sábado, 22 de julho de 2017

A amiga


Opinião: Começo por dizer que Dorothy Koomson não é uma autora que considere regular (sem querer ofender ninguém). Ela tem livros dos quais sou fan, tem outros cuja leitura não consegui terminar, (mas pretendo voltar a tentar) e tem livros que ainda não li. Por isso, por não ter um conhecimento global, não sei se a culpa desta indecisão é minha se da autora. Há momentos em que não estamos preparados para ler determinada obra e depois, quando finalmente a lemos, amamos. Pode ser que seja que aconteceu com os dois livros de Dorothy que ainda não consegui acabar, tentar e amar.
A verdade, é que, em relação aos últimos livros dela tenho-os lido sem vontade de parar e a gostar tanto que tenho pena que acabem. Foi o que aconteceu com A Amiga, publicado, recentemente, pela Porto Editora.
Quando peguei no livro e li a sinopse, coisa que raramente faço, achei que o livro poderia ser centrado na Cece e nas suas tentativas de descobrir quem tinha tentado matar a Yvonne. Enganei-me. O livro acaba por ser baseado em Yvonne e na sua atitude perante a vida e perante os outros, embora seja uma personagem da qual só ouvimos a voz na última página embora várias sejam as vozes deste livro (o que eu adoro este tipo de construção narrativa).
Ficamos a saber o que se passou naquela cidade, antes da chegada de Cece através das vozes de Maxie, Anaya e Hazel, as melhores amigas de Yvonne. Esta última surge assim caracterizada através das palavras dos outros, e nunca por si mesma, ou pela Cece, que não a conhece. Muito dentro da linha de Brest (olha o elogio) Koomson constrói uma história ou melhor cinco histórias, sendo que em quatro delas, a personagem que manipula tudo o que vai acontecendo não nos conta nada, apenas temos a visão dos lesados e a forma como se sentiram usados, manipulados ou mesmo abusados.
Trata-se, pois, de um livro sobre mulheres,os homens acabam por ser personagens secundárias, sem brilho, vivendo à sombra e sob a dependência, económica ou afetiva, das suas mulheres, e da forma como o passado, queiramos ou não, vem condicionar o presente. É ainda um livro de equívocos, da mania que temos de achar que sabemos o que o outro está a pensar, sem lhe perguntarmos. Por fim, é um livro sobre amizades entre mulheres e a forma como as mesmas devem ser, ou talvez não, construídas.
A narrativa é fluida, sendo que as vozes são intercaladas, na maior parte das vezes, o que nos permite ter a noção dos jogos que Yvonne pratica para construir uma relação de poder e domínio sobre as outras mulheres.
Um elemento, para mim, importante nos livros é o titulo, que neste caso é uma tradução literal do original. E este acaba por ser um titulo que depende da visão que o leitor tem do livro. Posso mesmo dizer que comecei por achar que A amiga era uma personagem, e, depois de ter lido o livro, acho que afinal é outra.

Concluindo, adorei este livro da Doroyhy Koomson e tenho a sensação, posso estar enganada, que vamos ter uma continuação. Eu pelo menos gostaria que houvesse, pois, o fio daquela meada ainda não foi totalmente puxado, podendo a autora dar-nos a visão da história por parte de quem esteve praticamente calada, Yvonne.


Sinopse: Quando o marido é promovido, Cece Solarin muda-se para Brighton com os três filhos, animada com a possibilidade de um recomeço. No entanto, o ambiente do bairro que a acolhe parece-lhe ansioso e os vizinhos sobressaltados. 
           Cece descobre que, três semanas antes, Yvonne, uma das mães mais populares da zona, foi deixada às portas da morte, no pátio da escola dos filhos - a mesma onde se vê obrigada a inscrever os seus. 
          No primeiro dia de aulas, Cece conhece três mães muito diferentes que parecem querer ajudá-la neste novo começo. Mas Maxie, Anaya e Hazel são também amigas de Yvonne, e a polícia desconfia que uma delas poderá estar envolvida no crime. 
          Preocupada com a segurança dos filhos, Cece está decidida a descobrir a verdade…

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