quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

A contadora de histórias de Jodi Picoult

     Opinião: A contadora de histórias é mais uma obra que li integrada no projeto Um ano com a Jodi. E neste fui às cegas. De tal forma que quando dei por mim percebi que se tratava de um livro sobre a segunda guerra, Auschwitz e o pós-guerra. Devo aqui assumir que desde que tinha ido ao referido campo de concentração na Polónia, há dois anos, ainda não tinha conseguido pegar num livro sobre esta temática. A Jodi apanhou-me de surpresa, e foi bom, pois acho que desbloqueei.
     Mas, tenho que confessar, que a forma como lemos este tipo de livros, como vivenciamos as descrições do que aconteceu naquele espaço, são interpretadas e, fundamentalmente, sentidas de uma outra forma depois de lá ter estado e visto o espaço.
     Este é um livro surpreendente. A personagem principal, Sage, é também ela uma jovem com alguns problemas e complexos. Trata-se de alguém que não aceita o seu passado e, como tal, tem dificuldade em viver o seu presente o que faz com que se afaste das pessoas, aproveitando a sua profissão, padeira, para acentuar esse afastamento.
     Quanto à personagem masculina Josef é um homem já idoso que faz parte do seu grupo de apoio de gestão da dor e que se aproxima da jovem, de tal maneira que ela acaba por lhe fazer confidências que não tinha partilhado com ninguém. Ele, por sua vez, assume o seu passado, desconhecido para os seus patrícios. Deste encontro nasce uma aproximação que se vai desenvolvendo ao longo do livro onde vamos tendo, como habitualmente, a emergência de várias vozes.
    Não querendo contar nada que possa retirar o interesse pelo livro, posso dizer que mais uma vez, e de forma magistral, Jodi Picoult, nos dá uma lição de história, que acaba por ser uma lição de vida.
     Num local, como Auschwitz, onde “as condições (…) eram tão horrorosas que Deus optava por não entrar lá”, (ideia com a qual concordo plenamente) acabamos por encontrar a amizade, a solidariedade e o auxílio entre aqueles que sofrem sem saber porquê, sem serem culpados de nada, mas vitimas de uma conjuntura que não tinham escolhido.
    Claro de o final do livro surpreende e a autora, mais uma vez, mas nesta obra em particular, deixa-nos sem folgo, pensando que por vezes a vida tem um humor macabro, onde nem tudo o que parece é.
    Acho que é daqueles romances que toda a gente deveria ler. Recomendo sem hesitações. 

     Sinopse: Sage Singer é padeira de profissão. Trabalha de noite, a preparar o pão e os bolos para o dia seguinte, tentando fugir a uma realidade de solidão, a más memórias e à sombra da morte da mãe. Quando Josef Weber, um velhote que faz parte do grupo de apoio de Sage, começa a passar pela padaria, os dois forjam uma amizade improvável. Apesar das diferenças, veem um no outro as cicatrizes que mais ninguém consegue ver.

     Tudo muda no dia em que Josef confessa um segredo vergonhoso há muito escondido e pede a Sage um favor extraordinário. Se ela disser que sim, irá enfrentar não só as repercussões morais do seu ato, como também potenciais repercussões legais. Agora que a integridade do amigo mais chegado que alguma vez teve está envolta numa névoa, Sage começa a questionar os seus pressupostos e as expectativas em torno da sua vida e da sua família. 
     Um romance profundamente honesto, em que Jodi Picoult explora graciosamente até onde podemos ir para impedir que o passado dite o nosso futuro. 


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