sexta-feira, 31 de agosto de 2018

A rapariga no gelo de Robert Bryandza

    Opinião: Só agora li A rapariga no gelo de Robert Bryandza e não tinha a noção do que estava a perder. Foi um livro que li em pouco mais de vinte e quatro horas. Primeiro, porque o livro é fácil de ler, sem ser simplista, segundo porque a estrutura narrativa não permite que paremos a meio.
   O livro conta a história de uma jovem que é encontrada morta debaixo de uma camada de gelo. O problema é que a rapariga pertencia a uma família ilustre, da alta sociedade de Londres, estando o pai, e toda a família, bem como algumas altas entidades, a querer condicionar a investigação.
  Quem vai coordenar a averiguação é a Inspetora-chefe Erika Foster, que embora bastante conceituada dentro da polícia, acaba de sair de um caso bastante traumático. Por outro lado, Erika não é a melhor pessoa a seguir as regras que uma indagação deste tipo pressupõe.
   E estão os dados lançados. A trama acaba por ser inteligente e densa, sem que nunca se torne confusa ou crie alguma confusão no leitor. Os capítulos levam-nos a ler os seguintes sem conseguirmos parar, ou sem que queiramos fazê-lo.
   As personagens são convincentes e bem construídas, sendo a personagem principal uma mulher forte e decidida, com faro policial, sem nunca ser uma supermulher ou alguém pouco credível. Erika é uma polícia que se humaniza ao longo do livro, criando ligações com os colegas e com as vítimas. E na verdade, acaba também por criar uma relação com o leitor.
   O final está bem construído, sendo verosímil e surpreendente. Nenhuma das pistas que o autor vai dando sobressaí a ponto de nos apontar para uma determinada direção. Pelo menos a mim, fez-me apontar ao lado e não pensei que o assassino(a) seria quem na verdade foi.
   De facto, este é um thriller que recomendo sem hesitações e posso afirmar que no #setember Thriller da Dora e da Cristina irei certamente ler outros livros deste autor já publicados em Portugal.

   Sinopse: Quando um rapaz descobre o corpo de uma mulher debaixo de uma espessa camada de gelo num parque do sul de Londres, a inspetora-chefe Erika Foster é imediatamente chamada para liderar a investigação. A vítima, uma jovem bela e rica da alta sociedade londrina, parecia ter a vida perfeita. No entanto, quando Erika começa a investigar o seu passado, vislumbra uma relação entre aquele homicídio e a morte de três prostitutas, encontradas estranguladas, com as mãos amarradas, abandonadas nas águas geladas de outros lagos de Londres. 
    A sua última investigação deu para o torto, e agora Erika tem a carreira presa por um fio. Ao mesmo tempo que luta contra os seus demónios pessoais, enfrenta um assassino altamente mortífero e que se aproxima tanto mais dela quanto mais próxima ela está de expor ao mundo toda a verdade. Conseguirá Erika apanhar o assassino antes de ele escolher a próxima vítima?





quarta-feira, 29 de agosto de 2018

As vinhas de La Tempelanza de María Dueñas

      Opinião:Este livro é a minha estreia com a escrita de María Dueñas. Nunca li O tempo entre as costuras, mas conto ainda lê-lo este ano, pois as críticas são unânimes e bastante positivas.
    As Vinhas de La Tempelanza é um romance como há muito tempo não lia um. Quase que se pode dizes que é um épico, não só devido à escrita, mas também pela forma como a história avança e se entrelaça.
    Mauro Larrea é um homem que depois de ter conseguido ficar rico, vê o seu esforço e, principalmente, o seu império ruir, acabando por ficar sem nada. No entanto, o antigo mineiro não desiste e parte para Havana na perspetiva de se reerguer, por forma a poder saldar as dividas e recuperar alguma da sua qualidade de vida.
    De Havana vai até ao Jerez onde toma contacto com o negócio de vinhos, em ascensão na segunda metade do seculo XIX, naquela zona. E se os negócios até poderiam estar facilmente resolvidos, o problema de Mauro são as mulheres que vão surgindo na sua viagem.
    O romance de Dueñas vai ter este fio condutor ao que se juntam uma escrita plena de encanto, com descrições maravilhosas, que nos levam aos sítios, e apresenta umas personagens que estão tão bem construídas que durante o tempo de leitura se tornam nossos conhecidos, nossos vizinhos ou mesmo nossos amigos.
   As sequências narrativas são feitas de forma encadeada, numa sequência temporal que torna a leitura fácil, mesmo quando se relatam acontecimentos passados. O narrador e as personagens vão clarificando pontos que nos poderiam causar algumas dúvidas e questões, sendo esta clarificação feita no tempo certo, sem pressas ou precipitações.
   Quanto ao final este é lógico, quase previsível em alguns aspetos sem, no entanto, ser evidente. A autora acabou por conseguir que o livro acabe como eu gostava que acabasse, sem que tenha tido a certeza disso até às páginas finais. Por outro lado, não cai em tentações românticas, ou mesmo piegas, que teriam tornado o romance num livro banal.
    Assim sendo, é uma obra que recomendo sem reservas e que me levará, sem margem para dúvidas, a ler os outros livros da autora já publicados em Portugal. Definitivamente os autores de língua espanhola estão a escrever muito bem.



    Sinopse: Uma história de coragem perante as adversidades e de um destino marcado pela força de uma paixão.

Nada fazia supor a Mauro Larrea que a fortuna que tinha conquistado fruto de anos de luta e perseverança se desmoronaria de um dia para o outro, graças a um inesperado revés.
   Asfixiado com dívidas e afogado em incertezas, aposta os últimos recursos numa jogada temerária na esperança de se reerguer. Até que a perturbadora Soledad Montalvo, mulher dum negociante de vinhos inglês, entra na sua vida para o arrastar rumo a um futuro inesperado. 
    Da jovem república mexicana à radiante Havana colonial, das Antilhas à Jerez da segunda metade do século XIX quando o comércio de vinhos com Inglaterra converteu a cidade andaluza num enclave cosmopolita e lendário, por todos estes cenários se desenrola As vinhas de La Templanza, um romance que fala de glórias e derrotas, de minas de prata, intrigas de família, vinhas e cidades fascinantes cujo esplendor se desvaneceu com o tempo.




segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Don Tranquilo de Mikhail Chólokhov

     Opinião: O Don Tranquilo de Mikhail Chólokhov é constituído por quatro livros que li quando era menina e moça. Lembro-me na altura de ter gostado bastante e tenho andado todos estes anos à procura dos vários volumes que constituem esta obra. Este ano na Feira do Livro de Lisboa consegui comprar todos os volumes do qual li, nestas férias, o primeiro.
     Neste volume temos a apresentação da família Melekhoves, cossacos, e cuja história vamos acompanhando ao longo do tempo. Este volume centra-se no jovem Grigóri, que acaba por terminar a tradição de toda a família viver na mesma propriedade.
     Grigóri acaba por ir cumprir o serviço militar, mas antes abandona a mulher e vai viver com uma outra jovem, também ela casada com um vizinho, uma localidade vizinha. Todos eles habitam aldeias ao pé do rio, do Don, o que torna a traição ainda mais escandalosa.
     Mas o importante do livro não é a história de amor. Esta, bem como a vida quotidiana das populações que residem na aldeia, é o pano de fundo para o autor nos mostrar a vida da Rússia e como se desenrolava na época dos cossacos.
    De facto, e como qualquer grande autor do do seculo XX russo, Mikhail Chólokhov dá-nos uma descrição das estepes e da vivência ligada à terra que tornam este volume, e a obra, num épico onde se une uma integridade histórica com a riqueza narrativa. A vida das famílias estava ligada à criação de animais e ao que a terra dava, sendo notório o valor que estes dois elementos têm na construção do dia a dia dos trabalhadores e na construção da nação. Ao largo está o rio. O rio que os acolhe, lhes indica o caminho e em algumas ocasiões lhe fornece aquilo que necessitam para que a terra mãe se possa desenvolver. O rio que testemunha as suas vivências.
   Este primeiro volume não desfraldou as minhas expetativas, embora a surpresa de algumas descrições ou acontecimentos se tenha perdido devido ao conhecimento histórico e literário que construí ao longo dos anos. No entanto, não vou deixar de ler os outros volumes sobre a história desta aldeia e desta população que mais não é do que a história da Rússia e dos seus habitantes ao longo do início do seculo XX.
      De referir, para quem o desconheça, que o autor recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1965, tendo sido esta obra, escrita entre 1928 e 1932, referida e considerada a sua melhor criação literária.

     Sinopse: A história da Rússia contada através da vida de uma região ao longo do Don. 



sexta-feira, 24 de agosto de 2018

A filha de Cayetana de Carmen Posadas

      Opinião: A filha de Cayetana é o último livro de Carmen Pousadas. Sendo um romance histórico, conta a vida da Duquesa de Alba, musa de Goya, e tendo 572 páginas, confesso que parti para a sua leitura com algumas dúvidas e temores. Como estava enganada.
    O livro conta, como já disse, parte da vida da décima terceira duquesa de Alba, Maria del Pilar Teresa Cayetana de Silva y Álvarez de Toledo, da sua relação com a corte e a realeza, com os atores, toureiros e pintores famosos da época, nomeadamente Goya, seu amigo, e da forma como aperfilhou, tratou e cuidou de uma menina negra, que resolve criar como se fosse sua filha: Maria da Luz.
     Mas Maria da Luz é Marina para Trinidad a sua mãe biológica, escrava que se apaixona pelo seu senhor e acaba por engravidar. E o livro de Posadas acaba por referir, também, a vida sofrida desta mãe, que vê a sua filha ser-lhe arrancada dos braços, sem nada poder fazer para se opor, passando o resto dos seus dias a existir e a suportar situações e acontecimentos, mesmo na adversidade, sempre com o fito de recuperar a sua filha perdida.
     É, pois, destas duas histórias tão dispares que vive o livro. Num mundo tão convencional, mas tão hipócrita, tão diferente conforme a classe social a que se pertencia, temos a história de duas mulheres que são guiadas pelo amor, mas cujas vidas não poderiam ser mais distintas pelo simples facto de terem nascido em lugares diferentes. Cayetana foi a privilegiada que fez da vida o que quis, não se deixando levar pelas convenções e Trinidad é a escrava que se liberta das amarras e tenta, arrisco-me a dizer conseguindo, criar o seu mundo, o seu futuro, o seu destino. No entanto ambas acabam por ter uma vida trágica.
     Sob estas histórias tão ricas temos o discurso e a escrita de Carmen Posadas que é de uma beleza, rigor e ironia inimitáveis. A autora cria uma narrativa que nos envolve e nos leva a rir com a sua ironia e a chorar nos momentos mais trágicos. As descrições são quase cinematográficas, como se estivéssemos nos locais por onde as diferentes personagens se deslocam.
  O final num livro histórico, com personagens reais, não pode ser surpreendente. Mas este acaba por ter uma alteração discursiva no último capitulo, que eu não tinha de forma alguma previsto, mas que faz com que a obra acabe com um realismo e uma verdade inquestionável. Uma leitura a não perder.
     Obrigada à Maria João Diogo por mais esta leitura conjunta, é sempre um prazer ir comentando o livro conforme vamos lendo.


      Sinopse: Um episódio assombroso e esquecido protagonizado por uma das mulheres mais afamadas da História de Espanha: Cayetana de Alba, a inesquecível musa de Goya.Excêntrica, caprichosa e livre, durante mais de duzentos anos o seu poder de sedução permaneceu inalterado. No entanto, poucos sabem que a duquesa adotou uma menina negra, María Luz, a quem amou e educou como a uma filha, e a quem deixou parte da sua fortuna.Com mestria, Carmen Posadas relata as peripécias das duas mães: a adotiva, com os seus amores e dramas na corte de Carlos IV, um autêntico ninho de intrigas, e a biológica, Trinidad, que, sendo escrava em Espanha, luta por encontrar a bebé que lhe foi arrebatada após o nascimento.





quarta-feira, 22 de agosto de 2018

O desaparecimento de Stephanie Mailer

        Opinião: O livro O desaparecimento de Stephanie Mailer de Joel Dicker era uma obra que ansiava ler há muito tempo. Na verdade, este é um autor de que gostei bastante em todos os livros que li (falta-me Os últimos dias dos nossos pais). Assim sendo, logo que este livro saiu quis lê-lo.
      Nesta narrativa vamos encontrar dois detetives que em 1994 descobrem o culpado do assassinato do Presidente da Câmara de Orphea, da sua família e de uma transeunte. Os dois policias Jess Rosenberg e Derek Scott que, na altura, eram jovens acabam por ter aqui a sua grande oportunidade de passarem a ser considerados grandes policias e investigadores, visto trata-se do seu primeiro caso.
      Vinte anos depois, este seu sucesso é posto em causa por uma jornalista que afirma, de forma categórica, que o condenado não era o culpado e que este ainda se encontrava em liberdade. Sem acreditarem nessa afirmação os rapazes não lhe dão a importância devida. Mas a jovem jornalista, Stephanie Mailer, desaparece nessa noite, o que alerta os detetives, agora seniores, para a hipótese de ela estar certa.
     E temos a trama da narrativa feita. A história vai ser contada por vários narradores, que a complementam, e que percorrem tempos distintos, o que me agrada também sobremaneira.
   A trama vai sendo construída de forma clara, inteligente e deixando pendurados os fios que levam o leitor a não querer abandonar o livro.
      A juntar a tudo isto temos a escrita de Joel Dicker que é sempre correta e construtora de um suspense que nos torna parte integrante da própria história. Esta é assim uma escrita de uma beleza tal que a mim me agrada e prende.
      Só uma curiosidade: uma das personagens é um critico cultural, um critico literário, que nos é apresentado como alguém implacável, que apenas é capaz de dizer mal das obras que comenta, sem as ter lido. Para mim este aspeto é tanto mais importante se pensarmos que, por vezes, temos a sensação de que algumas críticas, de alguns ilustres, são feitas sem que este tenha lido o livro.
      Por fim, e voltando ao livro de Dicken mais uma vez este jovem suíço não nos desilude, pelo que aconselho vivamente a sua leitura, salientando que o leitor não se deve assustar pelo tamanho do livro, pois apesar das inúmeras páginas que constituem o livro, nunca temos a impressão que sejam demais. A ler, sem dúvida.

     Sinopse: Na noite de 30 de Julho de 1994, a pacata vila de Orphea, na costa leste dos Estados Unidos, assiste ao grande espectáculo de abertura do festival de teatro. Mas o presidente da Câmara está atrasado para a cerimónia… Ao mesmo tempo, Samuel Paladin percorre as ruas desertas da vila à procura da mulher, que saiu para correr e não voltou. Só para quando encontra o seu corpo em frente à casa do presidente da Câmara. Dentro da casa, toda a família do presidente está morta.

    A investigação é entregue a Jesse Rosenberg e Derek Scott, dois jovens polícias do estado de Nova Iorque. Ambiciosos e tenazes, conseguem cercar o assassino e são condecorados por isso. Vinte anos mais tarde, na cerimónia de despedida de Rosenberg da Polícia, a jornalista Stephanie Mailer confronta-o com uma revelação inesperada: o assassino não é quem eles pensavam, e a jornalista reclama ter informações-chave para encontrar o verdadeiro culpado. 
Dias depois, Stephanie desaparece. 
   Assim começa este thriller colossal, de ritmo vertiginoso, entrelaçando tramas, personagens, surpresas e volte-faces, sacudindo o leitor e impelindo-o, sem possibilidade de parar, até ao inesperado e inesquecível desenlace. 
      O que aconteceu a Stephanie Mailer? 
      E o que aconteceu realmente no Verão de 1994?


segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Os Távoras de Maria João Fialho Gouveia

    Opinião: Maria João Fialho Gouveia aparece com um novo romance histórico, desta vez sobre Os Távoras, essa família tão perseguida pelo ministro de D. José, Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras, Marques de Pombal.
    As personagens principais são duas cunhadas D. Mariana Barbara e D. Teresa Tomásia. E não poderiam ser mais distintas. Enquanto a primeira é muito religiosa e está preocupada com a salvação do mundo, da sua alma e a importância em louvar Deus sob todas as coisas, a segunda acaba por se tornar amante do rei, estando muito mais interessada na luxuria, nas festas, e na sua felicidade no momento, no aqui e agora.
    Na verdade, o interessante neste livro é verificar que a família acaba por ter no seu seio um conjunto de pessoas completamente diferentes, mas que, acima de tudo, defendem o poder e o nome que assinam. Apesar das críticas, dos afastamentos e até dos contrastes, nos momentos de crise, nomeadamente aquando do terramoto de Lisboa, a família acaba por se proteger e por se unir por forma a que todos se salvem.
    Outro aspeto a salientar é o rigor histórico que a Maria João Fialho Gouveia põe na construção e desenvolvimento dos seus livros. Neste caso é tanto mais importante pois existe a ideia, incorreta, de que a família Távora deixa de ter descendentes após o tempo do Marques de Pombal, o que não corresponde, de todo, à realidade. Mais ainda, a autora fez uma escolha feliz ao centrar a ação do livro, no tempo anterior à perseguição e fuga, mostrando assim um clã que se souber divertir nos momentos certos ao mesmo tempo que construía o seu poder financeiro e social e, simultaneamente, desenvolvia a sua capacidade de sobrevivência.
    Por fim de notar a forma como o livro está escrito. Sem artificialismos, mas com uma correção linguística e literária que acaba por nos envolver e consegue levar-nos, como que de forma cinematográfica, a um tempo que não é o nosso. Realço a descrição do Terramoto de Lisboa, que é de um realismo e de um rigor histórico ímpar ao mesmo tempo que constrói uma descrição literária sublime.
    É, pois, uma obra que recomendo sem dúvidas algumas, para quem gosta de romances históricos em particular, ou para qualquer leitor que queira, para este verão, um livro com uma boa história e bastante bem escrito.

    Sinopse: Esta é a história da nobre família Távora, aqui contada na voz de Dona Mariana Bernarda e Dona Teresa Tomásia, duas senhoras desta ilustre Casa, que viveram em fausto e glória até o futuro marquês de Pombal tentar apagar a sua semente da face da Terra.

     Apesar de unidas pelo sangue e pela vaidade da sua estirpe, as duas fidalgas não podiam ser mais diferentes uma da outra. A primeira era uma mulher religiosa e recta; já a segunda - sua tia e cunhada - entregava-se sem pruridos a uma vida de luxúria, vivendo um romance pecaminoso com El-rei de Portugal.
    A altivez e o poder dos grandes Távoras muito incomodavam a Sebastião José de Carvalho e Melo, Secretário de Estado. Tanto que, quando D. José I é vítima de um intrigante atentado, Sebastião José, futuro marquês de Pombal, tratou de os inculpar, prendendo-os em masmorras e conventos, sem poupar mulheres nem crianças. O Tribunal da Inconfidência, a que presidiu, torturou os réus e condenou-os a mortes cruéis. Por fim, baniu-lhes o nome, picou-lhes as armas de família, julgou tê-los calado para sempre. Mas tê-lo-á conseguido?






sexta-feira, 17 de agosto de 2018

O amor da minha vida de Clare Empson

      Opinião: (Ele era) O amor da minha vida (até eu o destruir) foi um livro que me chamou a atenção pelo título e o jogo que é feito com as expressões que o completam. Esta foi uma leitura conjunta, algo de que estou a ficar fã, com a Maria João Diogo e a Vera Brandão.
     E o livro é muito bom. Sendo um romance de estreia (espero que a autora continue a escrever) não sabia nada sobre esta obra. Tirando a ‘ironia’ do título, não tinha lido nada, nem sequer a sinopse presente na badana.
     O livro conta a história de Catherine que é casada com Sam de quem tem dois filhos. E quando o romance começa a jovem está internada pois sofre de mutismo, ou seja, não consegue falar. Não sabemos porquê, nem qual o acontecimento que o provocou, apenas acompanhamos os pensamentos de Catherine durante as visitas que tem ou durante as suas sessões de terapia.
     Como o livro se passa em três tempos (Agora, Quinze anos antes e Quatro meses antes) ficamos a saber que o grande amor desta jovem não é o seu marido, mas sim Lucian, a sua paixão de juventude, e o qual ela, inexplicavelmente, abandonou uma noite, sem qualquer justificação, após terem vivido o seu amor durante meses. Sabemos ainda que quatro meses antes os dois se tinham reencontrado, e, este tempo, é-nos contado pelas duas personagens, ou seja, nós sabemos o que ambos pensam e como vivem os acontecimentos.
    É sabido que livros com tempo diferentes, na generalidade, me agradam bastante e este está muito bem construído, pois podemos desvendar o que despoletou determinada atitude num determinado tempo, sem com isso nos solucionar o ‘Agora’ e nos justifique o estado em que Catherine se encontra.
    A partir do momento em que sabemos o que aconteceu há quinze anos e levou a jovem a abandonar o amor da sua vida, a narrativa começa num crescente que se consegue sentir na própria escrita da autora. A narração da história está muito bem feita, sendo que a descrição das personagens e dos meios onde se movimentam acabam por construir todo um cenário intrigante e interessante.
     O final, e ultimamente os finais não têm sido perfeitos, é soberbo, pois nada nos prepara (a mim não preparou de certeza) para as ações e os acontecimentos com que nos deparamos. Não deixa pontas soltas sendo, pois, uma narrativa fechada, da qual já tinha saudades.
     De qualquer forma este é um livro que recomendo sem dúvida.

     Sinopse: CATHERINE deixou de falar. Algo a perturbou de tal forma que não consegue comunicar. Ninguém sabe o que foi. Para a ajudarem, os médicos terão de desvendar esse mistério. E começar pelo seu passado… por ele. LUCIAN. O grande e único amor de Catherine, a quem ela abandonou uma noite, sem qualquer explicação, estilhaçando a vida de ambos. Anos depois, Catherine e Lucian voltam a encontrar-se. Tudo pode acontecer pois a paixão que os uniu mantém-se… mas sobre eles pesa ainda o segredo daquela noite fatídica. Catherine sabe que chegou o momento de o revelar. Será a verdade capaz de salvar este amor imenso que nem o tempo conseguiu esmorecer? Ou irá destruí-los de novo, arrastando-os irremediavelmente para o abismo? O que acontece a seguir está na origem do silêncio de Catherine. O que acontece a seguir… é a única coisa que ninguém podia prever.




quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Noite Fantástica em Sesimbra

Ontem, na Feira do Livro de Sesimbra, foi a Noite da Fantasia com a presença de Rafael Loureiro e Sandra Carvalho os autores da trilogia Nocturnus e da Saga das Pedras Mágicas. E também eu estive lá pois os dois escritores tiveram a amabilidade de me convidar para falar um pouco sobre a obra deles e a minha experiência enquanto sua leitora.
Foi um prazer e uma honra fazer parte de uma mesa tão ilustre. A noite estava fria, mas o ambiente que se gerou foi acolhedor e intimista. Assim sendo acabei por relatar o meu percurso enquanto alguém que acompanhou a obra destes autores quase desde o seu início.
Assim sendo, referi que Rafael Loureiro apresentou cedo a sua obra às editoras apesar de apenas a ter publicado depois do sucesso de Stephenie Meyer. Os seus vampiros, nomeadamente a sua personagem principal, são homens que perderam a sua humanidade, mas que não esquecem a necessidade de seguir as regras e os princípios básicos dessa mesma humanidade. Este seu último livro Cinzas de um mundo novo, sendo uma distopia, acaba por ser uma visão futurista de um mundo que esperemos não passe de uma imaginação deste autor. É também um livro que poderá ser visto como um policial, sendo a personagem principal, um agente da autoridade. No entanto considerei que é importante dar-se importância aos nossos autores, ainda por cima quando são bons como Rafael Loureiro, e editá-los não esperando que as ‘modas’ venham do estrangeiro.
Quanto a Sandra Carvalho e à sua obra realcei a importância que esta autora dá às suas mulheres, narradoras e personagens principais das suas histórias. Todas elas se passam no passado, mas as figuras femininas acabam por ser damas, aparentemente frágeis, mas que, quando as situações se colocam, elas assumem o seu papel, lutando ao lado dos seus homens, pelas suas terras ou pela sua própria independência, mesmo que para isso tenham que se vestir e passar por homens. Nestas obras é de realçar ainda a convivência entre a fantasia e a História (seja a dos celtas, seja a nacional), sem pôr em causa o rigor científico que esta última merece. Referi ainda a homenagem que a escritora faz à sua terra Sesimbra, na sua última trilogia, com uma descrição das mais bonitas que li não só da terra, mas também da forma como as pessoas recebiam quem aqui aportava e vinha por bem.
Depois dos escritores apresentarem a sua história e as suas obras houve uma sessão de autógrafos. Foi, pois, uma noite de homenagem à literatura e aos autores portugueses, o que será, sempre, um momento maior. Aos dois escritores gostaria de, mais uma vez, agradecer a honra e o prazer que foi fazer parte desta noite fantástica. Muito obrigada.






quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Não sou o único de Helena Reis

      Opinião: Como é que eu, sendo fã dos Xutos e Pontapés desde que me lembro, só agora li a biografia do Zé Pedro escrita pela sua irmã Helena Reis? Mistério.
Quem me conhece e segue o Blog sabe que, ainda por cima, eu gosto de biografias. Embora não seja um género que leia com frequência, terei que rever este aspeto, o certo é que sempre que o faço fico bastante agradada. E este livro não é exceção.
     O Zé Pedro é (não consigo pensar no passado) uma figura incontornável da história do Rock em Portugal. Mais do que as suas atividades dentro dos Xutos o Zé fez e desenvolveu uma série de atividades que ficarão para a história da música portuguesa do seculo XX e da cidade de Lisboa em particular. Fazer uma análise de uma biografia sem introduzir spoilers é difícil, mas vou tentar.
     Permitam-me que comece por dizer que este livro só poderia ser escrito por alguém, como a Helena Reis, que fosse bastante próxima do guitarrista dos Xutos. Tendo a objetividade necessária a este tipo de escrita, e que segundo a autora o próprio Zé Pedro assim desejava, não deixa, nem esconde o afeto e a ligação que existe com o artista. E essa é talvez a primeira novidade para quem não está atenta ao mundo da música. Os roqueiros contrariamente à imagem que é passada são, por norma, pessoas afáveis, simples e de coração cheio. O Zé teve a juntar a esse seu aspeto mais afetivo uma família direta ou indireta que o rodeou, protegeu e amparou (o colo é sempre necessário ao longo da vida) tornando-o nesta pessoa maior que é.
     Não vou contar, na verdade, nada. Mas esclareço que sendo uma seguidora do grupo há anos, o livro tem episódios que me surpreenderam e outros que me esclareceram alguns aspetos dos quais não estava bem certa (não acreditar nas revistas é um princípio básico da vida).
    Assisti ao último concerto dos Xutos onde o Zé Pedro esteve fisicamente presente e assisti às duas recentes homenagens ao Zé, no Rock in Rio e no Super Bock Super Rock. Em ambos os festivais nesses dias fui de propósito para esses concertos e por isso posso afirmar que o espírito a força e a dinâmica do Zé Pedro continua em palco com os outros quatro Xutos que tenho a certeza irão continuar a honrar o seu legado.
    À Helena Reis (senhora simpatiquíssima) um muito obrigada por partilhar connosco o seu irmão e, se me permite dizer, parte do seu coração. Ao Zé Pedro ‘Não Sou O Único’ que te diz Até Sempre.

     Sinopse:Dizem que somos feitos da mesma matéria que as estrelas, que ainda somos seus primos afastados, mas alguns de nós têm um parentesco mais próximo com elas, uma cintilação especial são eles próprios estrelas. É o caso de Zé Pedro, fundador dos Xutos e Pontapés e uma das mais brilhantes estrelas do rock português. Nestas páginas da autoria da irmã Helena Reis, somos convidados a entrar no mundo de Zé Pedro, dos seus sonhos, das suas paixões. Viajamos à sua infância festiva e luminosa, ao estonteante começo dos Xutos e Pontapés, aos amores vividos e sonhados, aos grandes sucessos da banda e ao fervor dos fãs, ao Johnny Guitar e ao panorama musical da época, às incontáveis tournées pelo país e estrangeiro... É uma viagem apaixonante e irresistível a que este livro nos propõe, é a oportunidade única de ficarmos a conhecer por dentro o sonho inabalável de um homem que mudou para sempre a história do rock português." 




segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Uma verdade simples de Jodi Picoult

   Opinião: Jodi Picoult é definitivamente uma autora de que eu gosto particularmente. Este seu último livro, Uma verdade simples, vem provar a forma didática, mas bastante interessante como a autora desenvolve os seus livros.
    Numa comunidade Amish é descoberto o cadáver de um recém-nascido, sendo que a jovem suspeita pelo crime não admite sequer que tenha estado gravida. Katie Fisher faz parte desta comunidade e é alguém que interiorizou as regras do grupo a que pertence e pretende viver segundo elas. Quando se vê envolvida neste processo vai ter a ajuda de Ellie Hathaway, uma advogada que está a viver na casa da tia de Katie (banida daquela sociedade por se ter apaixonado por alguém que a ela não pertencia) e que, desiludida com a grande cidade, e com a pessoa com quem vivia, vai para descansar e se recompor emocionalmente.
     As duas mulheres acabam por se unir por necessidade e o leitor assiste às diferenças entre o ‘nosso’ mundo e vida ‘simples’ dos Amish. Assim se constroem 477 páginas de puro prazer, em que não conseguimos parar de ler e de consciencializar as diferenças entre as duas comunidades.
     Não vou falar sobre a forma superior como Jodi Picoult utiliza a escrita para expôr as suas ideias, pois já várias vezes a referi e acho que hoje em dia ninguém dúvida da mesma. Mas este livro consegue ainda ser superior, visto que alia a tudo o que já sabemos que vamos encontrar (assunto polémico e difícil, cenas de tribunal, …) um aspeto didático pela forma como nos é dado a conhecer um modo de vida que, não sendo igual ao nosso, tem regras e princípios bem definidos, respeitados pelos seus seguidores.
      A história tem um fio condutor bastante bem delineado, não deixando nunca de ser, nos momentos certos, surpreendente. Embora o final não tenha sido uma novidade (era uma das minhas suspeitas) não deixa de estar muito bem construído e a forma como nos é revelado está muito bem escrita.Trata-se, pois, de um livro que recomendo a toda a gente, sem qualquer dúvida.
     Quero agradecer à Maria João da Biblioteca da João e à Barbara Rodrigues do The Life of a Bookcatcher pela agradável forma como leram este livro comigo. Meninas obrigada e espero que tenhamos oportunidade de fazer mais leituras conjuntas.

     Sinopse: A descoberta de um bebé morto num celeiro dos amish abala profundamente a comunidade. Mas a investigação policial conduz a uma descoberta mais chocante: há provas circunstanciais que sugerem que foi Katie Fisher, uma jovem amish solteira de dezoito anos, que se julga ser a mãe do bebé, que lhe tirou a vida. Quando Ellie Hathaway, uma advogada desiludida da grande cidade, chega a Paradise, na Pensilvânia, para defender Katie, dá-se um choque entre as duas culturas e, pela primeira vez na sua carreira fulgurante, Ellie enfrenta um sistema de justiça muito diferente do seu.

    Mergulhando profundamente no mundo daqueles que vivem uma «vida simples», Ellie terá de chegar a Katie. E, ao desvendar uma morte complexa, Ellie é obrigada a olhar também para dentro de si, para confrontar os seus medos e desejos quando um homem do seu passado entra de novo na sua vida.



sexta-feira, 10 de agosto de 2018

A indomável Miss Bridgerton de Julia Quinn

     Opinião: Julia Quinn está de regresso e com uma nova serie (Série Rokesby) da qual este A Indomável Miss Bridgerton é o primeiro volume. De referir que o título remete obviamente para a série mais conhecida e estimada desta autora. E tem tudo a ver, pois agora ficamos a saber o início de toda a saga já nossa conhecida.
    Esta série vai juntar a família Bridgerton, através da personagem da jovem Billie com a família Rokesby sendo, neste caso a personagem principal o primogénito George. Billie é uma moça que vive com os pais na quinta que pertence à família e que faz fronteira com a dos Rokesby. Esta Maria rapaz acaba por brincar com os seus vizinhos, todos homens, exceto Mary a sua melhor amiga, criando-se assim, junto dos progenitores, uma vontade de se tornarem realmente família pelo matrimónio. Billie considera mesmo que esse poderá ser o seu destino, lamentando apenas não suportar o irmão mais velho e herdeiro do título.
    Por sua vez George também não se sente encantado pela sua vizinha que considera pouco feminina, com opiniões demasiado definidas para uma mulher, atrevendo-se, mesmo, a ajudar o pai no governo da sua quinta e usando calças para montar a cavalo.
     Mas às vezes nem tudo o que parece é. Os dois jovens acabam, por ironia do destino, por se juntar numa situação inusitada, que os aproxima, mais do que qualquer um quer assumir perante os outros e perante si mesmo. Na verdade, ambos tentam negar a atração que é cada vez mais forte.
    Este livro acaba por ser bastante divertido, pois Quinn através dos diálogos, pensamentos e considerações que fazem sobre as situações e os seus sentimentos torna a visão do leitor tão completa que conseguimos ter a noção das más interpretações em que ambas as personagens incorrem levando-as a criarem factos onde eles não existem.
     Continuo a sentir que nestes livros as heroínas estão sempre à frente da sua época e acabam por nos mostrar que são muito menos submissas do que o que era espectável para o seu tempo.
    Não querendo contar mais do que devo, posso concluir que este livro é tão interessante e engraçado como os outros de Julia Quinn, não deixando de ser um bom exemplo da escrita da autora. Agora resta apenas aguardar pela publicação do resto desta série.


     Sinopse: Por vezes, o amor surge nos lugares mais inesperados…Não é o caso, desta vez.Todos esperam que Billie Bridgerton se case com um dos irmãos Rokesby. As famílias são vizinhas desde sempre, e Edward e Andrew os eternos companheiros de brincadeiras de Billie. Tanto um como o outro dariam um excelente marido.Por vezes, apaixonamo-nos pela pessoa que seria perfeita para nós...Outras vezes, não.Há apenas um Rokesby que Billie não tolera de forma alguma: George. Pode ser o mais velho, e o herdeiro do título, mas é arrogante e irritante. Ainda por cima, o ódio é mútuo, algo que lhe convém na perfeição.Mas, por vezes, o Destino tem um sentido de humor perverso...Pois quando Billie e George ficarem a sós… (certamente no mais inusitado dos locais!) e os seus lábios relutantes finalmente se unirem num beijo, os dois poderão vir a descobrir que a pessoa que não suportam pode bem ser aquela sem a qual não conseguem viver.Os fãs dos Bridgerton – para os quais o fim da saga foi o fim do mundo – têm agora uma nova razão para viver. A série Rokesby – que é uma prequela às tão adoradas histórias da família mais extravagante da Regência – não só os traz de volta como conta como tudo começou… 



quarta-feira, 8 de agosto de 2018

O homem nas sombras de Phoebe Locke

     Opinião: Começo por agradecer à Maria João da Biblioteca da João e à Vera Brandão da Menina dos Policiais o facto de terem lido este livro comigo. Se assim não fosse provavelmente não teria conseguido acabar esta leitura.
     Passo a explicar. Para mim a leitura foi iniciada com uma série de espectativas e achando eu que seria um dos grandes thrillers deste ano. Passado em vários tempos (como eu gosto), com diferentes narradores (melhor) e histórias que se cruzavam construindo uma saga familiar (ouro sobre azul). Todos os ingredientes para ser um grande livro e do meu agrado. Só que as premissas eram as certas, mas a conclusão foi diferente do esperado e posso dizer que não gostei da forma como a história foi apresentada.
   O livro acaba por não ter suspense, é bastante parado, e a ação não desenvolve, entre a página 100 e a 200 tive a sensação de que não aconteceu rigorosamente nada e que, não ficamos a saber nenhum elemento que fosse importante ou decisivo para o desenvolvimento e avanço da história.
      A obra de Phoebe Locke tem como ponto de partida uma lenda, e depois de ler a badana do livro estava à espera de algo tipo o Às Cegas que gostei bastante. Mas nada. A narração acaba por ser morna, sem acontecimentos que a façam avançar.
   Restava o final. Desilusão. Tudo acaba sem nexo e sem que os acontecimentos que levam ao desfecho sejam interessantes. O final é tão morno como o desenvolvimento.
        Acho que nunca escrevi tão pouco nas opiniões sobre um livro e raramente dou menos de três estrelas a uma obra, mas a verdade é que este livro não conseguiu captar, minimamente a minha atenção e o meu interesse pelo que não posso dar mais de duas estrelas.
      Mais uma vez um obrigada às minhas colegas de leitura pois de outra forma acho que não teria conseguido acabar o livro.

    SinopseUm assassínio sem sentido. Uma lenda maléfica. Uma família perseguida.
    1990: Nas profundezas da floresta, três raparigas consagram-se a uma figura sinistra.
    2000: Uma jovem mãe desaparece, abandonando o marido e a filha bebé.
    2018: Uma adolescente é acusada de assassínio e o seu julgamento chocará o mundo.
   Três acontecimentos arrepiantes ligados pela sombra que ele lança. Ele é o Tall Man. Ele pode fazê-lo sentir-se especial.
  Um romance que se destaca pela originalidade e ousadia e por um fim verdadeiramente inesperado. 



segunda-feira, 6 de agosto de 2018

A Dama e o Vagabundo de Cheryl Holt

        Opinião: Cheryl Holt é uma escritora que chegou cá a casa por via dos romances eróticos. Assim sendo estava à espera que este livro fosse também ele uma obra com grande carga erótica. Mas a verdade é que não o é. Trata-se muito mais de um romance, com alguns momentos bem divertido, onde o erotismo é pouco, leve e secundário. A história acaba por ser muito interessante e não faz falta, à mesma, mais cenas eróticas.
      Michael é um jovem dono de vários estabelecimentos entre os quais uma casa de jogo, de onde consegue dominar todo o bairro onde o seu antro se situa. É um órfão que não tem recordações precisas das suas origens, embora por vezes lhe venham à memória imagens que não entende e não consegue perceber se se trata de recordações ou se são fruto da sua imaginação. No entanto essas mesmas imagens não o preocupam, e ele, embora se sinta inquieto e curioso, não perde tempo a pensar nelas.
       Por sua vez, Magdalena é uma jovem donzela, de boas famílias, que tendo sido traída pelo seu noivo, acaba a dirigir uma missão para os mais desfavorecidos, na mesma rua onde Michael mora e trabalha. E o encontro, inevitável, dos dois acaba por se dar, sem que nenhum consiga explicar ou fugir da atração que sentem um pelo outro.
       O destino vai acabar por dar uma ajuda levando a que sejam ‘obrigados’ a conviver a se relacionarem. Este é um livro em que o erotismo está, nitidamente, em segundo plano, estando o romance e as situações divertidas como elementos centrais para a construção do mesmo. Com uma escrita clara e correta Cheryl Holt cria uma narrativa que nos envolve e leva de situação em situação, sejam elas, divertidas, amorosas ou dramáticas, sem que o leitor consiga largar o livro e tenha conhecimento do desfecho destas personagens.
      Este é, pois, um romance ótimo para se ler neste verão e que não pode sequer ser criticado por excessos descritivos, levando assim a uma leitura prazerosa para qualquer tipo de leitor. De referir ainda que este livro é o primeiro volume da série Homens Perdidos, pelo que ficaremos à espera da publicação dos quatro volumes  seguintes.



        Sinopse:Órfão desde cedo, MICHAEL SCOTT viu-se obrigado a enfrentar a dureza e a solidão das ruas de Londres. Não tem memórias do passado mas é atormentado por terríveis pesadelos. É um solitário mas sente que há algo vital e precioso em falta na sua vida. O seu espírito indomável, porém, fez dele um vencedor. Tornou-se um homem rico, poderoso… e perigoso. Mas como pôde uma criança tão desprotegida singrar tão espetacularmente? Conseguirá um dia descobrir a verdade sobre si próprio?
    MAGDALENA WELLS dirige uma obra de caridade nos bairros mais degradados da cidade. Conhece bem a reputação de Michael, mas nem por isso deixa de sucumbir a uma espécie de feitiço quando finalmente se encontra frente a frente com ele. Michael é a pessoa mais extraordinária que ela alguma vez conheceu. Como pode um rufia ser tão distinto e bem-sucedido? Qual é a sua verdadeira história? Conseguirá Magdalena ajudá-lo a desvendar os segredos que ele tanto procura descobrir?
         E assim começa uma nova série da nossa favorita CHERYL HOLT. A Dama e o Vagabundo é o primeiro volume da saga Homens Perdidos, onde a autora tece habilmente uma história sobre a importância da família, do amor e da lealdade.





      Nota: Neste mês de agosto, mês de férias, vou tentar publicar três vezes por semana (segunda, quarta e sexta), para que assim possam acompanhar as minhas leituras. Fiquem por aí, que eu vou tentar manter este ritmo.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Cebola crua com sal e broa de Miguel Sousa Tavares

        Opinião: Miguel Sousa Tavares é um autor que me despertar algumas ambivalências sentimentais. Como comentador não o consigo ouvir, mas como escritor acho que é bastante interessante. No entanto, um saudoso escritor, e que fez o favor de ser meu amigo, dizia que não podemos avaliar o autor pelo homem e eu assim tento fazer com Sousa Tavares.
     Foi por isso que arranjei uma situação de compromisso: não compro os livros e peço empestados. Assim sendo, quero agradecer à Maria João Diogo a sua amabilidade e disponibilidade para me emprestar o livro. Ela é a responsável pelo Blog A biblioteca da João que aconselho vivamente a irem ver, caso ainda não conheçam.
       Mas vamos a este Cebola crua com sal e broa que foi publicado pelo Clube do Autor em maio. Não se trata de um romance, nem mesmo de um livro de viagens como é habitual neste autor. Quando muito é uma viagem ao seu passado, à sua vida e aos vários aspetos que condicionaram e o tornaram no homem que é homem.
     Sendo uma obra muito mais intimista do que as suas habituais e onde o escritor acaba por revelar honestamente (se por ventura há honestidade em literatura) a sua alma e os seus pensamentos e sentimentos, Miguel Sousa Tavares conta-nos algumas das circunstâncias da sua vida, das suas opções e de como construiu as opiniões que hoje todos nós lhe conhecemos.
    O livro é bastante interessante para quem, como eu, se interessa pelo passado recente do nosso país, pelas várias visões que uma mesma história pode ter, aliadas a uma vivência com todos os grandes do seculo XX, incluindo aí a sua mãe Sophia e o seu pai Francisco.
    No entanto eu achei que em toda a descrição existia uma certa ironia, associada a uma certa amargura que vai ao encontro das suas afirmações enquanto comentador. Pareceu-me que o autor viveu momentos únicos e interessantes, embora, em certas conjunturas se note um algum fel, como se ainda não tivesse feito as pazes com o passado.
       No final foi uma obra que gostei de ler, pois também há momentos, em que a sua história é a história de todos nós enquanto povo. Se concordo com tudo? Não. Se aquela é a minha visão? Em certos aspetos também não, embora eu tenha sido mais espetadora, e o autor mais interveniente.
     Por isso, e a pesar de todas as reservas, é um livro que aconselho sem dúvida nenhuma.


       Sinopse: Eterno contador de histórias, o autor dá vida aos seus primeiros anos: da infância à juventude, dos jornais à política. O testemunho de uma vida única com a História contemporânea de Portugal como fundo.
       Uma quinta no Marão e a escola igual para todos. Os Verões nas praias da Granja e de Lagos. "Melville" e a pesca da lula «ao candeio». Uma casa diferente e alternativa. Marcelo e as lutas estudantis. O pai e o 25 de Abril. A PIDE e as loucuras do PREC. O trabalho no Estado. A liberdade nos jornais e o fascinante mundo da televisão. Soares, Guterres e Sócrates. As paixões pelo jornalismo e pela literatura. As promessas de vida cumpridas e as juras por cumprir...
     «Pode um homem viver impunemente começando a sua infância numa aldeia do Marão, comendo cebola crua com sal todas as merendas? Daí saltar para o mundo cinzento e as manhãs submersas da vida salazarenta da Lisboa dos anos sessenta? Acordar na manhã luminosa do 25 de Abril e descobrir que, afinal, éramos todos anti-fascistas e revolucionários e, logo depois, ir ao encontro do mundo e descobrir-se a si mesmo como uma testemunha privilegiada de tempos incríveis que, não os narrando, teria sepultado para sempre na cinza dos dias inúteis? Declaro que vi. E, por isso, conto. Antes que a água tudo lave e apague.»