sábado, 30 de dezembro de 2017

Duas mulheres, dois destinos de Lesley Pearse

     Opinião:  Lesley Pearse é uma das minhas autoras preferidas. E como tal não podia acabar o ano sem ler a sua mais recente publicação em Portugal. Duas Mulheres, Dois Destinos. De referir que contrariamente ao livro anterior que a Asa publicou este é de 2016, ou seja é uma obra recente desta autora
    Confesso que não foi daqueles livros que li de rajada, até, mais ou menos, um terço. Depois disso só parei no fim. No primeiro terço achei que a autora nos estava a dar demasiadas informações sobre as jovens personagens, conhecimentos esses, que não via qual a pertinência. Erro meu, pois esses esclarecimentos são essenciais para entender os acontecimentos que se seguem.
     O livro não é um dos habituais da autora. Lesley costuma contar a história da vida das suas personagens até mais tarde, mas, a verdade, é que neste livro ficamos pelos vinte anos de ambas as moças, não perdendo, no entanto, a ideia de história de vida.
    Ruby filha de uma prostituta, habitante de um dos piores bairros de Londres, acaba por conhecer Verity menina da classe média, que estuda num colégio particular e tem todas as condições de vida num bairro privilegiado.
    O encontro das duas faz com que se tornem amigas, apesar das diferenças sociais, amizade essa que se vai perlongando no tempo. No entanto a vida acaba por as separar fisicamente, embora as cartas que trocam lhes permita manter a proximidade sentida desde o primeiro encontro.
   Ruby é retirada à mãe, encontrando assim alguma proteção e carinho, e Verity e a família são despojadas dos seus bens por ordem judicial, indo viver numa casa onde o amor é quase uma palavra proibida.
    A vida das raparigas acaba por leva-las, pois, por caminhos diferentes, mas ambos bastante difíceis, a ponto de a separação ser ‘definitiva’. Ou talvez não.
    O romance começa em 1935 e perlonga-se pelos anos seguintes o que nos permite conhecer uma capital londrina devassada pela guerra e pelos bombardeamentos a que o país estava sujeito. Esse combate acentua o afastamento das jovens, pois os meios de transporte eram escassos e complicados, e acentua, também, as necessidades que ambas passam ao viver numa época tão conturbada.
     Como sempre Lesley Pearse constrói um romance de época em que o leitor, para além da história das personagens principais também acompanha a história do mundo e os acontecimentos que podem condicionar a vida de cada um.
Mais uma boa aposta desta autora inglesa, ficando a aguardar as novas publicações dos livros ainda não traduzidos.


    Sinopse: Na primavera de 1935, em Londres, duas jovens observam enquanto a polícia retira o cadáver de um homem de um lago. Elas vêm de mundos completamente diferentes. Ruby é filha de uma prostituta alcoólica e só conhece a pobreza e o abandono. Verity, de boas famílias, vive com todo o conforto que o privilégio garante. Mas, nesse dia, começa entre ambas uma amizade que perdurará ao longo do tempo.
     O destino, porém, não tardará a mostrar quão traiçoeiro pode ser: ao passo que Ruby encontra, por fim, um lar onde é amada e acarinhada, Verity sofre revés atrás de revés, e um terrível segredo do passado ameaça destruí-la. A Grã-Bretanha prepara-se para a guerra, a conjuntura é turbulenta. Apesar disso, ambas continuam presentes na vida uma da outra... até ao dia em que uma delas profere as palavras: “Morreste para mim”.
     Num país dilacerado pela guerra, poderá a amizade sobreviver?
     Duas Mulheres, Dois Destinos é um romance épico que nos fala de lealdade, amor, e da força dos laços de amizade perante as mais duras adversidades. Como sempre, Lesley Pearse não desilude...
 



quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Lei e Corrupção de Mike Papantonio

      Opinião: Lei e corrupção é o primeiro livro que Mike Papantonio escreveu. E um dia chegou para ler esta obra e esperar que o autor escreva mais.
    Este livro conta a história de Deke um advogado que quer dar voz a quem não a tem. Coisa rara, num mundo em que os advogados pretendem fazer dinheiro e, como tal, nunca põem em causa os interesses instalados, quer estes sejam económicos, quer estes sejam políticos.
   Por estar do outro lado Deke vai ser colocado numa situação em que a sua vida é posta em causa. Não só a sua reputação profissional, mas também a sua reputação pessoal e mesmo a segurança da sua família. E livro é, pois, e como está referido na contracapa, uma luta entre David e Golias.
    De referir que o autor é ele mesmo um advogado americano o que faz com que esteja por dentro de um sistema, que, para quem é europeu e leigo, parece muito obscuro.
   Mas o mais interessante é que a forma de escrever faz com que não consigamos deixar de ler, pois esta cruzada parece, em muitos capítulos, uma cruzada vencida. O autor consegue retratar os meandros do poder politico, económico e mesmo jurídico de uma forma muito pouco abonatória para qualquer um deles.
   No entanto, ao leitor, torna-se impossível parar. Apesar de não nos dar informações privilegiadas, apenas vamos acompanhando a narrativa conforme o narrador nos conta, acaba por criar um conjunto de acontecimentos que nos leva a querer saber o que vem a seguir.
   O único senão deste livro é a circunstância de o sistema americano nada ter a ver com o nosso. Os interesses que levam a um não funcionamento da justiça, não têm correspondência no nosso país.
   No entanto, e como obra de ficção, Lei e corrupção trata de uma luta de todos os tempos, onde se vê que a justiça nem sempre cumpre o seu papel de isenção e se deixa levar por outros interesses.
   Mas no final, o rigor, a verdade e a magistratura acabam por imperar e por vencer. Este facto é tanto mais agradável se pensarmos que, segundo a capa, o livro se baseia em factos reais. Ou seja, a esperança no sistema jurídico americano pode ser uma realidade se existirem mais firmas como aquela em que Nick Deketomis, Deke para os amigos, trabalha.
   Quanto a Mike Papantonio apenas podemos esperar que continue a escrever livros desta qualidade. Um boa aposta da Clube do Autor.

     Sinopse: Escrita por um dos mais reputados advogados dos Estados Unidos, é uma história reveladora sobre os meandros do sistema judicial e as manobras, lícitas e menos lícitas, que podem definir o desfecho de um julgamento.
     O impetuoso advogado Nicholas Deketomis construiu uma carreira de sucesso a proteger os direitos dos inocentes, enfrentando grandes empresas. Deke tem agora em mãos um caso polémico e milionário, defendendo uma jovem de 19 anos que sofreu um acidente vascular cerebral após tomar uma pílula contracetiva da Bekmeyer, uma grande farmacêutica. Numa audiência prévia, o advogado pretende que seja aceite como prova um exame de toxicologia. Pouco depois de o juiz anunciar que não aceita a conclusão do relatório, a jovem desfalece e morre, vítima de um grande coágulo de sangue.
    Ao procurar justiça para Annica, Deke vê-se de repente do outro lado da lei e descobre que tem mais inimigos do que imaginava, dispostos a tudo para proteger os seus segredos e interesses. Decididos a afastar o advogado incómodo, um pregador fundamentalista, o procurador distrital e os donos de uma das maiores petrolíferas juntam-se numa conspiração infame. Falsamente acusado de homicídio, Deke enfrenta o julgamento da sua vida. Mas este homem que não tem medo de dizer o que pensa não vai desistir sem dar luta.






quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Jogos Cruéis de Angela Marsons

 
     Opinião: Jogos Cruéis é o segundo livro publicado em Portugal da Angela Marsons. Neste volume continuamos a acompanhar a inspetora detetive Kim Stone, na resolução dos seus crimes.
    Enquanto esta jovem tenta desvendar mais um caso policial, que se vai interlaçar num outro, também seu passado se vai desvendando com maior pormenor ao longo da história.
    Neste livro Kim tem de enfrentar um caso de violação que se interliga com um outro de abuso de menores, tema bastante delicado para esta policia. No entanto ela, como sempre tenta manter a distância, a frieza e o seu profissionalismo acima de tudo. Só que desta vez o seu verdadeiro adversário é alguém, que para além de ser bastante inteligente, bastante respeitado pela sociedade, acaba por se revelar como um verdadeiro sociopata.
    O perigoso é que esta personagem sabe tanto ou mais sobre o passado de Kim do que o leitor e acaba por jogar com esse conhecimento contra a detetive, de tal forma que, há alturas, em que tememos pela saúde mental da jovem.
   Sendo um jogo psicológico a história tem um desenvolvimento bastante interessante e o leitor é levado para dentro dos pensamentos das personagens principais o que lhe proporciona um conhecimento amplo e bastante profundo.    Assim, estamos sempre um passo à frente de qualquer uma das personagens, pois conhecemos as suas certezas, as suas vontades e quais são as suas próximas ações.
    Na verdade, trata-se de um livro onde a análise psicológica é muito profunda, densa e em determinadas passagens muito intensa. Acabamos por aprender um pouco mais sobre doenças mentais e a complexidade de análises que a nossa cabeça constrói, para justificar algumas ações. Não tendo conhecimentos de psicologia para saber se são verdade as justificações apresentadas, para um leigo, todas elas são bastante plausíveis e acredito que Angela Marsons fez a investigação necessária para que o livro se apresente assim, coerente e objetivo, no que a este aspeto diz respeito
   Quanto à personagem principal acaba por sair mais forte, mais humana e justifica algumas das atitudes apresentadas no primeiro livro e no início deste. Adoro esta forma de construir personagens, pois em cada livro sabemos mais um pouco da história o que faz com que não hajam repetições ao mesmo tempo que se mantem a nossa vontade de ler intacta.

   Agora venha o terceiro!



   Sinopse:A inspetora detetive Kim Stone está de volta. Em causa está a morte macabra de um violador. À primeira vista, não é um caso complicado, pois tudo aponta para a vítima da violação. Mas, para a incansável detetive, há algo que não bate certo... 
   A sua intuição rapidamente prova estar certa.  Por detrás de todas elas, um só motivo: vingança. Kim tem pela frente um adversário admirável. Alguém que está a realizar fantasias letais. Um sociopata que parece conhecer intimamente as fraquezas da detetive. E que não planeia parar.
   Kim percebe que se deixou enredar num perigoso jogo do rato e do gato... e que terá de descer ao inferno para solucionar este caso. E desta vez… é pessoal. 
   Angela Marsons, a estrela em ascensão do policial britânico, regressa com um romance que o vai fazer desconfiar de tudo e de todos…


sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Dezanove minutos de Jodi Picoult

     Opinião: Mais uma vez Jodi Picoult. Continuando a participação no projeto Um ano com a Jodi li neste mês de dezembro Dezanove Minutos.  E que livro!
    Estes Dezanove minutos foram o tempo necessário para Peter Houghton, aluno do liceu de Sterling, levar a cabo um ataque armado contra os seus colegas e seus abusadores. Desde o jardim de infância até à semana anterior Peter tinha sido vitima de bulling, físico e verbal, de uma forma constante. Até a sua amiga de infância Josie Cormier conseguiu passar para o grupo dos populares, namorando um dos elementos da equipa de futebol.
     Este resumo levará qualquer leitor que não conheça a Jodi a pensar que o livro é dramático, mas linear.
     Dramático, com certeza. E para quem é mãe ainda mais. Pensar que alguém pode, de um momento para o outro, sem aviso prévio, pôr em causa a vida dos nossos filhos, é o maior pesadelo de um progenitor. E neste livro a autora conta a frustração dos pais em geral e de uma mãe em particular. E isso leva-nos a ter os nossos sentidos e sentimentos sempre alerta. Por outro lado, temos a vivência dos pais de Peter, que não sabem como reagir perante a atitude que o filho tomou. Na verdade, estas pessoas são sempre filhas de alguém, que por motivos vários, não se apercebeu, ou não se quis aperceber do caminho que estes jovens estão a traçar.
    Linear, só se fosse de outro autor. Jodi Picoult não nos deixa nunca ficar na nossa zona de conforto. As suas personagens somos nós, gente normal, que acaba por ter de viver com os seus defeitos, as suas incoerências e as suas frustrações. Na verdade, a história vai mostrando as culpas, mais ou menos assumidas dos jovens, e as descobertas dos falhanços dos adultos. Mas como fazer melhor? Como saber qual o momento certo para avançar e qual o momento para dar privacidade? Como fazer para ser uma boa mãe, ou pai, e, ao mesmo tempo ser um bom profissional? Tudo isto é questionado no livro de uma forma séria e emotiva, sem ser melodramática, no pior sentido.
     Pensei que ao não colocar em discurso direto, por capítulos, as personagens, como é seu hábito, o livro se tornaria menos interessante. Equivoco meu. A autora continua a mostrar-nos os diversos pontos de vista e a dar-nos elementos que nos fazem refletir, mesmo depois de acabada a leitura. Para além disso a obra varia entre o presente e o passado, o que nos faz descobrir todos os factos sobre um acontecimento, ao mesmo tempo que as personagens efabulam sobre ele. 

     Sinopse: Mais uma vez, Picoult aborda um assunto delicado na sociedade contemporânea, um tiroteio no liceu, levantando perguntas como: o seu filho pode tornar-se num mistério para si? O que significa ser diferente na nossa sociedade? É justificável para uma vítima ripostar? E quem – se é que alguém – tem o direito de julgar outra pessoa? Em Sterling, New Hampshire, Peter Houghton, um estudante de liceu com dezassete anos, suportou anos de abuso verbal e físico por parte dos colegas. O seu amigo, Josie Cormier, sucumbiu à pressão dos colegas e agora dá-se com os grupos mais populares que muitas vezes instigam o assédio. Um incidente de perseguição é a gota de água para Peter, que o leva a cometer um acto de violência que mudará para sempre a vida dos residentes de Sterling.



segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Gostas de mim, porquê?

     Opinião: Este livro tem uma história por detrás. Estando à procura de um livro com menos de 100 páginas apareceu-me o Gostas de mim porquê?. O interessante é que eu tinha conhecido recentemente a autora. E nem hesitei na escolha. Tinha de ler o livro da Sónia.
     Quando fui falar com ela sobre a leitura que ia fazer ela disse-me uma frase que não esqueci: Lê e depois diz-me o que achaste. Não me interessa se gostaste da história ou não, quero é saber se está bem escrito. E foi assim que descobri uma autora. Só quem é escritor se preocupa com a qualidade da escrita.
    Mas a verdade é que a história também ela é bastante interessante. O livro pode dividir-se em duas partes. Na primeira a autora conta a possível história de amor entre Sara e Alice. Sendo escrito na primeira pessoa, mostra-nos os pensamentos, as inseguranças e as verdades dos sentimentos que Sara nutre por Alice. No fundo esta pequena obra, em tamanho, mas grande em qualidade, reflete sobre o Amor, com maiúscula, e a necessidade que este tem de se sentir, de ser generoso, ao ponto de não esperar nada em troca. Nos tempos que correm este tipo de amor é cada vez mais raro, e mais bonito.
   Na segunda parte temos as histórias que Sara escreve para Alice. E aqui complica-se o que era aparentemente fácil. Sara expressa o seu amor através da escrita e das metáforas que estas histórias encerram. Textos curtos, onde mais uma vez o Amor surge como uma inevitabilidade e com um despojar que é raro ver. Ama-se e espera-se, a cima de tudo, que o outro seja feliz, mesmo que isso nos torne uma sombra, ou tenhamos mesmo de abdicar da sua presença.
     Para além disso está bastante bem escrito. A autora consegue que a escrita e a descrição de atos banais do nosso dia a dia ganhem um significado maior através dos olhos da paixão. E as palavras escolhidas, as metáforas, e mesmo as suspensões dos pensamentos, levam-nos a pensar e a refletir sobre o que não está escrito, mas se lê nas entrelinhas.
    Gostas do livro porquê? Porque me leva ao sentido real do amor, seja entre quem for. Porque me leva aos mitos de todos os tempos, mas que tendemos a esquecer. Porque num tempo de crítica fácil e muitas vezes despropositada, pouco pensada, nesta obra somos obrigados a pensar, a refletir, a sentir, para depois podermos perceber que a qualidade de um livro não está no número de páginas.

     Recomendo vivamente. 


Sinopse: Gostas de mim porquê?
É a história do amor de Sara por Alice que se eterniza no tempo e no espaço, ocupando o Universo e ganhando a cumplicidade dos que o habitam…
Conta a lenda que, sempre que a visitaram, os deuses encontraram a palavra Amo-Te gravada no seu coração…



quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Cartas do Pai Natal de J. R. R. Tolkien

     Opinião: Por causa da Maratona Christmas in the books, onde se pedia para ler um livro epistolar, e seguindo a sugestão de uma das responsáveis pela referida Maratona, resolvi ler Cartas do Pai Natal de J. R. R. Tolkien. Este devia ser um dos poucos livros deste autor que eu não li nos meus anos de juventude.
A primeira coisa que me despertou a atenção foi a enorme beleza estética do livro. Trata-se de um livro lindíssimo onde as ilustrações, do próprio autor são uma mais valia para a leitura. Depois temos a reprodução das cartas em si mesmas, onde está presente o universo que conhecemos do Senhor dos Anéis, e de outras obras, mas com a vantagem de serem assinadas pelo Pai Natal e enviadas a crianças.
     As Cartas do Pai Natal são epistolas que Tolkien enviou para os filhos, em cada dezembro, sendo que o destinatário principal vai-se alterando conforme a idade do primeiro vai avançando. Nestas vamos sabendo do trabalho que o velho das barbas brancas tem por esta altura do ano e como se vive atarefadamente no Pólo Norte. São-nos apresentados os amigos que aí habitam e por vezes ajudam São Nicolau com os seus trabalhos. A saber: Bonecos de Neve, Elfos, Ursos das Cavernas, Homem da Lua, sem faltar os duendes e as suas lutas, que, como sabemos, não são as personagens mais simpáticas do universo. A juntar a esta ‘tribo’ o autor das cartas cede, esporadicamente, o seu papel de autor ao Urso Polar ajudante principal, ou talvez não, e responsável pelo bom funcionamento da fábrica, ou talvez não ,e ao Elfo Ilbereth, que tem uma letra fantástica.
    Este livro é, pois, um regresso à infância e à magia do Natal na sua plenitude. Pelo meio, ficam as lições, mais subentendidas que expressas, onde se defende que nem tudo o que as crianças pedem pode ser dado, nem mesmo pelo Pai Natal.
      De referir, a jeito de conclusão que o autor teve quatro filhos (John, Michael, Chris e Priscilla), vivia em Londres e as cartas foram escritas entre 1920 e 1943 ou seja entre as duas guerras. Se este espetro histórico estiver presente durante a leitura podemos considerar este livro ainda mais fantástico, visto que, pelo menos enquanto liam as cartas, estas crianças podiam abstrair-se da cruel realidade e viver a magia do mundo encantado construído pelo pai. Desculpem, pelo Pai Natal.
    Não sendo um livro brilhante é um livro ternurento onde os fans do autor poderão (re)descobrir as referências fantásticas do mundo de Tolkien e, ao mesmo tempo, a magia desta época.

     Sinopse: Em cada Dezembro, os filhos de J. R. R. Tolkien recebiam um envelope com um selo do Pólo Norte. Lá dentro, estava uma carta numa estranha letra aracnóide e um desenho belamente colorido.
As cartas eram do Pai Natal.
     Elas contavam maravilhosas histórias da vida no Pólo Norte: desde a forma como o Pai Natal preparava os brinquedos às travessuras com que o seu Urso Polar o atrasava, desde os amigos que frequentavam a sua casa (Bonecos de Neve, Elfos, Ursos das Cavernas e um Homem da Lua) até às batalhas com os maléficos duendes que ameaçavam a saída do mais famoso trenó.
     Por vezes também o Urso Polar rabiscava alguma nota, ou então era o Elfo Ilbereth que escrevia na sua elegante letra floreada, acrescentando ainda mais vida e humor às histórias.
     Este volume reúne as cartas e os desenhos com que a imaginação de Tolkien fecundou a dos filhos. Nenhum leitor, criança ou adulto, deixará de ficar encantado com a inventividade e a «autenticidade» destas Cartas do Pai Natal.
     J. R. R. Tolkien nasceu em 3 de Janeiro de 1892. Para além de uma longa e distinguida carreira académica, tornou-se mais conhecido pelas suas extraordinárias obras de ficção: O Hobbit, O Senhor dos Anéis e Silmarillion, para além de outras histórias e ensaios. Os seus livros estão traduzidos em mais de 40 línguas e venderam vários milhões de exemplares por todo o mundo. Tolkien morreu em 1973 com 81 anos.







Até logo!


segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Chá e corações partidos de Trisha Ashley

     Opinião: Trisha Ashley não sendo uma das minhas autoras de eleição acaba por ser uma daquelas autoras que mais cedo ou mais tarde acabo por ler os seus livros. Costumam ser histórias mais ou menos leves, próprias para esta época. (as capas em si mesmas e os títulos indiciam esta época natalícia).
Mas a verdade é que este Chá e corações partidos me prendeu a atenção desde o início. Não se trata, de todo, de uma história de encantar, embora tenha um final feliz. É um livro de descoberta de si mesmo e das suas raízes, depois de ter feito um percurso que levou a personagem principal, Alice Rose, até ao seu destino.
     Alice foi abandonada logo após o seu nascimento e adotada por um casal onde sobressai a figura paterna, em detrimento da figura materna que nunca demostra um sentimento de amor, ou mesmo de empatia. A morte súbita do pai leva-a a abandonar o seu lar e a tentar refazer a sua vida noutros locais. Mas a verdade é que mais uma vez o sentimento de perca assola a vida da jovem e, nesse momento, ela resolve ir à procura das suas raízes e da sua mãe.
     Assim vai para Haworth onde consegue realizar o sonho de abrir um salão de chá, ao mesmo tempo que consegue editora para publicar as suas histórias, histórias de encantar de terror. E aí tudo começa de verdade.
    O livro é bastante interessante pois está escrito a duas vozes. Ou seja, os capítulos que nos dão a história atual de Alice estão escritos na primeira pessoa, e entre esses mesmos capítulos temos pequenos apontamentos sobre a vida de quem abandonou Alice, desde o momento do seu nascimento. Temos, pois, a compreensão do que se passou e a análise da atualidade pelas duas personagens envolvidas.
    O final, não deixando de ser previsível, acaba por ser surpreendente para o leitor. Eu gosto muito de livros cuja construção nos leva a criar certezas que depois se desmoronam numa ou duas páginas, e nos levam a pensar que a solução do autor era evidente e não poderia ser de outra forma, que estava mesmo à vista, o problema é que olhámos para o lado e aí nos centrámos.
    Por tudo isto, e ainda o que o livro contém, a nível dos sentimentos e da reflexão sobre os mesmos no que respeita às diversas personagens (de notar que existem aspetos colaterais às personagens principais bastante interessantes) posso afirmar que considero este, o melhor livro da Trisha Ashley. 

    Sinopse: Alice Rose foi abandonada na agreste charneca do Yorkshire quando era ainda bebé. Os anos que se seguiram não foram muito melhores, pois, apesar de ter sido adotada por um padrasto carinhoso, a madrasta sempre nutriu por ela um sentimento de raiva. Já em adulta, a tragédia volta a assolar a sua vida...

    Sozinha no mundo, Alice decide regressar a Haworth, a terra da sua infância.      Ocupa um pequeno estabelecimento, acalentando o sonho de finalmente assentar e abrir um salão de chá. Mas a vida parece ser sempre uma provação, e o arranque é tudo menos tranquilo... Felizmente tem a escrita (para a confortar) e um vizinho grego, o belo Niles (para a distrair). Mas com tanto a seu desfavor, conseguirá algum dia ser verdadeiramente feliz?
    Trisha Ashley brinda-nos com uma obra repleta de ternura sobre a conquista dos nossos sonhos, a importância de criar raízes, e, claro, o poder transformador do amor.


sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Passa a noite comigo de Megan Maxwell

     Opinião:Megan Maxwell aparece com outro livro que é uma sequela da série Pede-me o que quiseres, embora na minha modesta opinião se possa ler em separado. Na verdade Denis é amigo de Eric, Judith, Mel… personagens da referida série, e que aparecem neste livro, embora esta narrativa nada tenha a ver com as anteriores. A referência a personagens já conhecidas e a factos anteriores estão de tal forma bem explicados que a leitura dos livros não é obrigatória, (embora seja um prazer).
    Passa a noite comigo conta a história de Lola e Denis, uma bonita espanhola professora de dança e um ‘apetitoso’ brasileiro professor de matemática (embora de noite dê aulas de forró numa academia). Após se terem conhecido de forma inusitada, acabam a trabalhar no mesmo colégio, propriedade do pai de Lola, um diretor conservador, cheio de juízos de valor, para todos, menos para si mesmo.
  A vida destas personagens cruza-se e, logicamente vão acabar por se apaixonar. Mas Lola tem uma existência complicada, cheia de segredos, que sendo revelados poderá causar um abalo em toda a família. Assim o ‘caso’ secreto entre os dois, complica-se com a mistura de sentimentos e ambos terão de lidar com a novidade da paixão, dos ciúmes, e com a capacidade de compreensão para resolver os problemas que vão surgindo.
   Maxwell consegue mais uma vez, juntar a sensualidade das suas descrições, mesmo em ambientes menos ortodoxos, com uma história de amor que sendo complicada é suficientemente coerente para prender a atenção do leitor. De referir, principalmente para quem não conhece a autora, (será que ainda há alguém?) que as descrições eróticas são muito bem-feitas, sem criar nunca constrangimentos a quem lê, mesmo nos momentos em que o comportamento das personagens poderia ser considerado menos comum, ou mais desviante. Neste livro em particular existe aí uma componente amorosa, de vontade expressa e descoberta comum que tornas as descrições bastante interessantes.
Outro aspeto que adoro nas obras desta autora é a sua permanente referência a músicas e numa narrativa com dois professores de danças tal não podia passar ao lado. Através destes livros tenho descoberto a música de língua espanhola e os seus cantores. Confesso que leio os livros dela com as músicas referidas como banda sonora o que valoriza, e muito, suas obras.

   Assim sendo posso afirmar que este é mais um livro a ler, sendo que já estou a aguardar o próximo com ligação a esta série e o terceiro de As guerreiras Maxwell. 

     Sinopse: Um romance atrevido e contemporâneo! Uma história de amor que faz sonhar, com ritmo, paixão e sentimentos à flor da pele. Este livro é uma sequela da série Pede-me O Que Quiseres. Recheado de amor, luxúria e sexo, tem uma história de amor bastante forte com a componente erótica própria deste género. Fará as delícias das fãs da autora e das leitoras mais românticas.



segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Limões na Madrugada de Carla M. Soares

     Opinião: Confesso, envergonhada e triste, que este é o primeiro livro que leio da Carla M. Soares. Envergonhada porque tenho todos os livros dela, que aguardam na estante a sua vez. Triste porque só agora percebo o que tenho estado a perder.
    Esta história de Adriana e da sua família está muito bem escrita e muito bem contada. Adriana foi bastante jovem para a Argentina e acaba por regressar a Portugal devido a uma herança deixada por uma tia paterna de quem ela tem escassas memórias.
   É, pois através deste acontecimento que a personagem principal do livro e o leitor vão descobrir o que aconteceu no Porto, e que levou à ‘fuga’ do pai de Adriana para o continente americano, terra natal do lado materno da sua família. Por outro lado, e com tempos diferentes que se cruzam vamos, também, tendo conhecimento da vida desta jovem na Argentina e de como se deu todo o seu crescimento até ao regresso a Portugal.
   Tratando-se de uma mini saga familiar, a história retrocede apenas duas gerações, o livro acaba por nos dar uma história que não sendo comum poderá acontecer com qualquer um de nós. Mas a parte mais atraente deste livro, na minha opinião, é a forma como Carla M. Soares trata e caracteriza as suas personagens. Na verdade, neste livro não há heróis. Há pessoas, gente com qualidades e defeitos, em alguns mais defeitos que qualidades, mas gente que vive a vida como a sente, como o destino lhe permite, pedindo desculpa ao errar e avançando sem temer esses mesmos erros.
   Adriana tem ela mesmo, ao longo do livro, uma construção enquanto mulher que a vai fazer crescer e reconhecer as prioridades da sua vida. Não acho, como diz na capa, que ela não devesse vir para conhecer o seu segredo. Considero que ela se tornou mais forte, mais mulher, mais ela, depois de ter descoberto as suas raízes, por muito nefastas que sejam. Como diz o poeta só sabendo é que poderemos trilhar o nosso caminho e saber para onde devemos ir. Adriana quando acaba esta façanha sabe perfeitamente o que quer fazer da sua vida, tendo consciência do que depende e não depende dela mesma.
   Com uma capa lindíssima, diz a publicidade que este livro é “Emocionante como Allende. Misteriosa como Ferrante. Portuguesa como Agustina”, e diz bem. Achei o ambiente onde se passa a ação semelhante ao de alguns livros de Agustina, sem ser imitativo. Tal como com Isabel Allende aqui as personagens principais são mulheres, reais, sem heroísmos pouco plausíveis, mas as lutadoras, defensoras dos seus ideais e da sua vida. No entanto, agradou-me e prendeu-me mais que Ferrante.
    Como tal Limões na madrugada é um livro que recomendo vivamente e certamente me fará tirar as outras obras da autora da estante. Talvez assim a vergonha passe. 

Sinopse: Ansiosa por regressar à Argentina, mas presa a Portugal, distante do homem que ama e da mulher com quem vive, Adriana está perante um dilema universal e intemporal: manter-se comodamente na ignorância ou desvendar o passado da família, como se de um caso policial se tratasse, enfrentando assim aquilo de que andou a fugir toda a vida, por mais doloroso que seja.



Num jogo magistralmente imaginado pela autora, entre a vida atual de Adriana e os ecos do Portugal antigo, machista e violento dos seus pais e avós, esta história, de uma família e dois continentes, é uma viagem entre o presente e o passado, uma ponte sobre o fosso cultural que separa as gerações, um tratado sobre tudo aquilo que a família pode fazer à vida de um só indivíduo.



Entre a sombra e a luz, deixando que por vezes os silêncios falem mais alto do que as palavras, Limões na Madrugada é um romance sobre o amor incomum, o poder da família e a necessidade da coragem.


UMA HISTÓRIA TÃO SUBTIL QUANTO IMPLACÁVEL. 


quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Melodia Inesperada de Jodi Picoult

     Opinião:Continuando o projeto Um ano com a Jodi este mês li Uma Melodia Inesperada. O livro é de 2011, quer o original, quer a tradução portuguesa, mas continua, infelizmente, bastante atual.
   Zoe está há 10 anos a tentar engravidar e quando parece que tudo está a correr bem, sofre um aborto espontâneo, de onde nasce um nado-morto. Depois, e por saturação, acaba por se divorciar do seu marido Max.
   Max acaba a viver em casa do irmão e aproxima-se da Igreja da Glória Eterna enquanto Zoe acaba por se aproximar de Vanessa, com quem inicia uma relação homossexual. Tudo estaria enquadrado, caso não fosse a existência de três embriões congelados que ambas as partes requerem para si. Zoe e Vanessa querem ter filhos, Max quer doá-los ao irmão e à cunhada, que também têm problemas de fertilização. No meio, uma igreja que não aceita a homossexualidade e que, simultaneamente, se quer promover.
   Com este pano de fundo Jodi Picoult constrói a história a partir de três vozes, Zoe, Vanessa e Max, sem se deter nas argumentações dos vários pontos de vista das personagens.
 Como sempre a autora põe-nos a pensar, percebendo nós que os acontecimentos e as consequências destes na vida das pessoas nunca é monocromática. Na verdade, e independentemente do que achamos, os seus livros e as suas histórias mostram-nos os diferentes lados do problema, quer ele seja religioso, social ou mesmo jurídico.
  Não querendo contar pormenores, de forma a não comprometer uma futura leitura, posso afirmar que nem as religiões, nem o sistema jurídico americano ficam muito bem vistos neste livro. O problema é que podemos facilmente extrapolar estas considerações para a Europa ou mesmo para o nosso país. Os desígnios de alguns representantes das diferentes religiões e as leis, muitas vezes esquecem as pessoas e os seus sentimentos, para se basearem no que está escrito, ou na manipulação que podem fazer com esses mesmos escritos.
   Sendo um livro que se lê muito bem, mais uma vez fiquei agradada pelo facto de cada voz ter um tipo de letra diferente. Este simples facto permite-nos identificar a personagem que fala mesmo que, por qualquer motivo tenhamos de interromper a leitura, sem ter que ir ver quem fala, no início do capitulo.
   Este é, pois, um livro sobre diferentes assuntos perfeitamente atuais e que vão sendo, uns mais que outros, analisados através da escrita da Jodi. De referir, ainda, que a profissão da Zoe, terapeuta musical, poderia ter sido mais explorada, pois pareceu-me bastante interessante o seu nível de intervenção. É, no entanto, uma obra onde quem vence são as pessoas e o seu bom carácter, o que nos dá uma esperança em relação ao futuro, neste mundo tão violento.
    Apesar de o livro ter seis anos esta é uma leitura que recomendo. 

    Sinopse:Zoe Baxter passou dez anos a tentar engravidar e, quando parece que este sonho está prestes a realizar-se, a tragédia destrói o seu mundo. Como consequência da perda e do divórcio, Zoe mergulha na carreira como terapeuta musical. Ao trabalhar com Vanessa, o relacionamento profissional entre as duas transforma-se numa amizade e depois, para surpresa de Zoe, em amor. Quando Zoe começa a pensar de novo em formar família, lembra-se de que ainda há embriões dela e de Max congelados que nunca foram usados.




segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Mal Me Quer de M. J. Arlidge

    Opinião: M.J. Arlidge é daqueles autores que eu tenho de ler. E rapidamente. Também sei que quando começo dificilmente consigo parar. 48 horas foi o tempo necessário para ler este seu Mal Me Quer.
    Mais uma vez o autor retoma a inspetora Helen Grace, recém recuperada de um episódio traumático e bastante grave (ver o livro anterior). Esta policia vai ser a primeira testemunha daquilo que parece ser um acidente de viação. Mas a verdade é que se trata de um crime, aparentemente gratuito.
    Se assim fosse o livro teria tomado outro rumo, mas a verdade é que duas horas depois outro assassinato acontece. Relação? Nenhuma. O certo é que uma cidade aparentemente calma se transforma num centro de terror, onde a policia anda sempre um passo atrás dos acontecimentos e dos homicidas. O livro está marcado temporalmente e, em cada capítulo, sabemos quanto tempo passou sobre a ocorrência anterior.
    Helen Grace acaba por ser obrigada a esquecer o seu passado longínquo e recente, por forma a manter a sua atenção num conjunto de crimes que vão proliferando pela cidade, a sua cidade, sem relação aparente. Mas a certeza que todos temos, leitores e personagens,  que estes crimes são brutais e foram, certamente, planeados. A história adensa-se quando consciencializamos que se trata de dois jovens cujas motivações são inicialmente profundamente obscuras. É como se a transgressão fosse gratuita.
    Arlidge continua a escrever capítulos curtos, mas que prendem o leitor e nos  levam a uma leitura compulsiva e viciante. Nada é deixado ao acaso e os factos são dados a conta gotas, mas no momento certo, por forma a prender a atenção ao leitor.
    No final do livro fui ler a sinopse da contracapa e fui ver como o livro se chamava em inglês, bem como a data da edição original, pois as referências politicas existentes são da atualidade, o que me despertou a curiosidade. O livro é deste ano (parabéns à Topseller que soube ser célere na tradução) e chama-se Love Me Not o que nos leva à cantiga de criança para a qual o titulo português e a contracapa também remetem.  Este pode ser visto como uma ironia do autor. Uma lengalenga infantil para assassinatos tão brutais, mas para o leitor, quando acaba o livro, faz todo o sentido, que a obra assim se chame.

    Mais detalhes? Mais pormenores? Nem pensem. Façam a coisa inteligente para quem gosta de trailers. Leiam o livro. E depois digam de vossa justiça, aqui no blog.

    Sinopse: MAL ME QUER
    O corpo sem vida de uma mulher é encontrado no meio da estrada. À primeira vista parece tratar-se de um acidente trágico, mas quando a inspetora Helen Grace chega ao local do crime, torna-se claro para ela que a mulher foi vítima de um assassínio a sangue-frio sem razão aparente.
    BEM ME QUER
    Duas horas depois, do outro lado da cidade, um empregado de loja é morto, enquanto os seus clientes escapam ilesos.
    MAL ME QUER
    Ao longo do dia, a cidade de Southampton viverá um clima de terror às mãos de dois jovens assassinos, que parecem matar ao calhas.
    BEM ME QUER
    Para a inspetora Helen Grace, este dia vai tornar-se uma corrida contra o tempo. Quem vive? Quem morre? Quem será o próximo? O relógio não para…
Se Helen não conseguir resolver este quebra-cabeças mortal, mais sangue será derramado. E, se cometer algum erro, poderá muito bem ser o dela… 


sábado, 18 de novembro de 2017

Visualizações


     Depois de ter conhecido várias bloggers encantadoras e depois de ter durante dois, três anos uma página no Facebook de partilha de opiniões, acabei, por criar este blog.
    No dia 8 de julho senti-me cheia de força e comecei esta aventura. A partir daí a vontade de escrever e partilhar convosco aquilo que leio foi tornando-se mais intensa. E agora quatro meses depois venho que tenho mais de 5000 visualizações. Para outros poderá ser pouco, mas para quem começou pensando que seria um cantinho onde só os amigos, por isso mesmo, porque eram amigos, viriam ler é enorme e surpreendente.
   Agradeço a todos, os que conheço e, principalmente, os que não conheço, pela confiança e demostração de carinho. Peço só que comentem mais, digam se concordam, se discordam, o que acharei. Trocar ideias é a forma de nos abrirmos para o mundo, e este é todo um novo mundo para mim.
   E assim vou continuar, por vontade e divertimento próprio e, porque gosto de saber que estão desse lado. Fico à espera dos vossos comentários.

   Bem-hajam


quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Rutura Mortal de J. D. Robb

     Opinião: Cada vez gosto mais dos livros da J.D.Robb. Acho que gosto ainda mais da Nora Roberts quando ela escreve sobre o seu pseudónimo. A verdade é que a história é sempre atraente, a inspetora Eve e o seu atraente marido Roarke, são duas personagens muito bem construídas mesmo naquilo que os distingue.
     Esta história não foge ao habitual. Eve tem de investigar um duplo homicídio em que a principal suspeita é uma funcionária da empresa de segurança do seu marido. E, ainda por cima, não é uma funcionária qualquer, é a filha da secretária e amiga de Roarke.
     Como se não fosse já o bastante durante a investigação, pois nem Eve nem Roarke acreditam na culpa da executiva, descobrem pormenores sobre o passado da inspetora. Detalhes que podem afastar o casal devido aos diferentes pontos de vista quanto às formas de atuar perante o exposto.
É nesta dualidade que acabam por trabalhar em conjunto, no que ao caso diz respeito, e por se afastar, no que ao casamento se trata.
     Esta ambivalência de sentimentos e ações, acaba por o tornar num livro denso, em que a investigação policial, sempre muito bem descrita e com uma análise psicológica primorosa, nos leva, desta vez, para um conjunto de reflexões dos protagonistas sobre o amor. Muito interessante, pois estas são de tal forma distintas que acabam por acentuar as diferenças entre o casal e demonstram os caminhos diferentes que fizeram na vida até se encontrarem.
     Depois temos todas as personagens secundárias, mas que acompanham este casal, quer seja de forma pessoal, quer seja de forma profissional. Todas elas servem para criar um ambiente que nos envolve e nos cativa. Os diálogos são interessantes e refletem a forma como os outros vêm o casal, quer seja profissionalmente quer seja pessoalmente.
    Sendo uma série passada no futuro, onde os androides se cruzam com os humanos e os gadgets são uma presença assídua, a verdade é que podemos reconhecer muitos dos nossos dilemas e dos nossos problemas, acabando por ser uma série onde o que importa realmente é o ser humano. 

     Sinopse: Reva Ewing é uma especialista em segurança nas empresas Roarke. Agora é também a principal suspeita de um duplo homicídio. Tinha todos os motivos para matar o marido que cometera adultério com a sua melhor amiga.

      Mas a tenente Eve Dallas acredita na inocência de Reva. Os seus instintos dizem-lhe que tudo parece excessivamente planeado no local do crime e, à medida que ela investiga, surgem novos detalhes: a vítima morrera esfaqueada com uma faca de cozinha e foram destruídas informações vitais no seu computador.

     Para Roarke, esse ataque informático constitui a verdadeira ameaça. Ele e Reva preparavam um novo programa para combater terroristas cibernéticos que infetam sistemas informáticos de empresas. E agora, de modo a impedir que um vírus se propague no país inteiro, terão de ser eles a infiltrar-se em organizações secretas… e a lidar com as consequências mortais.


segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Maratona Xmas-a-thon

     Depois de não ter conseguido participar na Maratona anterior proposta pela Elsa não quero deixar de participar nesta. Mas como já estou em duas outras tenho que ver os livros que posso aproveitar, senão não vou conseguir ler tanto livro.
     A maratona decorre entre o dia 15 de novembro de 2017 e 31 de dezembro.
     As regras são muito fáceis: não há  
   O objetivo, claro é completar o máximo de categorias e principalmente divertimo-nos.
    Eis a minha incompleta TBR! Atenção que pode haver alterações.

CATEGORIAS

1| lê um livro cuja ação se passe num país de clima frio: Jogos Cruéis de Ângela Marsons
 
2 | lê um livro com uma história de família: Os anos da inocência de Elizabeth Jane Howard

3 | lê um livro com mais de 400 páginas: Duas mulheres e dois destinos de Lesley Pearse (464 páginas)

4 | lê um conto de natal: Natal Noite de Rui Zink in Vésperas de Natal

5 | um familiar ou um amigo escolhe um livro de várias categorias possíveis (Fantasia, histórico, Romance, Clássico): Não digas Nada de Brad Parks escolhido pela minha amiga Vanessa Silva Martins

6 | lê um livro inspirado pelas imagens que viste (neve, cavalos, renas, norte da Europa, renascimento, ano novo): A boa filha de Karin Slaughter

7 | cria o teu próprio desafio e partilha-o nas redes sociais: O meu desafio não é um são dois:
Ler um livro escrito por uma mulher: Limões na Madrugada de Carla M. Soares
Ler um livro passado em tribunais: Lei e corrupção de Mike Papantonio


8 | Lê um livro de género diferente ao que estás a ler agora (Uma Melodia Inesperada da Jodi Picoult): Romance: Chá e corações partidos da Trisha Ashley


     Será que é desta que eu consigo completar uma Maratona proposta pela Elsa? A ver vamos. Mas vocês vão ao facebook e participem também. 


quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Memórias de uma cortesã de Wray Delaney

     Opinião: Na brilhante capa de Memórias de uma cortesão de Wray Delaney está escrito, e cito: “ Um conto de fadas erótico para adultos”. E é mesmo.
    O livro, embora de 2016, parece um clássico inglês do século XVIII onde se juntam as festas, o poder dos homens nobres, o declínio dos jogadores e a exploração das mulheres pelas figuras masculinas.
   Tully é uma jovem fogosa ignorada pelo pai e que acaba, por força dos acontecimentos, por se tornar meretriz. Ela para além de ser uma mulher lindíssima, sem complexos é também uma jovem e boa alma, que acaba por se mostrar generosa e bem formada. Para além disso tem poderes que a ajudarão em circunstancia nefastas.
   Quando o livro começa Tully está pressa arriscando-se a ir parar à forca. Com esta realidade resolve escrever a sua história de vida e é este flashback que serve de construção literária para a história. Trata-se, pois, de um livro muito bem escrito, em que nos sentimos levados pela descrição da cidade de Londres da época e pelos acontecimentos.
   A construção do espaço é outro aspeto importante e muito bem feito. Os diferentes espaços interiores ou exteriores estão muito bem narrados, sendo esta exposição de uma pertinência absoluta. Vamos da cela da prisão para os espaços amplos e glamorosos do bordel de Queenie, das tabernas para os teatros, sendo sempre correta a apresentação dos lugares ou das próprias personagens ou mesmo no que se refere ao guarda-roupa.
    Não querendo desvendar os mistérios e as aventuras vividas pela jovem cortesã, não posso deixar de referir que o erótico está muito bem tratado e narrado no livro. Não é ofensivo, nem obsceno. Pelo contrário o assunto é tratado com delicadeza e bom gosto. Surge quando deve e, na maior parte das vezes, acaba por ser uma relação amorosa, mais do que um negócio.
   Deixem-me terminar referindo que num momento em que tanto se fala do papel da mulher na sociedade e de violência sobre as mulheres este é um livro que enaltece a figura feminina, as suas competências e o papel que lhe seria devido na sociedade.
     Um livro que aconselho sem dúvida alguma. 

    Sinopse: A jovem Tully chegou a ser a mulher mais desejada de Londres. Agora, todos disputam os melhores lugares para assistir à sua execução. Ela sabe que tem apenas uma hipótese de escapar à forca. Para tal, tem de conseguir contar a história da sua vida à única pessoa capaz de a salvar.
    Nas catacumbas da prisão de Newgate, Tully aguarda... E escreve com a emoção de quem luta pela vida. Casada à força aos doze anos para saldar as dívidas de um pai alcoólico, consegue escapar apenas para ser despachada para o bordel mais sumptuoso da cidade, onde descobre a sua vocação como cortesã. Tully Truegood é órfã, cortesã e aprendiza de um feiticeiro. Será também assassina?
    Pleno de erotismo e realismo mágico, Memórias de uma Cortesã é uma magnífica viagem ao submundo londrino do século XVIII.