celebridade - Uma autobiografia de Rita Lee
15 - Um livro que tenha sido publicado há mais de 10 anos - A trança de Inês de Rosa Lobato de Faria

16 - Um livro de um prémio literário português - Ensina-me a voar sobre os telhados de João Tordo

Agora é esperar pelo dia 21 e começar a ler. 



segunda-feira, 11 de junho de 2018

A manhã do mundo de Pedro Guilherme-Moreira

     Opinião: A manhã do Mundo de Pedro Guilherme-Moreira é um livro que tinha há bastante tempo na prateleira. Na verdade, desde 2011 e só agora com o apoio da Isaura (obrigada Isaura) e de uma leitura conjunta resolvi pegar nele. Por vezes temos obras que já nos esquecemos que possuímos e não consciencializamos o valor que têm e o que estamos a perder. Esta é uma dessas obras.
     Tendo como base o 11 de setembro de 2001 e o atentado às Torres Gémeas o livro poderia ser dramático e ter caído nos lugares comuns que, este tipo de acontecimentos acaba sempre por originar. Mas tal não acontece. O autor consegue criar um enredo que nos leva a sentir a claustrofobia de quem se encontra preso nas torres aquando do embate do avião.
     A primeira parte do livro cria uma teia apresentando pessoas que estão ou deveriam estar nas Torres Gémeas no momento do atentado. A descrição é de tal forma realista que o pó, o sufoco, o desespero, ou a ansiedade passam para o leitor. Por outro lado, as pessoas que tiveram a ‘sorte’, o acaso que fez com que a vida (e neste caso não a morte) as levasse para um caminho e para uma situação que apesar de ser favorável tira a respiração, quer às personagens, quer ao leitor.
  A segunda parte do livro acaba por ser um momento de segundas oportunidades. E se conseguíssemos viver este dia sabendo o que iria acontecer? Esta verdade leva-nos a uma outra dimensão que não achei tão bem conseguida por parte de Pedro Guilherme-Moreira. A ideia é interessante, mas senti que me faltou algo mais heroico, mais motivante. As atitudes das personagens que já sabiam que ia haver um atentado pareceram-me um pouco frouxas, sem a garra devida para um acontecimento tão dramático. No entanto este desvio não desvirtualiza, de todo, o livro.
    A escrita do autor é bastante boa. É uma escrita irrepreensível, clara e de tal forma correta que se torna um prazer para quem lê. A sua construção narrativa também está bem construída e é bastante interessante pois as personagens ligam-se sem, no entanto, deixarem de ter personalidades e sentimentos individuais. Sem dúvida um autor de quem gostaria de ler outros livros.
   Quero agradecer à Isaura Ribeiro, do blog e canal Jardim de mil histórias esta leitura conjunta que enriqueceu, e muito, a minha visão do livro.

   Sinopse:  "E se alguém que assistiu a tudo pudesse, de repente, acordar a tempo de evitar a tragédia? No dia 12 de Setembro de 2001, Ayda encontrou-se com Teresa num café de Allentown e, com o jornal aberto sobre a mesa, foi implacável com os que tinham saltado das Torres Gémeas, chamando-lhes cobardes; mas não disse à amiga que, na verdade, o que sentia era outra coisa, uma grande frustração por o marido e o filho a terem abandonado e rumado a Nova Iorque num momento em que ela se recusava a tomar a medicação e lhes tornava a vida um Inferno - e de não ter coragem de fazer o que esses tinham feito. Entre os que saltaram, estavam Thea, Millard, Mark, Alice e Solomon - todos personagens fascinantes, com histórias de vida simultaneamente banais e extraordinárias -, que o acaso reuniu no 106.º piso da Torre Norte do World Trade Center naquela fatídica manhã. Se Ayda, por hipótese, conhecesse essas histórias e o drama que eles enfrentaram, decerto não os teria insultado tão levianamente. Mas poderá o destino dar-lhe uma oportunidade de rever a História? Este é um romance admirável sobre o medo e a coragem, o desespero e a lucidez, a culpa e a expiação; mas é também um livro sobre Einstein e os universos paralelos, sobre o que foi e o que podia não ter sido. No décimo aniversário do 11 de Setembro, a memória não basta, é preciso combater o esquecimento indo para junto dos heróis que viveram o horror e compreender cada um dos seus atos - se necessário, saltar com eles, conhecer aquela que foi a manhã do Mundo. "



." 

quinta-feira, 7 de junho de 2018

A minha vida (im)perfeita de Sophie Kinsella

     Opinião: Sophie Kinsella é uma autora que já não era publicada há um ano, mas que é sempre agradável de ler. Sendo um romance podemos apenas esperar que tudo acabe bem. E este, A minha vida (im)perfeita, não é exceção.
Katie é uma jovem que tem como sonho trabalhar e viver em Londres. Após conseguir estas duas premissas e apesar de a sua vida real não ser tão glamorosa quanto o seu Instagram, ela não deixa de se sentir otimista, considerando que a vida, finalmente, começa a apresentar um percurso que poderá ser considerado como ascendente.
     Até que é despedida. Aí Katie acaba por regressar a casa, à sua aldeia que tanto se esforçou por deixar, e ajuda o pai e a madrasta com um negócio, onde podem rentabilizar a quinta de família, através de algo semelhante a turismo local. Embora não assuma perante a família que se encontra sem emprego acaba por perceber que arranjar uma ocupação remunerada em Londres está difícil.
     Na capital londrina ficam Demeter a sua odiada antiga chefe e Alex, o amado filho do patrão. Mas esta vida está longe e Katie acaba por se empenhar no novo projeto, sentindo que a vida sonhada estava cada vez mais longe. Embora este novo projeto prove que é competente no seu trabalho a verdade é que não consegue voltar para a cidade grande. Vidas perfeitas? As dos outros.
    Mas o inesperado acontece e o passado nos persegue-a. Demeter acaba por surgir na vida calma e pacata da nossa heroína ao querer desfrutar dos prazeres do campo. E depois dela, eis que Alex também vem invadir esta nova etapa da vida de Katie.
    Está montada a história que Sophie Kinsella nos quer dar. Com personagens credíveis, os nossos colegas, os nossos amigos, que se debatem em ter sucesso profissional e pessoal num mundo cada vez mais agitado e impiedoso, este romance, sendo leve e despretensioso, acaba por abordar temáticas bastante pertinentes, e atuais, num mundo em que se valoriza mais o que parece do que aquilo que na realidade é. No fim, refletimos sobre muitas das nossas ‘certezas’ e da vida ‘glamorosa’ de alguns, que mais não passa do que criações da nossa mente a partir de estereótipos que nos são apresentados todos os dias.
    Narrado na primeira pessoa A minha vida (im)perfeita é uma ótima sugestão da Quinta Essência para este verão que tarda em chegar.

   Sinopse: Katie Brenner vive uma vida de sonho: mora em Londres, tem um emprego fascinante, e o seu feed do Instagram está repleto de imagens super cool. Só que… não passa mesmo de um sonho. A verdade é que o seu apartamento é um cubículo, trabalha como administrativa, e a vida que partilha alegremente nas redes sociais… não é a dela. 
  Mas uma rapariga pode ser otimista em relação ao futuro, não? 
  Não. Pois Katie acabou de ser despedida. E quando dá por ela, está a regressar a casa dos pais, no campo, de rabinho entre as pernas. Quando Demeter, a sua antiga chefe, resolve passar férias junto deles e experimentar o glamour da vida rural, Katie vê nisso uma belíssima oportunidade. Deveria vingar-se? Tentar recuperar o emprego? Ou – talvez – a vida de Demeter não seja tão idílica quanto aparenta, e ambas tenham bem mais em comum do que imaginam… Afinal… que mal tem não ser perfeita? 
Uma divertidíssima e inspiradora reflexão sobre aquilo que aparentamos ser e aquilo que verdadeiramente somos, pela mão de uma das autoras mais queridas dos leitores portugueses…


terça-feira, 5 de junho de 2018

Visão Mortal de J.D.Robb

    Opinião: Os livros de Nora Roberts como J. D. Robb são sempre responsáveis por bons momentos de leitura. O regresso a Eve e a Roarke é sempre um regresso a um policial de corpo inteiro e a revisitação de um casal diferente.
      Neste caso a tenente Dallas tem de conseguir encontrar um assassino de mulheres, em que as únicas pistas são uma fita vermelha no pescoço e as mãos no peito em sinal de oração. Para além disso, as vítimas estão sem olhos que foram, de forma cirúrgica, retirados.
       A juntar a isto temos a ajuda de uma psíquica que consegue ter visões e aí entrar na mente do assassino e ver as atrocidades que ele faz às suas mártires. O plano vai sendo realizado de uma forma calma, mas sistemática até ao momento em que a agente Peabody, colega e amiga de Dallas, sofre um ataque brutal, por parte do assassino, que a coloca no hospital.
     Como seria espectável Eve irá conseguir resolver mais este crime, mas, no entanto, não deixa de ser uma história retorcida onde as capacidades de relacionar os factos provam mais uma vez a inteligência de Eve. Claro que a sua equipa de apoio se mantêm, nomeadamente Roarke o seu amor maior, aquele que conseguiu provar-lhe que também ela é merecedora de ser amada.
     O livro termina de uma forma surpreendente e, na minha opinião, J. D. Robb consegue dar uma reviravolta que sendo evidente, depois de ler, não foi totalmente clara até ao momento em que é revelada ao leitor.
    Este livro apresenta ainda algumas novidades que não eram espectáveis. Eve acaba por contar o seu passado a Peabody, o que prova que a jovem tenente começa a confiar naqueles que a rodeiam, o que poderá levar-nos a ter uma tenente menos introspetiva nos próximos livros.
    Outra diferença é a parte erótica que estes policiais costumavam ter e que aqui é bastante atenuada, sendo que a relação entre o casal, Eve e Roarke muito mais de camaradagem e de interligação através do caso do que as cenas mais íntimas que costumavam existir em maior número. Não me pareceu, tendo em conta a estrutura narrativa que as mesmas fizessem falta ou o livro perdesse por causa desta alteração.
    Assim recomendo este livro para quem gosta de policiais e para os fans de Nora Roberts.

  Sinopse: A detetive Eve Dallas procura nos cantos mais sombrios de Manhattan por um astuto assassino com uma paixão invulgar. Numa das noites mais quentes do ano, a tenente Eve Dallas é enviada para uma investigação arrepiante em Central Park. Uma vítima foi encontrada junto da superfície negra do lago. À volta do pescoço tem uma fita vermelha e as mãos estão colocadas como se estivesse a rezar. Mas são os seus olhos - removidos com uma precisão cirúrgica - que provocam um calafrio a Eve.
    À medida que aparecem mais corpos, todos com as mesmas cicatrizes distintivas, a jovem fica impaciente por respostas. Contra os seus instintos, recorre a um psíquico que oferece várias visões, todas elas com detalhes precisos e chocantes dos homicídios.
     E quando a sua amiga Peabody é gravemente ferida depois de escapar a um ataque, as apostas são elevadas. Serão os olhos um símbolo? Um retorcido ritual religioso? Uma recordação? Com a ajuda de Roarke, Eve tem de descobrir a motivação do assassino antes que outra visão se torne noutro pesadelo…