segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Limões na Madrugada de Carla M. Soares

     Opinião: Confesso, envergonhada e triste, que este é o primeiro livro que leio da Carla M. Soares. Envergonhada porque tenho todos os livros dela, que aguardam na estante a sua vez. Triste porque só agora percebo o que tenho estado a perder.
    Esta história de Adriana e da sua família está muito bem escrita e muito bem contada. Adriana foi bastante jovem para a Argentina e acaba por regressar a Portugal devido a uma herança deixada por uma tia paterna de quem ela tem escassas memórias.
   É, pois através deste acontecimento que a personagem principal do livro e o leitor vão descobrir o que aconteceu no Porto, e que levou à ‘fuga’ do pai de Adriana para o continente americano, terra natal do lado materno da sua família. Por outro lado, e com tempos diferentes que se cruzam vamos, também, tendo conhecimento da vida desta jovem na Argentina e de como se deu todo o seu crescimento até ao regresso a Portugal.
   Tratando-se de uma mini saga familiar, a história retrocede apenas duas gerações, o livro acaba por nos dar uma história que não sendo comum poderá acontecer com qualquer um de nós. Mas a parte mais atraente deste livro, na minha opinião, é a forma como Carla M. Soares trata e caracteriza as suas personagens. Na verdade, neste livro não há heróis. Há pessoas, gente com qualidades e defeitos, em alguns mais defeitos que qualidades, mas gente que vive a vida como a sente, como o destino lhe permite, pedindo desculpa ao errar e avançando sem temer esses mesmos erros.
   Adriana tem ela mesmo, ao longo do livro, uma construção enquanto mulher que a vai fazer crescer e reconhecer as prioridades da sua vida. Não acho, como diz na capa, que ela não devesse vir para conhecer o seu segredo. Considero que ela se tornou mais forte, mais mulher, mais ela, depois de ter descoberto as suas raízes, por muito nefastas que sejam. Como diz o poeta só sabendo é que poderemos trilhar o nosso caminho e saber para onde devemos ir. Adriana quando acaba esta façanha sabe perfeitamente o que quer fazer da sua vida, tendo consciência do que depende e não depende dela mesma.
   Com uma capa lindíssima, diz a publicidade que este livro é “Emocionante como Allende. Misteriosa como Ferrante. Portuguesa como Agustina”, e diz bem. Achei o ambiente onde se passa a ação semelhante ao de alguns livros de Agustina, sem ser imitativo. Tal como com Isabel Allende aqui as personagens principais são mulheres, reais, sem heroísmos pouco plausíveis, mas as lutadoras, defensoras dos seus ideais e da sua vida. No entanto, agradou-me e prendeu-me mais que Ferrante.
    Como tal Limões na madrugada é um livro que recomendo vivamente e certamente me fará tirar as outras obras da autora da estante. Talvez assim a vergonha passe. 

Sinopse: Ansiosa por regressar à Argentina, mas presa a Portugal, distante do homem que ama e da mulher com quem vive, Adriana está perante um dilema universal e intemporal: manter-se comodamente na ignorância ou desvendar o passado da família, como se de um caso policial se tratasse, enfrentando assim aquilo de que andou a fugir toda a vida, por mais doloroso que seja.



Num jogo magistralmente imaginado pela autora, entre a vida atual de Adriana e os ecos do Portugal antigo, machista e violento dos seus pais e avós, esta história, de uma família e dois continentes, é uma viagem entre o presente e o passado, uma ponte sobre o fosso cultural que separa as gerações, um tratado sobre tudo aquilo que a família pode fazer à vida de um só indivíduo.



Entre a sombra e a luz, deixando que por vezes os silêncios falem mais alto do que as palavras, Limões na Madrugada é um romance sobre o amor incomum, o poder da família e a necessidade da coragem.


UMA HISTÓRIA TÃO SUBTIL QUANTO IMPLACÁVEL. 


quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Melodia Inesperada de Jodi Picoult

     Opinião:Continuando o projeto Um ano com a Jodi este mês li Uma Melodia Inesperada. O livro é de 2011, quer o original, quer a tradução portuguesa, mas continua, infelizmente, bastante atual.
   Zoe está há 10 anos a tentar engravidar e quando parece que tudo está a correr bem, sofre um aborto espontâneo, de onde nasce um nado-morto. Depois, e por saturação, acaba por se divorciar do seu marido Max.
   Max acaba a viver em casa do irmão e aproxima-se da Igreja da Glória Eterna enquanto Zoe acaba por se aproximar de Vanessa, com quem inicia uma relação homossexual. Tudo estaria enquadrado, caso não fosse a existência de três embriões congelados que ambas as partes requerem para si. Zoe e Vanessa querem ter filhos, Max quer doá-los ao irmão e à cunhada, que também têm problemas de fertilização. No meio, uma igreja que não aceita a homossexualidade e que, simultaneamente, se quer promover.
   Com este pano de fundo Jodi Picoult constrói a história a partir de três vozes, Zoe, Vanessa e Max, sem se deter nas argumentações dos vários pontos de vista das personagens.
 Como sempre a autora põe-nos a pensar, percebendo nós que os acontecimentos e as consequências destes na vida das pessoas nunca é monocromática. Na verdade, e independentemente do que achamos, os seus livros e as suas histórias mostram-nos os diferentes lados do problema, quer ele seja religioso, social ou mesmo jurídico.
  Não querendo contar pormenores, de forma a não comprometer uma futura leitura, posso afirmar que nem as religiões, nem o sistema jurídico americano ficam muito bem vistos neste livro. O problema é que podemos facilmente extrapolar estas considerações para a Europa ou mesmo para o nosso país. Os desígnios de alguns representantes das diferentes religiões e as leis, muitas vezes esquecem as pessoas e os seus sentimentos, para se basearem no que está escrito, ou na manipulação que podem fazer com esses mesmos escritos.
   Sendo um livro que se lê muito bem, mais uma vez fiquei agradada pelo facto de cada voz ter um tipo de letra diferente. Este simples facto permite-nos identificar a personagem que fala mesmo que, por qualquer motivo tenhamos de interromper a leitura, sem ter que ir ver quem fala, no início do capitulo.
   Este é, pois, um livro sobre diferentes assuntos perfeitamente atuais e que vão sendo, uns mais que outros, analisados através da escrita da Jodi. De referir, ainda, que a profissão da Zoe, terapeuta musical, poderia ter sido mais explorada, pois pareceu-me bastante interessante o seu nível de intervenção. É, no entanto, uma obra onde quem vence são as pessoas e o seu bom carácter, o que nos dá uma esperança em relação ao futuro, neste mundo tão violento.
    Apesar de o livro ter seis anos esta é uma leitura que recomendo. 

    Sinopse:Zoe Baxter passou dez anos a tentar engravidar e, quando parece que este sonho está prestes a realizar-se, a tragédia destrói o seu mundo. Como consequência da perda e do divórcio, Zoe mergulha na carreira como terapeuta musical. Ao trabalhar com Vanessa, o relacionamento profissional entre as duas transforma-se numa amizade e depois, para surpresa de Zoe, em amor. Quando Zoe começa a pensar de novo em formar família, lembra-se de que ainda há embriões dela e de Max congelados que nunca foram usados.




segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Mal Me Quer de M. J. Arlidge

    Opinião: M.J. Arlidge é daqueles autores que eu tenho de ler. E rapidamente. Também sei que quando começo dificilmente consigo parar. 48 horas foi o tempo necessário para ler este seu Mal Me Quer.
    Mais uma vez o autor retoma a inspetora Helen Grace, recém recuperada de um episódio traumático e bastante grave (ver o livro anterior). Esta policia vai ser a primeira testemunha daquilo que parece ser um acidente de viação. Mas a verdade é que se trata de um crime, aparentemente gratuito.
    Se assim fosse o livro teria tomado outro rumo, mas a verdade é que duas horas depois outro assassinato acontece. Relação? Nenhuma. O certo é que uma cidade aparentemente calma se transforma num centro de terror, onde a policia anda sempre um passo atrás dos acontecimentos e dos homicidas. O livro está marcado temporalmente e, em cada capítulo, sabemos quanto tempo passou sobre a ocorrência anterior.
    Helen Grace acaba por ser obrigada a esquecer o seu passado longínquo e recente, por forma a manter a sua atenção num conjunto de crimes que vão proliferando pela cidade, a sua cidade, sem relação aparente. Mas a certeza que todos temos, leitores e personagens,  que estes crimes são brutais e foram, certamente, planeados. A história adensa-se quando consciencializamos que se trata de dois jovens cujas motivações são inicialmente profundamente obscuras. É como se a transgressão fosse gratuita.
    Arlidge continua a escrever capítulos curtos, mas que prendem o leitor e nos  levam a uma leitura compulsiva e viciante. Nada é deixado ao acaso e os factos são dados a conta gotas, mas no momento certo, por forma a prender a atenção ao leitor.
    No final do livro fui ler a sinopse da contracapa e fui ver como o livro se chamava em inglês, bem como a data da edição original, pois as referências politicas existentes são da atualidade, o que me despertou a curiosidade. O livro é deste ano (parabéns à Topseller que soube ser célere na tradução) e chama-se Love Me Not o que nos leva à cantiga de criança para a qual o titulo português e a contracapa também remetem.  Este pode ser visto como uma ironia do autor. Uma lengalenga infantil para assassinatos tão brutais, mas para o leitor, quando acaba o livro, faz todo o sentido, que a obra assim se chame.

    Mais detalhes? Mais pormenores? Nem pensem. Façam a coisa inteligente para quem gosta de trailers. Leiam o livro. E depois digam de vossa justiça, aqui no blog.

    Sinopse: MAL ME QUER
    O corpo sem vida de uma mulher é encontrado no meio da estrada. À primeira vista parece tratar-se de um acidente trágico, mas quando a inspetora Helen Grace chega ao local do crime, torna-se claro para ela que a mulher foi vítima de um assassínio a sangue-frio sem razão aparente.
    BEM ME QUER
    Duas horas depois, do outro lado da cidade, um empregado de loja é morto, enquanto os seus clientes escapam ilesos.
    MAL ME QUER
    Ao longo do dia, a cidade de Southampton viverá um clima de terror às mãos de dois jovens assassinos, que parecem matar ao calhas.
    BEM ME QUER
    Para a inspetora Helen Grace, este dia vai tornar-se uma corrida contra o tempo. Quem vive? Quem morre? Quem será o próximo? O relógio não para…
Se Helen não conseguir resolver este quebra-cabeças mortal, mais sangue será derramado. E, se cometer algum erro, poderá muito bem ser o dela… 


sábado, 18 de novembro de 2017

Visualizações


     Depois de ter conhecido várias bloggers encantadoras e depois de ter durante dois, três anos uma página no Facebook de partilha de opiniões, acabei, por criar este blog.
    No dia 8 de julho senti-me cheia de força e comecei esta aventura. A partir daí a vontade de escrever e partilhar convosco aquilo que leio foi tornando-se mais intensa. E agora quatro meses depois venho que tenho mais de 5000 visualizações. Para outros poderá ser pouco, mas para quem começou pensando que seria um cantinho onde só os amigos, por isso mesmo, porque eram amigos, viriam ler é enorme e surpreendente.
   Agradeço a todos, os que conheço e, principalmente, os que não conheço, pela confiança e demostração de carinho. Peço só que comentem mais, digam se concordam, se discordam, o que acharei. Trocar ideias é a forma de nos abrirmos para o mundo, e este é todo um novo mundo para mim.
   E assim vou continuar, por vontade e divertimento próprio e, porque gosto de saber que estão desse lado. Fico à espera dos vossos comentários.

   Bem-hajam


quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Rutura Mortal de J. D. Robb

     Opinião: Cada vez gosto mais dos livros da J.D.Robb. Acho que gosto ainda mais da Nora Roberts quando ela escreve sobre o seu pseudónimo. A verdade é que a história é sempre atraente, a inspetora Eve e o seu atraente marido Roarke, são duas personagens muito bem construídas mesmo naquilo que os distingue.
     Esta história não foge ao habitual. Eve tem de investigar um duplo homicídio em que a principal suspeita é uma funcionária da empresa de segurança do seu marido. E, ainda por cima, não é uma funcionária qualquer, é a filha da secretária e amiga de Roarke.
     Como se não fosse já o bastante durante a investigação, pois nem Eve nem Roarke acreditam na culpa da executiva, descobrem pormenores sobre o passado da inspetora. Detalhes que podem afastar o casal devido aos diferentes pontos de vista quanto às formas de atuar perante o exposto.
É nesta dualidade que acabam por trabalhar em conjunto, no que ao caso diz respeito, e por se afastar, no que ao casamento se trata.
     Esta ambivalência de sentimentos e ações, acaba por o tornar num livro denso, em que a investigação policial, sempre muito bem descrita e com uma análise psicológica primorosa, nos leva, desta vez, para um conjunto de reflexões dos protagonistas sobre o amor. Muito interessante, pois estas são de tal forma distintas que acabam por acentuar as diferenças entre o casal e demonstram os caminhos diferentes que fizeram na vida até se encontrarem.
     Depois temos todas as personagens secundárias, mas que acompanham este casal, quer seja de forma pessoal, quer seja de forma profissional. Todas elas servem para criar um ambiente que nos envolve e nos cativa. Os diálogos são interessantes e refletem a forma como os outros vêm o casal, quer seja profissionalmente quer seja pessoalmente.
    Sendo uma série passada no futuro, onde os androides se cruzam com os humanos e os gadgets são uma presença assídua, a verdade é que podemos reconhecer muitos dos nossos dilemas e dos nossos problemas, acabando por ser uma série onde o que importa realmente é o ser humano. 

     Sinopse: Reva Ewing é uma especialista em segurança nas empresas Roarke. Agora é também a principal suspeita de um duplo homicídio. Tinha todos os motivos para matar o marido que cometera adultério com a sua melhor amiga.

      Mas a tenente Eve Dallas acredita na inocência de Reva. Os seus instintos dizem-lhe que tudo parece excessivamente planeado no local do crime e, à medida que ela investiga, surgem novos detalhes: a vítima morrera esfaqueada com uma faca de cozinha e foram destruídas informações vitais no seu computador.

     Para Roarke, esse ataque informático constitui a verdadeira ameaça. Ele e Reva preparavam um novo programa para combater terroristas cibernéticos que infetam sistemas informáticos de empresas. E agora, de modo a impedir que um vírus se propague no país inteiro, terão de ser eles a infiltrar-se em organizações secretas… e a lidar com as consequências mortais.


segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Maratona Xmas-a-thon

     Depois de não ter conseguido participar na Maratona anterior proposta pela Elsa não quero deixar de participar nesta. Mas como já estou em duas outras tenho que ver os livros que posso aproveitar, senão não vou conseguir ler tanto livro.
     A maratona decorre entre o dia 15 de novembro de 2017 e 31 de dezembro.
     As regras são muito fáceis: não há  
   O objetivo, claro é completar o máximo de categorias e principalmente divertimo-nos.
    Eis a minha incompleta TBR! Atenção que pode haver alterações.

CATEGORIAS

1| lê um livro cuja ação se passe num país de clima frio: Jogos Cruéis de Ângela Marsons
 
2 | lê um livro com uma história de família: Os anos da inocência de Elizabeth Jane Howard

3 | lê um livro com mais de 400 páginas: Duas mulheres e dois destinos de Lesley Pearse (464 páginas)

4 | lê um conto de natal: Natal Noite de Rui Zink in Vésperas de Natal

5 | um familiar ou um amigo escolhe um livro de várias categorias possíveis (Fantasia, histórico, Romance, Clássico): Não digas Nada de Brad Parks escolhido pela minha amiga Vanessa Silva Martins

6 | lê um livro inspirado pelas imagens que viste (neve, cavalos, renas, norte da Europa, renascimento, ano novo): A boa filha de Karin Slaughter

7 | cria o teu próprio desafio e partilha-o nas redes sociais: O meu desafio não é um são dois:
Ler um livro escrito por uma mulher: Limões na Madrugada de Carla M. Soares
Ler um livro passado em tribunais: Lei e corrupção de Mike Papantonio


8 | Lê um livro de género diferente ao que estás a ler agora (Uma Melodia Inesperada da Jodi Picoult): Romance: Chá e corações partidos da Trisha Ashley


     Será que é desta que eu consigo completar uma Maratona proposta pela Elsa? A ver vamos. Mas vocês vão ao facebook e participem também. 


quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Memórias de uma cortesã de Wray Delaney

     Opinião: Na brilhante capa de Memórias de uma cortesão de Wray Delaney está escrito, e cito: “ Um conto de fadas erótico para adultos”. E é mesmo.
    O livro, embora de 2016, parece um clássico inglês do século XVIII onde se juntam as festas, o poder dos homens nobres, o declínio dos jogadores e a exploração das mulheres pelas figuras masculinas.
   Tully é uma jovem fogosa ignorada pelo pai e que acaba, por força dos acontecimentos, por se tornar meretriz. Ela para além de ser uma mulher lindíssima, sem complexos é também uma jovem e boa alma, que acaba por se mostrar generosa e bem formada. Para além disso tem poderes que a ajudarão em circunstancia nefastas.
   Quando o livro começa Tully está pressa arriscando-se a ir parar à forca. Com esta realidade resolve escrever a sua história de vida e é este flashback que serve de construção literária para a história. Trata-se, pois, de um livro muito bem escrito, em que nos sentimos levados pela descrição da cidade de Londres da época e pelos acontecimentos.
   A construção do espaço é outro aspeto importante e muito bem feito. Os diferentes espaços interiores ou exteriores estão muito bem narrados, sendo esta exposição de uma pertinência absoluta. Vamos da cela da prisão para os espaços amplos e glamorosos do bordel de Queenie, das tabernas para os teatros, sendo sempre correta a apresentação dos lugares ou das próprias personagens ou mesmo no que se refere ao guarda-roupa.
    Não querendo desvendar os mistérios e as aventuras vividas pela jovem cortesã, não posso deixar de referir que o erótico está muito bem tratado e narrado no livro. Não é ofensivo, nem obsceno. Pelo contrário o assunto é tratado com delicadeza e bom gosto. Surge quando deve e, na maior parte das vezes, acaba por ser uma relação amorosa, mais do que um negócio.
   Deixem-me terminar referindo que num momento em que tanto se fala do papel da mulher na sociedade e de violência sobre as mulheres este é um livro que enaltece a figura feminina, as suas competências e o papel que lhe seria devido na sociedade.
     Um livro que aconselho sem dúvida alguma. 

    Sinopse: A jovem Tully chegou a ser a mulher mais desejada de Londres. Agora, todos disputam os melhores lugares para assistir à sua execução. Ela sabe que tem apenas uma hipótese de escapar à forca. Para tal, tem de conseguir contar a história da sua vida à única pessoa capaz de a salvar.
    Nas catacumbas da prisão de Newgate, Tully aguarda... E escreve com a emoção de quem luta pela vida. Casada à força aos doze anos para saldar as dívidas de um pai alcoólico, consegue escapar apenas para ser despachada para o bordel mais sumptuoso da cidade, onde descobre a sua vocação como cortesã. Tully Truegood é órfã, cortesã e aprendiza de um feiticeiro. Será também assassina?
    Pleno de erotismo e realismo mágico, Memórias de uma Cortesã é uma magnífica viagem ao submundo londrino do século XVIII.



segunda-feira, 6 de novembro de 2017

O regresso da primavera de Sveva Casati Modignani

     Opinião: Acabei agora mesmo o novo livro de Sveva Casati Modignani o seu O regresso da primavera, e como sempre gostei bastante. Sveva foi uma autora que conheci há anos num jantar, promovido pela Porto Editora, e que fiquei a admirar. Suave, simpática, simples conversou connosco sem filtros. Depois disso os organizadores do encontro permitiram-nos ter um espaço e um tempo de encontro entre leitores e editores tão afável que algumas de nós ainda hoje estamos em contacto.
     Mas adiante. Este livro da Sveva encantou-me. Em primeiro lugar, fiquei fascinada pelo facto das suas personagens principais serem um professor e uma editora de livros. Tudo a ver comigo: escola e livros. E depois a escrita, a temática e o seu desfecho. Sveva mostra uma visão bastante realista da Itália dos nossos dias (o livro é de 2016), sem refúgios ou contemplações.
     Lorenzo, professor de Geografia Económica é um homem culto, empenhado socialmente, e passa pelas mesmas dificuldades que muitos de nós passamos hoje ao sermos professores, quando tentamos ser na verdade educadores.
     Fiamma cumpre o seu sonho de menina ao integrar uma editora fundada por um amigo de infância, amigo esse, irmão, que lhe mostrou um outro lado da vida, sem entraves ou convenções socias, embora ele mesmo as viva e se esconda dessa mesma sociedade.
     A partir deste casal Sveva mostra-nos o nosso mundo, a Itália de hoje, a crise económica, a crise da educação e, muitas vezes, a crise moral, que assola a Europa. Mostra-nos, no entanto, e simultaneamente, que se lutarmos, prosseguirmos, tentarmos, podemos romper esse estigma e ajudar, mudar, fazer melhor. Mais importante do que o amor o livro valoriza o empreendorismo e a vontade de fazer. Pode ser pouco, pode ser um caso ou dois, mas se todos fizermos melhor, o conjunto do pouco poderá fazer o muito e a diferença.
    O livro acaba de forma surpreendente, pelo menos para mim, embora, na verdade, e tendo em conta a construção das personagens ao longo da história, não pudesse ser outro. 
     Permitam-me uma nota pessoal. Obrigada Sveva pela forma como caracteriza os professores e valoriza o seu trabalho didático e pessoal. Durante a leitura do seu livro senti bastante orgulho em pertencer a uma classe profissional que, certamente, tem bastantes Lorenzos, apesar de nem sempre darmos por eles. 



     Sinopse: Passamos muito tempo a perseguir sonhos que nos escapam da mão, uma felicidade que não se deixa aprisionar. E depois acontece que o melhor da vida se revela num instante, talvez na magia de um encontro inesperado. Como aquele que aconteceu entre Lorenzo e Fiamma, surpreendidos por um amor que nem mesmo eles, provavelmente, acreditavam ser ainda possível.
     Lorenzo Perego, um homem fascinante e culto, é professor de Geografia Económica numa escola profissional de Milão. Poderia ter escolhido um estabelecimento de maior prestígio, mas o ensino é a sua paixão e ajudar jovens com talento numa realidade difícil e muitas vezes desoladora é um desafio que o entusiasma e enriquece.
     Fiamma Morino, com pouco mais de 40 anos, é diretora editorial de uma pequena editora de sucesso que ela própria fundou. Agora que a editora está prestes a sofrer uma drástica mudança de gestão, com que Fiamma não concorda, está disposta a tudo para a defender e continuar a garantir o cuidado e o amor que desde sempre dedica aos seus autores.
     Através das vivências de Fiamma e Lorenzo, conhecemos a Itália de hoje, a da crise da Escola e da Economia, mas também aquela que é feita de pessoas empreendedoras, prontas a arregaçar as mangas e decididas a não se renderem.





quinta-feira, 2 de novembro de 2017

A irmã da tempestade de Lucinda Riley

     Opinião: Primeiro que tudo quero dar os parabéns à editorial Zero a oito pelo facto de ter sido célere a publicar o segundo volume desta coleção de livros da Lucinda Riley, As sete irmãs. Esta saga começou a ser publicada em junho deste ano, com o primeiro volume, e continua agora com a história Ally (Alcíone) a segunda irmã adotada por Pa Salt.
     Este segundo volume passa-se entre a Suíça, onde está a casa patriarcal e a Noruega onde Ally acaba por ir parar seguindo as pistas deixadas pelo pai adotivo para poder descobrir as suas origens. Passo a explicar:
     Pa Salt, homem multimilionário é o proprietário de Atlântida e acaba por adotar seis meninas que viveram consigo, com a ‘mãe’ Mariana e com Cláudia, a governanta. A morte do pai adotivo leva-as de regresso à ilha e a tomar conhecimento das disposições legais que condicionarão o seu futuro. Pa Salt deixou-lhes ainda uma carta individual e pistas que as poderão levar a descobrir as suas origens e a sua família de origem. Tal aconteceu no primeiro volume, respeitante à filha mais velha, Maia, e neste com a filha número dois, Ally.
     Assim sendo Ally que achava ter a vida programada e sem necessidade de procurar nada do que dizia respeito ao seu passado, vai por condicionantes da história, acabar por fazer isso mesmo e descobrir que as suas origens estão na fria Noruega, podendo ter uma ligação familiar com uma lendária cantora do século passado, Anna Landvik.
     O interessante desta saga é a construção que a autora faz da história das irmãs e todo o suspense que as envolve. Na verdade, existe uma sétima pista, para uma possível sétima irmã de que existência se tem conhecimento, mas que nunca viveu na ilha. Para além disso, este pai é um homem bastante misterioso, de que pouco se conhece, chegando as jovens a perceber que, apesar de se sentirem muito amadas e protegidas, pouco ou nada sabiam do trabalho e das ocupações daquele pai que amavam e amam de forma incondicional. No entanto em cada livro vamos descobrindo um pouco mais sobre este homem, embora o mistério também se adense. Outro aspeto notável, e como se parte sempre do momento em que as jovens têm conhecimento da morte de Pa Salt, a história poderia tornar-se repetitiva e pouco atraente. Nada mais falso.
     Outro elemento bastante importante destes livros são as personagens secundárias que acabam por ser uma presença ativa na narrativa, condicionando o comportamento das protagonistas e dando coerência e credibilidade à história, para além de ficarmos a conhecer as suas próprias histórias. 
     Ficamos, pois, à espero que até fevereiro a Zero a oito publique a história de Estrela (Astérope) a terceira irmã, podendo assim os leitores de Lucinda Riley continuarem a seguir os caminhos de vida destas irmãs.

     Sinopse: Em A irmã da tempestade , segundo volume da série As Sete Irmãs, as vidas de duas grandes mulheres separadas por gerações se entrelaçam numa história sobre amor, ambição, família, perda e o incrível poder de se reinventar quando o destino destrói todas as suas certezas. Ally D’Aplièse é uma grande velejadora e está se preparando para uma importante regata, mas a notícia da morte do pai faz com que ela abandone seus planos e volte para casa, para se reunir com as cinco irmãs. Lá, elas descobrem que Pa Salt – como era carinhosamente chamado pelas filhas adotivas – deixou, para cada uma delas, uma pista sobre suas verdadeiras origens. Apesar do choque, Ally encontra apoio em um grande amor. Porém mais uma vez seu mundo vira de cabeça para baixo, então ela decide seguir as pistas deixadas por Pa Salt e ir em busca do próprio passado. Nessa jornada, ela chega à Noruega, onde descobre que sua história está ligada à da jovem cantora Anna Landvik, que viveu há mais de cem anos e participou da estreia de uma das obras mais famosas do grande compositor Edvard Grieg. E, à medida que mergulha na vida de Anna, Ally começa a se perguntar quem realmente era seu pai adotivo.