sexta-feira, 13 de abril de 2018

A árvore de Ângela Sarmento

     Opinião: Ângela Sarmento é o pseudónimo literário de Tareca que os mais velhos conheceram de um programa de televisão chamado A visita da Cornélia.
    A Árvore é, pois, um livro de 1961, que fui buscar à prateleira. Tinha-o lido nos anos 80 e tinha ficado com uma boa recordação do mesmo. E essa boa lembrança não foi defraudada. Quem me conhece sabe que não sou mulher de reler livros (temos tantos novos, a estrear para ler), mas este já estava a assombra-me há algum tempo. E este foi o tempo.
    A história acaba por ser de alguma forma datada. Trata-se da história de uma família burguesa do Portugal do Estado Novo, com quatro irmãos, três raparigas e um rapaz. A narradora uma das irmãs, a Teresa, casada com o João, ribatejano puro, acaba por ser a ponte de ligação e de união entre os diversos elementos da família.
   Sendo um livro datado acaba por se tornar de alguma forma surpreendente pois os acontecimentos que alteram a vida das irmãs mais novas não são as expectáveis para as jovens daquela época. No entanto, Teresa é uma mulher tipicamente portuguesa, que acha que a sua função é tornar-se a salvadora e a conciliadora daquela família. Ela é a imagem das irmãs mais velhas, daquele tempo, que tentavam proteger todos os elementos do seu clã.
   Quanto à caracterização do espaço este acaba por apresentar um país, a perto e branco, um país muito mais provinciano do que aquele que hoje conhecemos. No entanto, esta visão permite-nos verificar e testemunhar quanto o país evoluiu e se alterou nestes anos, num aspeto positivo.
   Outro elemento importante deste livro é o papel da mulher portuguesa na família e na sociedade. Se por um lado considera que as mulheres são fundamentais na estrutura familiar, por outro verifica-se que a mulher acaba, no livro, por ter uma interação social muito mais ativa do que a que era espectável para a época. A irmã mais nova vai sozinha estudar para um país estrangeiro, outra vai trabalhar acompanhando o namorado numa viagem para o Brasil. Estas ações podem ser vistas como atitudes menos dignas ou mesmo perturbadoras da paz e do equilibro familiar, sem, no entanto, as demover, o que é muito moderno para a época.
   Apesar de tudo o que foi dito anteriormente considero que vale a pena ler este livro. Para os mais velhos será como que uma atitude de nostalgia, para os mais novos será uma ida ao passado que os levará a ter consciência e a valorizar o mundo diferente em que vivem, principalmente se forem mulheres.

     Sinopse: Dos seus livros publicados destacamos, o seu primeiro Romance - A Árvore, publicado em 1961, onde escreve na primeira pessoa e reparte a sua estadia nesta terra do Ribatejo, e aquela donde são originárias as suas raízes – Moncorvo.Foi um livro, que na época recebeu os maiores comentários apreciativos, comparando a escritora a outras formas de narrar, que marcaram um tempo, nos séc.XIX. 
(in: História de Salvaterra). 




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