Opinião: O
homem de giz de C. J. Tudor foi um dos livros marcantes,
a nível publicitário, deste mês de janeiro.
Confesso que não sou muito
de ler os livros quando estão com uma campanha e com uma unanimidade tão
grande. A trilogia Millennium li
meses depois de já toda a gente estar rendida a ela. Mas este foi-me
recomendado pela Verovsky, A menina dos
policiais e, como confio bastante nas suas opiniões, acabei por o começar a
ler. E durou cerca de 48 horas, pois só parei quando terminou.
Este thriller tem tempos distintos que se vão cruzando em
capítulos alternados, o que eu gosto de livros assim, e onde as personagens no
presente estão a ser obrigadas a regressar ao passado, sendo que o leitor vai
tendo conhecimento desse passado, ao mesmo tempo sabe das consequências deste
no presente.
Sendo escrito na primeira
pessoa, este narrador omnisciente, uma das personagens principais do livro, acaba
por nos dar acesso e nos contar não só o que acontece, mas também ao que ele
pensa e esconde.
Trata-se de um livro muito
gráfico, onde as situações, descrições ou mesmo o vocabulário utilizado são
pesados, não existindo eufemismos de espécie alguma. No entanto a escrita é de
tal forma correta e irrepreensível que nos transporta para aquela realidade
dura, às vezes mesmo cruel, mas da qual não conseguimos, nem queremos, escapar.
No passado o grupo de Eddie
encontra um cadáver de uma jovem cuja descoberta do assassino vai ser o mote
para todo o livro. No presente estão a braços com os segredos que todos têm e
mantiveram escondidos ao longo dos anos, principalmente uns dos outros. Joga-se
aqui com o que se sabe e com o que se desconhece, sendo que o puzzle só poderá
ficar completo quando todos forem honestos e partilharem os seus segredos, mais
que não seja com o leitor. Por outro
lado, a utilização de algo tão infantil como o giz e desenhos toscos de
bonecos, para introduzir situações violentas, enfatiza ainda mais o
acontecimento e não consegue, nem quereria, preparar o leitor para essas mesmas
situações.
Sendo o primeiro livro da
autora fica-se ansiosamente à espera de mais livros desta qualidade. Apesar de
ser janeiro, e portanto o ano ainda agora estar a iniciar, não tenho dúvidas
que este será, é, um dos grandes livros de 2018 dentro do género.
Sinopse: O livro de estreia de C. J. Tudor é um thriller com uma atmosfera densa e viciante que se passa em dois registos, em 1986 e nos nossos dias.
A história começa em 1986 e, após um hiato de trinta anos, o passado surge para transformar a vida de Eddie.
As influências de Stephen King e o toque de Irvin Welsh, conferem ao livro não só um tipo de narrativa diferente como um suspense ao limite.
O que contribui para que a história tenha um desfecho muito real e chocante.
O Homem de Giz conta-nos a história de um grupo de crianças, não poupando nos pormenores sociais onde estão inseridas e em como as influências de famílias disfuncionais contribuem para exacerbar o imaginário infantil.
A história começa quando aos doze anos Eddie e os amigos tiveram contacto com o misterioso Homem de Giz. Uma personagem central na trama e Eddie será assombrado por ela.
As estranhas figuras de giz conduzem Eddie e os amigos a um cadáver de uma rapariga pouco mais velha que eles e esta descoberta irá marcá-los para sempre. Tudo aconteceu há trinta anos, e Eddie convenceu-se de que o passado tinha ficado para trás. Até ao dia em que recebeu uma carta que continha apenas duas coisas: um pedaço de giz e o desenho de uma figura em traços rígidos.
À medida que a história se vai repetindo, Eddie vai percebendo que o jogo nunca terminou.
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