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quinta-feira, 12 de julho de 2018

Espelho Quebrado de Agatha Christie

   Opinião: Voltar a Agatha Christie é voltar à adolescência onde li tudo, ou quase tudo o que havia para ler. Confesso que sou muito mais fã de Poirot do que Miss Marple, mas este foi o livro que a autora lançou no ano em que nasci, como era pedido numa das categorias do Book Bingo.
    Assim sendo, temos a nossa astuta velhota que não é capaz de ficar a fazer malha como seria previsível para uma senhora da sua idade. Será, uma vez mais a sua argúcia e a sua inteligência, aliada a uma enorme capacidade de observação, os elementos que vão construir e desconstruir esta história de crime.
    HeatherBadcock fã de Marina Gregg morre na festa que esta última resolveu oferecer na sua propriedade. Sendo Marina uma famosa atriz é natural que o caso chame a atenção de todos e nomeadamente da população de St. Mary Mead, pacata aldeia para onde se tinha mudado.
    E a história está construída. Mas a verdade é que aparentemente não haveria ninguém que lucrasse ou tivesse razões para matar Heather. O que coloca a questão se houve um erro e a vítima deveria ser outra pessoa. Nesse caso quem?
   Miss Marple vai de forma engenhosa resolver o enigma e Agatha Christie vai colocar o leitor perante factos que o levarão para um determinado desfecho, e que, as voltas e as reviravoltas, vão acabar por nos guiar para uma conclusão completamente diferente, e, acabamos por achar, muito mais lógica.
   Foi bom voltar a um romance policial do século passado e ver a diferença de construção da teia narrativa, bem como dos meios científicos que hoje são utilizados pelos escritores deste género literário, sem que nos surpreendam, enquanto que aqui ficamos por provas observadas e ligações inteligentes. A arte do raciocínio e da inteligência que nos thrillers de hoje é complementada com a ciência.

   A autora tem uma escrita clara e, também ela objetiva, o que torna sempre estes romances num prazer acrescido. De qualquer forma continua a ser o ilustre francês a minha personagem preferida desta escritora inglesa. Que me perdoem os admiradores de Miss Marple. 

   Sinopse: St. Mary Mead encheu-se de glamour quando a estrela de cinema Marina Gregg escolheu viver na, até então, pacata aldeia. Mas quando uma fã local é envenenada, Marina dá por si a protagonizar um mistério da vida real - secundada por uma performance arrebatadora de Miss Marple, que suspeita que o cocktail letal estava destinado a outra pessoa. Mas quem? E, se estava de facto destinado a Marina, qual era o motivo? 
   O Espelho Quebrado (The Mirror Crack’d from Side to Side) foi originalmente publicado na Grã-Bretanha em 1962, ano em que seria igualmente publicado nos Estados Unidos sob o título The Mirror Crack’d. Foi adaptado ao cinema em 1980, com Angela Lansbury no papel de Miss Marple, contando ainda com as interpretações de Elizabeth Taylor e Kim Novak. 1992 seria o ano da sua adaptação à televisão, com Joan Hickson como Miss Marple. 






sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Dezanove minutos de Jodi Picoult

     Opinião: Mais uma vez Jodi Picoult. Continuando a participação no projeto Um ano com a Jodi li neste mês de dezembro Dezanove Minutos.  E que livro!
    Estes Dezanove minutos foram o tempo necessário para Peter Houghton, aluno do liceu de Sterling, levar a cabo um ataque armado contra os seus colegas e seus abusadores. Desde o jardim de infância até à semana anterior Peter tinha sido vitima de bulling, físico e verbal, de uma forma constante. Até a sua amiga de infância Josie Cormier conseguiu passar para o grupo dos populares, namorando um dos elementos da equipa de futebol.
     Este resumo levará qualquer leitor que não conheça a Jodi a pensar que o livro é dramático, mas linear.
     Dramático, com certeza. E para quem é mãe ainda mais. Pensar que alguém pode, de um momento para o outro, sem aviso prévio, pôr em causa a vida dos nossos filhos, é o maior pesadelo de um progenitor. E neste livro a autora conta a frustração dos pais em geral e de uma mãe em particular. E isso leva-nos a ter os nossos sentidos e sentimentos sempre alerta. Por outro lado, temos a vivência dos pais de Peter, que não sabem como reagir perante a atitude que o filho tomou. Na verdade, estas pessoas são sempre filhas de alguém, que por motivos vários, não se apercebeu, ou não se quis aperceber do caminho que estes jovens estão a traçar.
    Linear, só se fosse de outro autor. Jodi Picoult não nos deixa nunca ficar na nossa zona de conforto. As suas personagens somos nós, gente normal, que acaba por ter de viver com os seus defeitos, as suas incoerências e as suas frustrações. Na verdade, a história vai mostrando as culpas, mais ou menos assumidas dos jovens, e as descobertas dos falhanços dos adultos. Mas como fazer melhor? Como saber qual o momento certo para avançar e qual o momento para dar privacidade? Como fazer para ser uma boa mãe, ou pai, e, ao mesmo tempo ser um bom profissional? Tudo isto é questionado no livro de uma forma séria e emotiva, sem ser melodramática, no pior sentido.
     Pensei que ao não colocar em discurso direto, por capítulos, as personagens, como é seu hábito, o livro se tornaria menos interessante. Equivoco meu. A autora continua a mostrar-nos os diversos pontos de vista e a dar-nos elementos que nos fazem refletir, mesmo depois de acabada a leitura. Para além disso a obra varia entre o presente e o passado, o que nos faz descobrir todos os factos sobre um acontecimento, ao mesmo tempo que as personagens efabulam sobre ele. 

     Sinopse: Mais uma vez, Picoult aborda um assunto delicado na sociedade contemporânea, um tiroteio no liceu, levantando perguntas como: o seu filho pode tornar-se num mistério para si? O que significa ser diferente na nossa sociedade? É justificável para uma vítima ripostar? E quem – se é que alguém – tem o direito de julgar outra pessoa? Em Sterling, New Hampshire, Peter Houghton, um estudante de liceu com dezassete anos, suportou anos de abuso verbal e físico por parte dos colegas. O seu amigo, Josie Cormier, sucumbiu à pressão dos colegas e agora dá-se com os grupos mais populares que muitas vezes instigam o assédio. Um incidente de perseguição é a gota de água para Peter, que o leva a cometer um acto de violência que mudará para sempre a vida dos residentes de Sterling.