quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

O Amante de Marguerite Duras

     Opinião: Por motivos profissionais estive a reler O Amante de Marguerite Duras. Um clássico da literatura francesa e mundial. Eu não sou grande adepta de reler livros. Há tanta coisa que eu gostaria de ler, e sei que não vou ter tempo para ler tudo o que queria, por isso prefiro sempre ler as novidades, ou algum livro que seja recomendado por um amigo e eu ainda não tenha lido. Mas noblesse oblige. Era trabalho e não lia o livro desde a faculdade e a verdade é que tinha uma vaga, muito vaga, ideia da obra.
    O livro não é muito grande o que fez com que fosse lido num dia. Mas foi bastante prazeroso voltar ao universo daquela jovem de 15 anos que se deixa levar pela vida e por um homem, mais velho, que a faz descobrir a sua própria essência.
    O livro não tem propriamente uma história. Acaba por ser a recordação de um tempo vivido pela narradora, anos mais tarde, sem que ela se queira justificar ou mesmo desculpar de algo. O interessante é que a mulher olha para a jovem, sem mágoas, aceitando o que ela fez no passado, como uma inevitabilidade, dado o seu meio envolvente.
    Evidentemente que o li de outra forma. Também eu deixei de ser a jovem universitária para ser uma mulher com uma história de vida. Claro que se repara em pormenores que na altura não me lembro de ter reparado. Por exemplo: a única personagem da família da jovem que tem nome é o irmão mais novo, o irmão que morreu, como se a morte lhe tivesse dado identidade. Interessante.
    O livro é, na verdade, bastante aliciante e profundo, a começar pelo titulo. O Amante leva-nos a pensar numa história de amor proibido, que na verdade existe, mas onde uma das personagens principais se encontra em negação desse mesmo amor. Como se o amor e a aceitação do mesmo apenas fosse possível através da distância ou da maturidade.
    Não querendo alongar-me a contar elementos que poderão tirar o interesse ao livro, não quero deixar de aconselhar a sua leitura. Aos jovens, pois, é um livro brilhante sobre o amor e as suas várias formas, aos mais adultos, mesmo que seja uma releitura, porque a vida acaba por nos ensinar que a verdade da juventude e os atos que foram praticados devem ser aceites, para que a vida do presente, a que vale a pena viver, possa decorrer sem percalços.
    Recomendo vivamente, mais este clássico.

    Sinopse: Saigão, anos 30. Uma bela jovem francesa conhece o elegante filho de um negociante chinês. Deste encontro nasce uma paixão. Ela tem quinze anos e é pobre. Ele tem vinte e sete e é rico. Os amantes, isolados num mundo privado de erotismo e autodescoberta, desafiam as convenções da sociedade.
   Enquanto ela desperta para a possibilidade de traçar o seu próprio caminho no mundo, para o seu amante não há fuga possível. A separação é inevitável e tragicamente cadenciada pelos últimos acordes da presença colonial francesa a Oriente.
  A jovem é a própria autora e este é o relato exacerbado de uma paixão inquieta e dilacerante. De tão etérea, a sua realidade gravar-lhe-ia no rosto marcas implacáveis de maturidade. Para o mundo, fica uma obra que contém toda a vida.
  Obra intemporal, relato de um mundo perdido, O Amante foi vencedor do prestigiado Prémio Goncourt, em 1984, e confirmou o génio literário de Marguerite Duras, nome cimeiro da literatura mundial.


1 comentário:

  1. Tenho muita curiosidade quanto a Marguerite Duras. Quando estive a viver em Paris uns meses, estive num vai-não-vai para comprar este livro... devia tê-lo feito :)

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