A Árvore é, pois, um livro de 1961, que fui
buscar à prateleira. Tinha-o lido nos anos 80 e tinha ficado com uma boa
recordação do mesmo. E essa boa lembrança não foi defraudada. Quem me conhece
sabe que não sou mulher de reler livros (temos tantos novos, a estrear para
ler), mas este já estava a assombra-me há algum tempo. E este foi o tempo.
A
história acaba por ser de alguma forma datada. Trata-se da história de uma
família burguesa do Portugal do Estado Novo, com quatro irmãos, três raparigas
e um rapaz. A narradora uma das irmãs, a Teresa, casada com o João, ribatejano
puro, acaba por ser a ponte de ligação e de união entre os diversos elementos
da família.
Sendo
um livro datado acaba por se tornar de alguma forma surpreendente pois os
acontecimentos que alteram a vida das irmãs mais novas não são as expectáveis
para as jovens daquela época. No entanto, Teresa é uma mulher tipicamente
portuguesa, que acha que a sua função é tornar-se a salvadora e a conciliadora
daquela família. Ela é a imagem das irmãs mais velhas, daquele tempo, que tentavam
proteger todos os elementos do seu clã.
Quanto
à caracterização do espaço este acaba por apresentar um país, a perto e branco,
um país muito mais provinciano do que aquele que hoje conhecemos. No entanto,
esta visão permite-nos verificar e testemunhar quanto o país evoluiu e se
alterou nestes anos, num aspeto positivo.
Outro
elemento importante deste livro é o papel da mulher portuguesa na família e na
sociedade. Se por um lado considera que as mulheres são fundamentais na
estrutura familiar, por outro verifica-se que a mulher acaba, no livro, por ter
uma interação social muito mais ativa do que a que era espectável para a época.
A irmã mais nova vai sozinha estudar para um país estrangeiro, outra vai
trabalhar acompanhando o namorado numa viagem para o Brasil. Estas ações podem
ser vistas como atitudes menos dignas ou mesmo perturbadoras da paz e do
equilibro familiar, sem, no entanto, as demover, o que é muito moderno para a
época.
Apesar
de tudo o que foi dito anteriormente considero que vale a pena ler este livro.
Para os mais velhos será como que uma atitude de nostalgia, para os mais novos
será uma ida ao passado que os levará a ter consciência e a valorizar o mundo
diferente em que vivem, principalmente se forem mulheres.
Sinopse: Dos seus livros publicados destacamos, o seu primeiro Romance - A Árvore, publicado em 1961, onde escreve na primeira pessoa e reparte a sua estadia nesta terra do Ribatejo, e aquela donde são originárias as suas raízes – Moncorvo.Foi um livro, que na época recebeu os maiores comentários apreciativos, comparando a escritora a outras formas de narrar, que marcaram um tempo, nos séc.XIX.
(in: História de Salvaterra).
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