segunda-feira, 23 de julho de 2018

Sexo, Drogas e Selfies de Francisco Salgueiro


     Opinião: Sexo, Drogas e Selfies é o novo livro do Francisco Salgueiro e mais uma vez não é um livro fácil. Principalmente para quem tem filhos pouco mais velhos do que a Joana.
    Esta obra conta a história de uma jovem que, apesar de ter lido O fim da inocência, acaba por ter comportamentos tão inconsequentes como a Inês. Na verdade, a jovem acha que não corre perigo, que apenas acontece aos outros e como tal continua a ter comportamentos de risco. Quanto engano e quanta ingenuidade.
     Francisco Salgueiro escreve um romance muito claro e muito realista. E isso é que assusta. Este Sexo, Drogas e Selfies transforma a noite da Grande Lisboa, no maior pesadelo de qualquer pai. A escrita direta, quase oralizante, a crueza das descrições e a sua veracidade tornam o livro num testemunho assustador onde a ficção fica para traz e aqui que lemos torna-se numa realidade efetiva e afetiva.
    Mas também os pais não ficam bem na fotografia do autor. Os pais pouco atentos, os pais permissivos que transformam os jovens em consumidores para ‘comprar’ afetos e substituir presenças acabam por ser participantes na queda dos seus filhos, mais que não seja por omissão. Também a amizade acaba por ser posta em causa. Os jovens juntam-se por conveniência, formando grupos que unem interesses e não sentimentos. Os likes são mais importantes que as emoções, afastando-se uns dos outros quando as coisas correm mal, quando a imagem se desconstrói. E esse é outro aspeto interessante do livro. A imagem e a sua importância na sociedade atual. Ser bonito, vestir como il faut, usar a roupa da moda e o sapato da moda é mais importante do que a afetividade e a amizade.
     Curiosamente, e simultaneamente, é um romance de esperança. Esperança na consciência dos erros (achando que esta deverá vir antes que seja tarde), esperança na relação entre pais e filhos, pois mesmo que inicialmente não se esteja atento (a verdade é que nenhum pai acha que os seus filhos se vão comportar desta forma) é fundamente estar lá e apoiar quando a história começa a correr mal. Joana acaba por ser uma jovem incógnita. O que me apavora é que poderia ter sido a minha filha, pois aparentemente é tão mais fácil entrar neste mundo, do que viver fora dele.
     É um livro duro, repito. Mas deve ser lido por todos. Por adultos e pais para saberem e consciencializarem o que se poderá passar e pelos jovens para que se possam afirmar de uma forma muito mais saudável, onde haja a força de dizer Não!

     Sinopse: Joana perdeu a virgindade aos doze anos e é uma das raparigas mais populares do colégio. Ela e as amigas, aparentemente perfeitas para os pais, escondem um dia-a-dia de sexo com estranhos, sem preservativo, e muitas drogas. Noites levadas ao limite para contornarem o aborrecimento de um quotidiano em que estão sempre agarradas ao telemóvel. É o retrato de uma geração que não vive o momento, porque cada instante só lhe parece real se for registado pela câmara de um telemóvel. É a geração que depende das selfies e dos likes. Em pouco tempo, a vida da Joana e das amigas toma um rumo inesperado, e entra numa espiral descontrolada que condiciona definitivamente o seu futuro. 




1 comentário:

  1. É mesmo um livro duro! Fiquei chocada com o que li. Enquanto mãe fiquei assustada.
    Um beijinho

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