sexta-feira, 30 de março de 2018

Uma cápsula do tempo em Paris de Ella Carey

      Opinião: Uma cápsula do tempo em Paris foi um livro que adquiri por dois motivos bastante fúteis. Um porque se refere a Paris, a minha cidade do coração, e outra porque esta capa é linda. Mas ainda bem que me deixei levar pela frivolidade.
     O livro de Ella Carey fala-nos da história de Cat, uma fotografa americana, que herda uma casa na cidade luz de alguém que nunca conheceu e de quem apenas sabe ter sido amiga da sua avó igualmente já falecida.
     Cat começa uma viagem que a leva à Belle Époque e à descoberta de um passado que se cruza com a família de Isabelle de Florian, a senhora de quem é herdeira, e com o presente da filha desta e do seu neto.
    Cat está, no entanto, noiva de Christian um jovem americano de boas famílias que pretende apenas uma noiva bem-comportada e que cumpra os preceitos socais que são espectáveis a uma jovem da sociedade burguesa americana. Assim sendo, esta visita a Paris não é bem vista pelo jovem e por os que o rodeiam. No entanto a jovem não hesita em permanecer o tempo necessário para descobrir qual a sua ligação com uma família que, até então, não conhecia, nem nunca tinha ouvido falar.
    O interessante do livro é verificar a forma como os dois tempos são caracterizados e as suas semelhanças, apesar do que já se viveu e evoluiu, entretanto. Na verdade, a procura de Cat leva-a a descobrir-se a si mesma e a assumir os seus próprios valores e a suas próprias formas de vida. Cat é uma mulher moderna que não quer ser um fantoche nas mãos da família de Christian, nem de todos os que rodeiam o casal, acabando por se sentir mais livre e mais ela com as suas problemáticas, os seus desejos e as suas fotografias.
    A história de Isabelle acaba por revelar o quão importante é para uma mulher, independentemente do seu tempo, ser ela mesma e não se deixar subjugar por vontades sociais e por regras, não escritas, mas instituídas, que em nada a favorecem ou a completam.
    Quanto ao amor este deve nascer do respeito, da valorização do outro e do reconhecimento das suas qualidades e dos seus sucessos. Mas, e isso o livro também refere, só gostando de si mesmo é que poderemos criar uma ligação com outro e com o mundo que nos rodeia.
    Este livro de capa linda, baseado em factos reais e passado em Paris é uma obra que recomendo.

  Sinopse:Baseada em factos verídicos, esta é a história de um luxuoso apartamento em Paris abandonado durante setenta anos. E dos segredos que a sua herdeira vai descobrir.
    A fotógrafa nova iorquina Cat Jordan lutou muito para se libertar do passado. Quando finalmente se sente pronta para iniciar uma nova vida com o seu namorado, é informada de que é a única herdeira de Isabelle de Florian, uma mulher francesa que nunca conheceu.
   Cat chega a Paris à procura de respostas e descobre que é a proprietária de um apartamento da Belle Époque perfeitamente preservado, e que a família de Isabelle nada sabia desta herança. Afinal quem foi essa mulher? E porque lhe deixou o apartamento a si e não à própria família?
    À medida que segredos há muito enterrados começam a ser desvendados e a atração pelo neto de Isabelle se torna tão intensa que é impossível de ignorar, Cat terá de decidir qual das suas duas vidas quer deixar para trás.



terça-feira, 27 de março de 2018

A Conspiração da condessa de Courtney Milan

     Opinião: Este é o terceiro livro da série Entre irmãos de Courtney Milan. Tal como os outros foi lido assim que chegou. Nesta obra temos uma história surpreendente pois a autora pretende, de uma forma singela, homenagear todas as mulheres que no passado viram os seus nomes omitidos e/ou esquecidos por não poderem assinar obras que não se adequavam às atitudes se esperavam de uma dama, muito menos de uma condessa, num tempo em que as mulheres eram consideradas seres menores.
    Violet Waterfielf é uma cientista que tendo feito um conjunto de artigos e teorias sobre a ciência da hereditariedade esconde os seus trabalhos, sob um nome masculino, sendo que quem os apresenta publicamente e assina é o seu grande amigo Sebastian Malheur. Sendo ela uma dama viúva da sociedade, tendo ainda uma mãe e uma irmã com bastantes filhos, ela não pode de forma alguma manchar o nome de família e criar-lhes uma situação constrangedora perante todos aqueles que as respeitam.
    O problema é que Sebastian não quer continuar a farsa, considerando que ela deverá assumir as suas descobertas, pois ele sente-se um usurpador. E eis senão quando Violet decide avançar com uma palestra em nome próprio, não se importando com as consequências. A coragem das guerreiras.
   A partir daqui adensasse a narrativa, pois os resultados desta tomada de posição não são nada pacificas. Antes pelo contrário. A sociedade acusa-a, mas não mesmo tempo não sabe como gerir um caso em tudo inédito.
   Claro que a tudo isto se junta um segredo familiar e uma história de amor entre os dois protagonistas. Mas a verdade é que, na minha modesta opinião, este livro é uma magnifica crítica social e de mentalidade. O foco da autora é exatamente levar o leitor a consciencializar que muito do que lemos, mesmo em ciência, foi, possivelmente, feito pelas mulheres, esposas, e não pelos homens que as assinam e que são reconhecidos por todos nós.
   Apesar de não me considerar uma feminista ativa, não deixo de considerar que é necessário repor a justiça e a verdade, nomeadamente num passado recente (presente?) em que as mulheres tinham muito mais um papel decorativo do que interventivo. A questão que me ficou é: será que no século passado em que os chefes eram maioritariamente homens não terá acontecido o mesmo? E hoje, século XXI, será que a paridade já está completamente reposta? Será?

   Sinopse: A reputação de Sebastian Malheur é bem conhecida na sociedade londrina: ele tem o dom de escandalizar tudo e todos! Se não é pelo seu estilo de vida libertino (é o que dá ser bonito e desejável), é pelas suas rocambolescas teorias científicas. A má fama não é algo que o apoquente. 
  Violet Waterfield, pelo contrário, tem uma reputação respeitável a manter. Viúva do conde de Cambury, já sofreu muito na vida, e pretende apenas levar uma existência pacata. Mas Violet esconde um segredo, algo que a liga profundamente ao devasso Sebastian... É que as teorias científicas não são dele. São dela! E quando Sebastian, farto de viver uma mentira, ameaça expô-los a ambos, Violet terá de fazer tudo ao seu alcance para o impedir... ainda que isso possa destruir o seu já frágil coração.
  Depois de A Guerra da Duquesa e O Plano da Herdeira, A Conspiração da Condessa promete deixar as emoções ao rubro...


sexta-feira, 23 de março de 2018

No seu mundo de Jodi Picoult

     Opinião: No seu mundo é mais um livro de Jodi Picoult que se integrou na leitura conjunta: Um ano com Jodi.
    Mais uma vez as vozes se multiplicam e nos levam a interpretações distintas dos mesmos acontecimentos.  Desta feita é-nos apresentado Jacob um jovem com síndrome de Asperger, que vive com a sua mãe, Emma e um irmão mais novo, Theo. A vida deste núcleo decorre à volta de Jacob e das suas necessidades, por forma a que este não tenha crises e se tente integrar socialmente da maneira mais natural possível.
    O problema acontece quando o jovem é acusado de assassinato e necessita de se defender em tribunal, onde o seu comportamento foge às normas sociais vigentes e pode ser entendido, em algumas posturas e atitudes, como culpa.
    Trata-se, pois, de um livro duro, onde Jodi Piccoult não tenta escamotear as situações mais duras, levando-nos às vezes a suster a respiração devido à crueza das descrições que nos são apresentadas. Na verdade, ainda não consegui encontrar um livro que seja apenas desta autora e seja suave ou descansado.
    A história vai, pois, girar sobre a possível culpa ou inocência do jovem. Por um lado, fica a ideia de que não é culpado porque não assume, sendo que uma das características do Asperger é a frontalidade e a sinceridade, e por outro se é inocente quem está a tentar proteger e porque razão, pois apercebemo-nos de que Jacob sabe mais do que aquilo que está a dizer.
   O final volta a ser surpreendente e este é mesmo de nos deixar sem palavras. Embora possa parecer que o final fica em suspense penso que a ultima folha nos mostra qual foi a única solução encontrada e defendida pela autora.
   A minha única dúvida são as referencias à doença. Embora as pessoas com quem tenho lidado com o referido síndrome sejam muito como o Jacob, não sei é se ele conseguirá entender e manipular a realidade como a autora sugere.
   De qualquer forma trata-se de um livro fantástico cuja leitura aconselho sem reservas de forma alguma.

   Sinopse:Jacob Hunter é um adolescente: brilhante a Matemática, sentido de humor aguçado, extraordinariamente bem organizado, incapaz de seguir as regras sociais. Jacob tem síndrome de Asperger. Está preso no seu próprio mundo – consciente do mundo exterior e querendo relacionar-se com ele. Jacob tenta ser um rapaz como os outros mas não sabe como o conseguir.
    Quando o seu tutor é encontrado morto, todos os sinais típicos da síndrome de Asperger – não olhar as pessoas nos olhos, movimentos descontrolados, acções inapropriadas – são identificados pela Polícia como sinais de culpa. E a mãe de Jacob tem de fazer a si própria a pergunta mais difícil do mundo: será o seu filho capaz de matar?



segunda-feira, 19 de março de 2018

Rapto escaldante de Sandra Brown

     Opinião: Sandra Brown é das escritoras que eu tenho que ler. Seja bom ou assim assim, (ela não tem livros maus) eu tenho de ler.
    Este Rapto escaldante é um livro estranho. Começa com o rapto de Jordie, a personagem principal feminina, por parte de Shaw, a personagem principal masculina, um criminoso, alguém que mata por dinheiro. Aparentemente, o objetivo final do rapto da jovem é a sua morte, pois esta é irmã de Josh um delator, compincha no crime de Panella, que se sente traído por aquele que considerava o seu braço direito.
   Quando comecei a ler o livro, pensei que a história estava de tal forma contada, com tal clareza que corria o risco de ser bastante previsível, embora este estilo de narrativa, linear, evidente e objetiva não se coadunasse com a forma de escrita da autora, nem com os seus livros anteriores.
  Se as primeiras 200 páginas nos parecem, embora com pequenos acontecimentos, mais ou menos previsíveis, a partir do capitulo 26 a história começa a sofrer reviravoltas, sobre reviravoltas sobre o relato que tinha sido construído e que é, agora, permanentemente desconstruído.
    Na verdade, na segunda parte o livro muda completamente, como se fosse um jogo de espelhos onde nada é o que parecia. A construção das personagens, os acontecimentos, a forma como a construção narrativa se processa, cai como se fosse um baralho de cartas, reconstruindo-se de imediato noutra direção.
    E esta desconstrução vai-se fazendo de forma lúcida e surpreendente até ao final do livro. Mas o mais inesperado é que toda esta desconstrução cria um novo enredo muito mais interessante que o anterior. Mais uma vez Sandra Brown ‘engana’ os seus leitores e nós ficamos encantados por termos sido tão magistralmente ‘enganados’
   Um livro que recomendo sem qualquer dúvida, e uma ótima leitura para este ano que se apresenta tão auspicioso no que diz respeito aos thrillers.

  Sinopse: Num bar fumarento e sombrio do Louisiana, o olhar de Shaw Kinnard cruza-se com o da elegante Jordie Bennet. Mas não se trata de amor à primeira vista. Ele está lá para a matar.
   Jordie sente que chegou a sua hora. Mas Shaw tem outros planos, pois sabe que o irmão dela, Josh, deitou indevidamente a mão a 30 milhões de dólares. No último minuto, Shaw poupa a vida de Jordie mas rapta-a. Agora, estão ambos em perigo, pois não são os únicos que procuram Josh e a fortuna roubada.
   Jordie e Shaw precisam um do outro para se manterem vivos – mas confiar é baixar as defesas. E se Shaw emana uma aura de perigo que é quase irresistível, Jordie não lhe fica atrás; é misteriosa e impenetrável, e incapaz de revelar o que sente. À medida que o desejo e a tensão entre ambos aumentam, torna-se evidente que terão de fazer o impensável: confiar um no outro.
   RAPTADA é uma história de encontros, desencontros e enganos… mas quem está a enganar quem?



quinta-feira, 15 de março de 2018

Os filhos da quimio de Nelson Marques

     Opinião: De repente qualquer livro que se refira a cancro, nomeadamente da mama, parece que surge à minha frente em letras garrafais.
   Este Filhos da quimio foi um deles. Sendo um livro pequeno, 76 páginas, acaba por ser um livro enorme, cheio de lições de vida, mesmo quando esta já terminou.
    Nestas páginas está patente a vontade de viver e dar vida por parte destas mulheres, destas guerreiras aos seus filhos por nascer.
Não vou contar o livro apenas digo que se tratando de histórias reais, estas o tornam muito mais interessante e muito mais do que um livro.
    Se as protagonistas são as figuras principais destas narrativas, de referir que numa situação deste tipo, toda a família, e principalmente o marido, sofre com a doença.
   Não imagino o que seja ter de pensar em optar entre nós e um filho por nascer, mas sei o que todas elas e o seu núcleo duro sofreu e como se uniu para poder sobreviver, e para recomeçar a viver o mais normalmente possível.
    De realçar duas frases. “Nunca sabes o quão forte és até que ser forte é a única escolha que tens” diz Bob Marley. E como ele tem razão. O ser humano, e nós, fazemos o que tem de ser feito para continuarmos a viver e para continuarmos a manter a cabeça levantada. Claro que o cônjuge, os filhos, a família próxima e os amigos ajudam neste processo. Mas os momentos a sós connosco, as noites longas das insónias, os pensamentos mais íntimos têm de ser superados de uma forma solitária.
    E depois há a ideia, brilhantemente expressa pela Michelle quando diz que depois da doença “Neste tempo todo vamos criando alguma confiança, mas é uma confiança desconfiada, sei o que o meu organismo é capaz de produzir contra mim. “. Que verdade!
    Continuo a dizer que não imagino o sofrimento destas mulheres, mas tive um deslumbre do que é ter uma doença destas e quero agradecer pela partilha. Falar da doença só pode ajudar a acabar com os mitos, com os preconceitos e, principalmente, com a solidão de quem fala do que sentiu na pele.
   Desculpem, não é, de todo, a melhor critica que já escrevi, mas acreditem que é a que mais vem do coração.

Sinopse: Nenhuma mulher está preparada para ouvir que tem cancro. Muito menos quando está grávida, naquele que devia ser o período mais bonito da sua vida. Dá para imaginar a montanha-russa de emoções? Este livro conta as histórias intensas, tocantes e, por vezes, trágicas de mulheres que tiveram de enfrentar o inimaginável.



segunda-feira, 12 de março de 2018

Homens imprudentemente poéticos de valter hugo mãe

     Opinião: Valter hugo mãe é um dos melhores escritores da nova geração, sendo um autor que acompanho desde o inicio da sua carreira. Confesso que, sempre que é lançado um livro de um novo escritor português tenho tendência para ir ler e ver o que de novo, e neste caso, de melhor, se faz em Portugal.           Homens imprudentemente poéticos é um dos livros deste autor que ainda não tinha lido. E o que eu estava a perder.
  Este livro conta uma história passada no Japão antigo e refere-se às dificuldades de comunicação e de entendimento entre Itaro, o artesão, e Saburo, o oleiro. Há quem defenda que neste livro hugo mãe acaba por cruzar três lendas nipónicas.
    Sem querer contar nada deste romance, não posso deixar de dizer que este é, no entanto, um livro de mulheres, onde a figura destas se torna uma pedra basilar daqueles homens. Mesmo quando esta já não habita o espaço físico onde se desenrola a história. De referir, ainda, que a crueza da história é atenuada pela magnitude da palavra.
    Mas a verdadeira beleza deste livro é a escrita poética, atrevo-me a chamar-lhe assim, do autor. Valter hugo mãe é mestre na utilização da palavra criando uma beleza que vai para além da história. Herdeiro de algumas características da escrita de Saramago, acaba por nos embalar numa realidade que não sendo a nossa, longínqua até, acabamos por a sentir como se fosse parte integrante do português e da sua saudade. 
    Se mais não posso dizer sem tirar o fator de surpresa ao livro, este é sem quaisquer dúvidas uma obra da qual recomendo a leitura, embora este não seja uma obra de fácil leitura. Mas vale a pena, muito a pena ler com atenção estes Homens imprudentemente poéticos.

    Sinopse: Num Japão antigo o artesão Itaro e o oleiro Saburo vivem uma vizinhança inimiga que, em avanços e recuos, lhes muda as prioridades e, sobretudo, a capacidade de se manterem boa gente.
      A inimizade, contudo, é coisa pequena diante da miséria comum e do destino.
Conscientes da exuberância da natureza e da falha da sorte, o homem que faz leques e o homem que faz taças medem a sensatez e, sobretudo, os modos incondicionais de amarem suas distintas mulheres.
     Valter Hugo Mãe prossegue a sua poética ímpar. Uma humaníssima visão do mundo. 



quinta-feira, 8 de março de 2018

Sempre te encontrarei de Megan Maxwell

     Opinião: Megan Maxwell é uma das minhas escritoras favoritas. Na verdade, é daquelas autoras que sempre que sei que já saiu um livro vou imediatamente à livraria comprar. E este Sempre te encontrarei não foi diferente.
    Acompanhei e considerei sempre a Saga das Guerreiras Maxwell com muito interesse e, por isso, as expetativas estavam altas. Mas a verdade é que este terceiro volume, e na minha modesta opinião, está muito semelhante ao primeiro. Angela parece irmã gémea de Megan, e as suas atitudes, e forma de estar, em nada são diferentes.
    Angela é filha de um Laird caído em desgraça, após o assassinato da mulher e de alguns dos seus filhos, sendo que este está falido e, como tal, o seu castelo já tem poucos ocupantes. No entanto, o seu amor pela filha mais jovem é bastante presente e extremoso, sendo correspondido em igual maneira.
    No entanto esta jovem não é uma rapariga do seu tempo, mas sim alguém que chama a si, e aos seus amigos mais próximos a defesa do seu território. Estamos, pois, perante uma moça que luta de igual para igual com os malfeitores, escondendo destes a sua identidade.
    É assim que conhece Kieran, Laird dos O’Hara, jovem mulherengo que não quer em hipótese alguma assumir compromissos sérios, mas que é, no entanto, um cavalheiro e alguém a quem o sentido de justiça não é nunca posto de parte.
    Por circunstâncias da história acabam por casar (tal como no caso de Megan) e acabam a ter confrontos bastante grandes, pois a jovem não é de todo submissa ao marido, e este não quer perder a sua autoridade face aos seus homens (novamente como no caso de Megan).
   As cenas são dramáticas, mas, simultaneamente, cómicas, pois ambas as personagens acabam por se apaixonar sem querem assumir esse sentimento. Mais, quando uma delas o assume plenamente a outra não lhe dá o valor devido por medo.
   A história ganha interesse quando Megan se junta ao clã O´Hara e resolver defender aquela mulher que tanto a recorda a si mesma quando mais jovem.
O livro acaba por terminar com um final feliz o que faz com que o leitor sinta que tudo o que foi vivido ao longo da narrativa serviu para o crescimento interior das personagens principais.
   A nós leitores resta aguardar a publicação de outros livros desta autora que nos encanta com as suas histórias, sejam elas de época ou contemporâneas.  

   Sinopse: O laird Kieran O´Hara e os seus guerreiros são atacados por um bando de malfeitores enquanto pernoitam no bosque próximo do Castelo de Caerlaveroch, mas um misterioso grupo de encapuzados, chefiados por uma mulher a quem os aldeãos chamam a Fada salva-os.

    Angela é a filha mais nova do laird Kubrat Ferguson. Todos pensam que é uma rapariga débil, com medo até dos cavalos. Quando Kieran a conhece, a atitude tímida da jovem, o constrangimento perante o seu cavalheirismo e galanteria chamam a sua atenção, sem saber que aquela jovem é a encapuzada que procura.

   Juntos conseguirão desmascarar o ganancioso cunhado de Angela, Cedric Steward, que arquitectou um plano terrível que poderá mudar para sempre o futuro dos habitantes do Castelo de Caerlaveroch.
   Uma história vibrante, com personagens fortes e dramáticas que nos farão sonhar com os Highlanders. Terceiro volume da série ambientada nos Highlanders desta popular autora de romance sensual.


segunda-feira, 5 de março de 2018

A herdeira dos olhos tristes de Karen Swan

     Opinião: Apesar de já ir um pouco atrasado não quis deixar de partilhar convosco a minha opinião sobre este livro lido em fevereiro. 
    A herdeira dos olhos tristes é mais um livro construído a partir de dois tempos diferentes. Um presente que acaba por se cruzar com o passado de uma das personagens.
     Mas vamos com calma. Francesca é uma jovem guia turística, e escritora de um blog sobre Roma, onde descreve os lugares encantadores que ela visita com os turistas. Depois de perder o emprego, acaba a fazer a biografia da Viscondessa Elena dei Damiani, uma referência na cidade.
    E é o passado de Elena que vamos acompanhando ao longo da história, percebendo assim o que a velha aristocrata tenta esconder da jovem escritora. É-nos pois apresentado um mundo diferente, desde a alta sociedade americana, até à sociedade elitista e preconceituosa da Itália do século passado.
     E tudo isto estaria certo, e seria mais ou menos previsível, se não fosse a mestria de narração e de cruzamento dos diferentes factos e acontecimentos feitos por Karen Swan. O leitor é convidado a acompanhar a história, considerando-se sempre um beneficiário por poder ir acompanhando os dois momentos, tendo mesmo consciência e saber sobre factos que Elena omite e esconde de Francesca.
     É bastante interessante verificar que tão, ou mais, interessada do que fazer saber a sua história de vida a Viscondessa não quer de forma alguma por em causa a imagem da família em Roma, nem fazer da biografia um escândalo jornalístico. O que Elena quer é construir por isso uma história cor-de-rosa que servia como memoria futura da família. Muito interessante verificar como a jovem acaba por ser, inicialmente, manipulada e levada a acreditar numa cronologia que lhe é dada como se de um conto de fadas se tratasse.
Mas a verdade vem sempre ao de cima. O final é surpreendente para as personagens e também para o leitor que foi levado a acreditar numa narrativa que tinha ainda alguns acontecimentos, que nem sempre eram pormenores, escondidos.
     Uma história interessante sobre o século XX, as suas indefinições e excessos onde o saber escrever leva a que a leitura se desenvolva sem darmos por isso.
Mais um excelente livro, desta feita publicado pelo Clube do autor. Quanto a mim fico a ansiar por mais livros saídos da pena de Karen Swan.

      Sinopse: 1974. Elena Damiani é uma herdeira rica e bela, com tudo para ser feliz. Contudo, aos vinte e seis anos já vai no terceiro casamento e uma juventude repleta de cicatrizes. Quando conhece o homem que parece ser o seu par perfeito, percebe que ele é precisamente o único homem que ela não pode ter, e nem todo o dinheiro do mundo é capaz de mudar essa circunstância.

     Mais de 40 anos depois, a jovem Francesca vive la dolce vita. Antiga advogada, foi para Roma em busca de uma nova vida. Um acaso fortuito leva-a ao Palazzo Mirandola, onde conhece a famosa Viscondessa Elena dei Damiani. A empatia entre ambas é imediata e Francesca fica fascinada pelo mundo de Elena, pelo seu passada e pelas suas incríveis histórias. 
     Quando a Viscondessa a incumbe de narrar a sua extraordinária vida, Francesca entra num mundo de privilégios, aparências e excessos. Mas só quando um valioso anel de diamantes é encontrado num túnel antigo da cidade, mesmo por baixo do Palazzo, é que Francesca percebe a rede de mentiras que envolve Elena. A braços com o seu próprio passado tortuoso, Francesca é incapaz de ignorar a verdade, revelando um segredo antigo que pode mudar muitas vidas…


quinta-feira, 1 de março de 2018

Louca de Chloé Esposito

        Opinião: Louca é uma novidade que foi bastante publicitada pela Bertrand. Na verdade, o livro acaba por ser algo estranho, no bom sentido, algo diferente, quase esquizofrénico.
       Louca conta a história de duas irmãs gémeas, Alvie e Beth, que apesar de serem fisicamente iguais, apenas a mãe as distingue, são na realidade muito diferentes. Beth tem uma vida de sonho, um marido italiano lindo, que a irmã inveja e uma casa que parece daquelas de capa de revista. A abrilhantar tudo isto tem um filho pequeno que se assemelha a um querubim.
     Quanto a Alvie, a personagem principal, é o oposto da irmã. Vive num quarto alugado, de onde é expulsa, tem um emprego, de onde é despedida, acabando por aceitar o convite de Beth para a visitar na sua casa, em Itália, na Sicília.
       E a partir daí é o caos, o non-senso. Um livro que começa por ser divertido, por arrancar sorrisos e mesmo gargalhadas, em algumas passagens, e progressivamente torna-se um livro de humor negro. Mas mesmo muito negro.
     O livro funciona como uma serie de ações, comentadas por Alvie, sendo o livro narrado na primeira pessoa, e cujos desfechos são dramáticos. Apesar da jovem efetuar sempre uma tentativa de solucionar esses ‘erros’, na verdade, apenas consegue enredar mais o novelo e tornar a situação ainda mais desastrosa, para não dizer calamitosa.
      A tudo isto juntamos uma personagem sem consciência e que mesmo assim é simpática para o leitor, pois acaba por nos parecer bastante ingénua, mesmo naïve. No fundo Alvie é “louca” por achar que as suas ideias brilhantes a vão fazer solucionar os seus problemas, e lhe poderão proporcionar a vida que ela aspira e considera que seria justa para si mesma. No fundo a nossa vilã é um cordeirinho que descobre que gosta de parecer um lobo mau.
     Se juntarmos uma escrita bastante clara, simples e envolvida por com um certo sentido de humor temos o remate ideal para tornar o livro numa leitura ligeira e bastante agradável.
    Tratando-se de uma trilogia resta aguardar a continuação, para ver se o humor se mantem, e podermos ver até onde as atitudes de Alvie a poderão levar.

      Sinopse: Louca é um thriller passado em Londres e na Sicília, no espaço de uma violenta semana de verão, e que explora os temas do ciúme e do engano, do crime e da inveja. Uma gémea não só se apodera da vida perfeita da irmã, como se dispõe a continuar a vivê-la. Alvie Knightly está muito em baixo: sem objetivos na vida e a beber demais. A sua vida é ainda pior se comparada com a de Beth, a sua irmã gémea e perfeita. Beth casou-se com um italiano lindo e rico, tem um bebé maravilhoso e sempre foi a preferida da mãe. Há muito tempo que a única coisa que as gémeas têm em comum é a aparência. Quando Beth envia um bilhete de avião à irmã para que a visite em Itália, Alvie mostra alguma relutância. Mas quando é despedida do emprego que detesta e os companheiros de casa a põem na rua, começa a mudar de ideias e a pensar na luxuosa villa de Taormina. Beth pede à irmã que troque de identidade com ela durante umas horas, para poder escapar à atenção do marido. Alvie agarra com unhas e dentes a oportunidade de viver a vida da irmã, ainda que temporariamente. Porém, quando a noite acaba com Beth morta no fundo da piscina, Alvie dá-se conta de que aquela é a sua oportunidade de mudar de vida. E, afinal, o que escondia Beth do marido? E porque é que a convidou para ir a Itália? Alvie vai descobrindo segredos e mentiras à medida que mergulha mais fundo na vida da irmã morta. E terá de fazer de tudo para conseguir suportar as suas próprias mentiras.