Opinião: O livro Gritos silenciosos estava na minha estante desde o ano passado. Na
verdade, estava esquecido. No entanto, a publicação da segunda aventura da
detetive Kim Stone, fez-me ir buscá-lo para assim poder ler os livros pela
ordem correta.
E em boa hora o fiz, pois, esta
primeira obra de Angela Marsons acaba por nos dar indicações sobra o passado
pessoal de Kim, que não sei se serão retomados no segundo livro, Jogos cruéis, mas que acabam por
completar a história deste primeiro volume.
Kim tem que investigar, com a sua
equipa, um conjunto de assassinatos cometidos no passado, mas que acabam por
levar à morte, no presente, possíveis testemunhas. Os crimes do passado
passaram-se no terreno de um antigo orfanato, que acabou por ser desativado
após um incêndio. Quanto ao presente Stone percebe que sempre que se aproxima
de alguém que trabalhou no orfanato, e que poderá ajudar a descobrir o
assassino, este aparece morto.
Trata-se, pois, de uma história
baseada num acontecimento passado com projeções no presente. As mortes são
feitas de uma forma bastante violenta, o que acaba por adensar a trama, a
tensão, levando o leitor a continuar a sua leitura, para poder saber quem
praticou atos tão impiedosos.
A construção da
inspetora-detetive acaba por não ser surpreendente, visto que ela tem, como
começa a ser comum, os seus próprios fantasmas, que acentuam de forma marcante
a sua personalidade e condicionam o seu trabalho. Apesar de tudo não deixa de
ser uma construção forte, em que Kim surge como alguém cujo passado é
responsável por muitas das suas atitudes no presente, não só perante os
acontecimentos, mas também perante as chefias e os seus colegas de trabalho e
mesmo a sua inexistente vida pessoal.
A narrativa está bem construída,
não havendo momentos mortos, sendo a coerência e a surpresa uma força
constante. De realçar o final, pois a autora consegue construir uma sequência de
acontecimentos que acabam por ser surpreendentes. E mesmo quando tudo parece
resolvido, enquadrado e coeso, Angela Marsons surpreende-nos com uma
reviravolta que enriquece o livro e a sua construção narrativa. Na verdade, e
tal como é referido na badana, que como sempre li posteriormente, lembra a
construção narrativa de Val McDermid no que respeita à tensão que é mantida até
à última página.
Agora é ler Jogos cruéis e ver se a capacidade discursiva e a qualidade da
descrição dos acontecimentos continuam a manter o interesse e levar-nos a ler
os livros onde Kim Stone é a protagonista.
Sinopse: Cinco pessoas reúnem-se em volta de uma campa rasa. Todos se tinham revezado a cavar. Uma cova para um adulto teria levado mais tempo. Uma vida inocente fora tirada, mas o pacto fora feito. Os segredos deles seriam enterrados, ligados no sangue...Anos mais tarde, uma mulher é encontrada brutalmente estrangulada, o primeiro de uma série de assassínios que choca a região inglesa conhecida como Black Country.Mas quando são descobertos restos humanos num antigo orfanato, são também desenterrados segredos perturbadores. A inspetora detective, Kim Stone percebe rapidamente que procura um indivíduo cruel cujos homicídios se estendem por décadas.Uma vez que as mortes continuam, Kim tem de parar o assassino antes que ele ataque de novo. Mas, para o capturar, será Kim capaz de enfrentar os demónios do seu passado antes que seja demasiado tarde? Os fãs de Rachel Abbott, Val McDermid e Mark Billingham irão ser agarrados por esta excecional nova voz na ficção criminal britânica.
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