segunda-feira, 25 de junho de 2018

Poemas Matizados de Sellma Luanny

Opinião: Como sabem a poesia não é propriamente o meu estilo favorito. No entanto, e em relativamente pouco tempo, este é o segundo livro de poesia que leio. Se o primeiro era de um autor consagrado e conhecido do grande público (ver crítica) este segundo é de alguém não tão conhecido. Trata-se de um primeiro livro (acho), embora eu augure que a Sellma Luanny não ficará apenas por uma obra isolada.
A autora é brasileira e reside em Macau onde exerceu (exerce) medicina. É curioso verificar a quantidade de médicos que são simultaneamente escritores, quase como se precisassem de exorcizar os fantasmas e demónios com que a profissão os ‘obriga’ a conviver.
E a escrita desta poetisa é mesmo isso. Sente-se que se trata de uma poesia vinda de dentro, sentida, onde cada palavra pretende dizer mais do que aquilo que significa, pretende levar-nos a pensar ao mesmo tempo que nos emocionamos.
Todo o livro é constituído por um conjunto de sentimentos que nos dão uma visão da vida, uma visão filosófica. De repente o leitor é levado para um mundo, que sendo o do sujeito poético, acaba por se tornar seu. Mas não é um mundo feito, acabado. É um mundo onde ele tem de refletir sobre o que o rodeia e sobre si mesmo. É um mundo onde as palavras nos encantam como se de sereias se tratassem, pois, embora esteja, aparentemente, tudo dito, essa certeza não é mais do que uma ilusão, um desafio, um engano. A diferença é que as sereias matam enquanto Sellma levamos a pensar na vida e, em última análise, no nosso papel, no nosso lugar, nos nossos sonhos.
Mais um livro de poesia que recomendo. E fico à espera da próxima obra de Sellma Luanny, esperando que surja rapidamente.


1 comentário:

  1. Um século e meio depois, Sellma achou de trilhar trajetória similar à de Gonçalves Dias. Ainda mais ousada, alongou a distância percorrida, mas manteve a proximidade com a língua lusitana.
    Nós que cá permanecemos, saudosos, em vão tentamos argumentar: “Onde vais? Não hás de encontrar palmeiras nem sabiás que nelas cantem como cá!”
    Resoluta como sempre foi, ela seguiu seu destino. Levou pra longe conhecimentos cuja aquisição testemunhamos e cuja aplicação sonhamos - quem sabia? - um dia poder compartilhar.
    Sorte nossa que, de vez em quando, ela releva mazelas que cá persistem tanto quanto os primores descantados pelo poeta, e vem de novo ouvir nossas aves qu’inda teimam em gorjear.
    Idas e vindas que hão de fomentar muitas outras obras. Auguramos todos.

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