O livro não é muito grande o
que fez com que fosse lido num dia. Mas foi bastante prazeroso voltar ao
universo daquela jovem de 15 anos que se deixa levar pela vida e por um homem,
mais velho, que a faz descobrir a sua própria essência.
O livro não tem propriamente
uma história. Acaba por ser a recordação de um tempo vivido pela narradora,
anos mais tarde, sem que ela se queira justificar ou mesmo desculpar de algo. O
interessante é que a mulher olha para a jovem, sem mágoas, aceitando o que ela
fez no passado, como uma inevitabilidade, dado o seu meio envolvente.
Evidentemente que o li de
outra forma. Também eu deixei de ser a jovem universitária para ser uma mulher
com uma história de vida. Claro que se repara em pormenores que na altura não
me lembro de ter reparado. Por exemplo: a única personagem da família da jovem
que tem nome é o irmão mais novo, o irmão que morreu, como se a morte lhe
tivesse dado identidade. Interessante.
O livro é, na verdade,
bastante aliciante e profundo, a começar pelo titulo. O Amante leva-nos a pensar numa história de amor proibido, que na
verdade existe, mas onde uma das personagens principais se encontra em negação
desse mesmo amor. Como se o amor e a aceitação do mesmo apenas fosse possível
através da distância ou da maturidade.
Não querendo alongar-me a
contar elementos que poderão tirar o interesse ao livro, não quero deixar de
aconselhar a sua leitura. Aos jovens, pois, é um livro brilhante sobre o amor e
as suas várias formas, aos mais adultos, mesmo que seja uma releitura, porque a
vida acaba por nos ensinar que a verdade da juventude e os atos que foram
praticados devem ser aceites, para que a vida do presente, a que vale a pena
viver, possa decorrer sem percalços.
Recomendo vivamente, mais
este clássico.
Sinopse: Saigão, anos 30. Uma bela jovem francesa conhece o elegante filho de um negociante chinês. Deste encontro nasce uma paixão. Ela tem quinze anos e é pobre. Ele tem vinte e sete e é rico. Os amantes, isolados num mundo privado de erotismo e autodescoberta, desafiam as convenções da sociedade.
Enquanto ela desperta para a possibilidade de traçar o seu próprio caminho no mundo, para o seu amante não há fuga possível. A separação é inevitável e tragicamente cadenciada pelos últimos acordes da presença colonial francesa a Oriente.
A jovem é a própria autora e este é o relato exacerbado de uma paixão inquieta e dilacerante. De tão etérea, a sua realidade gravar-lhe-ia no rosto marcas implacáveis de maturidade. Para o mundo, fica uma obra que contém toda a vida.
Obra intemporal, relato de um mundo perdido, O Amante foi vencedor do prestigiado Prémio Goncourt, em 1984, e confirmou o génio literário de Marguerite Duras, nome cimeiro da literatura mundial.
Tenho muita curiosidade quanto a Marguerite Duras. Quando estive a viver em Paris uns meses, estive num vai-não-vai para comprar este livro... devia tê-lo feito :)
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