segunda-feira, 12 de março de 2018

Homens imprudentemente poéticos de valter hugo mãe

     Opinião: Valter hugo mãe é um dos melhores escritores da nova geração, sendo um autor que acompanho desde o inicio da sua carreira. Confesso que, sempre que é lançado um livro de um novo escritor português tenho tendência para ir ler e ver o que de novo, e neste caso, de melhor, se faz em Portugal.           Homens imprudentemente poéticos é um dos livros deste autor que ainda não tinha lido. E o que eu estava a perder.
  Este livro conta uma história passada no Japão antigo e refere-se às dificuldades de comunicação e de entendimento entre Itaro, o artesão, e Saburo, o oleiro. Há quem defenda que neste livro hugo mãe acaba por cruzar três lendas nipónicas.
    Sem querer contar nada deste romance, não posso deixar de dizer que este é, no entanto, um livro de mulheres, onde a figura destas se torna uma pedra basilar daqueles homens. Mesmo quando esta já não habita o espaço físico onde se desenrola a história. De referir, ainda, que a crueza da história é atenuada pela magnitude da palavra.
    Mas a verdadeira beleza deste livro é a escrita poética, atrevo-me a chamar-lhe assim, do autor. Valter hugo mãe é mestre na utilização da palavra criando uma beleza que vai para além da história. Herdeiro de algumas características da escrita de Saramago, acaba por nos embalar numa realidade que não sendo a nossa, longínqua até, acabamos por a sentir como se fosse parte integrante do português e da sua saudade. 
    Se mais não posso dizer sem tirar o fator de surpresa ao livro, este é sem quaisquer dúvidas uma obra da qual recomendo a leitura, embora este não seja uma obra de fácil leitura. Mas vale a pena, muito a pena ler com atenção estes Homens imprudentemente poéticos.

    Sinopse: Num Japão antigo o artesão Itaro e o oleiro Saburo vivem uma vizinhança inimiga que, em avanços e recuos, lhes muda as prioridades e, sobretudo, a capacidade de se manterem boa gente.
      A inimizade, contudo, é coisa pequena diante da miséria comum e do destino.
Conscientes da exuberância da natureza e da falha da sorte, o homem que faz leques e o homem que faz taças medem a sensatez e, sobretudo, os modos incondicionais de amarem suas distintas mulheres.
     Valter Hugo Mãe prossegue a sua poética ímpar. Uma humaníssima visão do mundo. 



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