Opinião:Continuando o projeto Um ano com a Jodi este mês li Uma Melodia Inesperada. O livro é de
2011, quer o original, quer a tradução portuguesa, mas continua, infelizmente,
bastante atual.
Zoe está há 10 anos a tentar
engravidar e quando parece que tudo está a correr bem, sofre um aborto
espontâneo, de onde nasce um nado-morto. Depois, e por saturação, acaba por se
divorciar do seu marido Max.
Max acaba a viver em casa do irmão
e aproxima-se da Igreja da Glória Eterna enquanto Zoe acaba por se aproximar de
Vanessa, com quem inicia uma relação homossexual. Tudo estaria enquadrado, caso
não fosse a existência de três embriões congelados que ambas as partes requerem
para si. Zoe e Vanessa querem ter filhos, Max quer doá-los ao irmão e à
cunhada, que também têm problemas de fertilização. No meio, uma igreja que não
aceita a homossexualidade e que, simultaneamente, se quer promover.
Com este pano de fundo Jodi
Picoult constrói a história a partir de três vozes, Zoe, Vanessa e Max, sem se
deter nas argumentações dos vários pontos de vista das personagens.
Como sempre a autora põe-nos a
pensar, percebendo nós que os acontecimentos e as consequências destes na vida
das pessoas nunca é monocromática. Na verdade, e independentemente do que
achamos, os seus livros e as suas histórias mostram-nos os diferentes lados do
problema, quer ele seja religioso, social ou mesmo jurídico.
Não querendo contar pormenores,
de forma a não comprometer uma futura leitura, posso afirmar que nem as
religiões, nem o sistema jurídico americano ficam muito bem vistos neste livro.
O problema é que podemos facilmente extrapolar estas considerações para a Europa
ou mesmo para o nosso país. Os desígnios de alguns representantes das
diferentes religiões e as leis, muitas vezes esquecem as pessoas e os seus
sentimentos, para se basearem no que está escrito, ou na manipulação que podem
fazer com esses mesmos escritos.
Sendo um livro que se lê muito
bem, mais uma vez fiquei agradada pelo facto de cada voz ter um tipo de letra
diferente. Este simples facto permite-nos identificar a personagem que fala
mesmo que, por qualquer motivo tenhamos de interromper a leitura, sem ter que
ir ver quem fala, no início do capitulo.
Este é, pois, um livro sobre
diferentes assuntos perfeitamente atuais e que vão sendo, uns mais que outros,
analisados através da escrita da Jodi. De referir, ainda, que a profissão da Zoe, terapeuta musical, poderia ter sido mais explorada, pois pareceu-me bastante interessante o seu nível de intervenção. É, no entanto, uma obra onde quem
vence são as pessoas e o seu bom carácter, o que nos dá uma esperança em
relação ao futuro, neste mundo tão violento.
Apesar de o livro ter seis anos
esta é uma leitura que recomendo.
Sinopse:Zoe Baxter passou dez anos a tentar engravidar e, quando parece que este sonho está prestes a realizar-se, a tragédia destrói o seu mundo. Como consequência da perda e do divórcio, Zoe mergulha na carreira como terapeuta musical. Ao trabalhar com Vanessa, o relacionamento profissional entre as duas transforma-se numa amizade e depois, para surpresa de Zoe, em amor. Quando Zoe começa a pensar de novo em formar família, lembra-se de que ainda há embriões dela e de Max congelados que nunca foram usados.
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