Opinião: O livro Maestra tem mais de um ano de publicação em Portugal. E há mais de
um ano que está parado na minha estante. Agora, devido à publicação de Domina, segundo livro desta autora,
resolvi pegar nele e finalmente lê-lo.
Menos
de vinte e quatro horas foi o necessário para que tal acontecesse. Devo referir
que não li a contracapa. Isto é algo que faço com frequência, pois quero ir de
mente aberta para os livros. Pelo que me recordava, e pela capa, achei que se
trataria de um livro erótico. Nada contra, pois é um estilo de que gosto. Mas
estava errada.
Maestra conta a história de Judith, uma
jovem ambiciosa, que trabalha de dia numa leiloeira de arte e de noite num bar,
para complementar os seus vencimentos. Até aí nada de especial. Acontece que
quando é despedida da “Casa” de leilões resolve partir com um cliente do bar
para a Riviera francesa. E isso muda toda a sua vida e a postura perante a
mesma.
Judith não
olha a meios para atingir os seus fins. Ela passa por cima de quem for, faz o
que tiver de fazer, para poder sobreviver e viver como idealizou. Na verdade, e
embora sendo a personagem principal do livro, acaba por ser odiada, ou pelo
menos mal-amada pelos leitores.
No
entanto as reviravoltas que ela dá à sua vida e à dos outros, a forma como consegue
sempre sair das situações, mesmo as mais dramáticas, aparentemente sem uma
beliscadura, tornam-na numa personagem bastante interessante no que respeita à
construção. Não existe uma incoerência, ou algo que ponha em causa alguém que é
tão fria e calculista. Acabamos por achar que ela é uma anti heroína, que vamos
progressivamente deixando de gostar, para quase desejarmos que não consiga
alcançar os seus objetivos.
Para
além do acima citado, a jovem Judith acaba por ter uma desinibição a nível
sexual que faz com que tenhamos descrições bastante realistas das suas
aventuras, como se de um livro erótico se tratasse. No entanto, e na minha
modesta opinião tal não é verdade. Quanto a mim, a autora apenas pretende
demonstrar de uma forma cabal, e sem dar azo a equívocos, a desinibição e a
perversão da personagem que se manifesta permanentemente na sua vida, incluindo
no aspeto sexual.
Quanto
à ação, são brilhantes as voltas e as reviravoltas. A escrita de L. S. Hilton é
muito consistente e leva-nos por uma europa glamorosa, onde o dinheiro, as
festas, o sexo e os negócios são fatores determinantes, condicionando os modos
de vida. Para além disso quando pensamos que o destino das personagens está de
alguma forma definido, a autora através da sua trama narrativa absolutamente
cinematográfica, acaba por nos levar por outros caminhos onde nada é definitivo,
nem mesmo o livro que, como sabemos, já tem um segundo volume.
Concluindo,
Maestra é uma obra que junta erotismo
com suspense e thriller. Um livro do qual queremos ler seguramente a
continuação, mas que nos mostra de forma clara que esta mulher é mestre da sua
vida, regente do seu destino, compositora do seu caminho. Só que esse caminho
ainda não terminou.
Sinopse: Durante o dia, Judith Rashleigh trabalha numa prestigiada leiloeira de Londres. Ambiciona uma carreira no mundo da arte e, apesar das origens humildes, tornou-se uma mulher sofisticada. Para fazer face às despesas, aceita trabalhar durante a noite como acompanhante num dos bares da capital. Mas depressa o sonho de uma vida luxuosa se desmorona. Desesperada, acompanha um dos clientes do bar numa viagem.
Após um acontecimento que marca o seu destino, Judith envereda por um caminho violento e tortuoso. Assistimos à ascensão de uma mulher à margem da lei e da moral, segura do seu rumo.Mais do que possível, será a redenção desejável?