Opinião: Sexo, Drogas e Selfies é o novo livro do Francisco Salgueiro
e mais uma vez não é um livro fácil. Principalmente para quem tem filhos pouco
mais velhos do que a Joana.
Esta
obra conta a história de uma jovem que, apesar de ter lido O fim da inocência, acaba por ter comportamentos tão inconsequentes
como a Inês. Na verdade, a jovem acha que não corre perigo, que apenas acontece
aos outros e como tal continua a ter comportamentos de risco. Quanto engano e
quanta ingenuidade.
Francisco
Salgueiro escreve um romance muito claro e muito realista. E isso é que
assusta. Este Sexo, Drogas e Selfies
transforma a noite da Grande Lisboa, no maior pesadelo de qualquer pai. A
escrita direta, quase oralizante, a crueza das descrições e a sua veracidade
tornam o livro num testemunho assustador onde a ficção fica para traz e aqui
que lemos torna-se numa realidade efetiva e afetiva.
Mas
também os pais não ficam bem na fotografia do autor. Os pais pouco atentos, os
pais permissivos que transformam os jovens em consumidores para ‘comprar’
afetos e substituir presenças acabam por ser participantes na queda dos seus
filhos, mais que não seja por omissão. Também a amizade acaba por ser posta em
causa. Os jovens juntam-se por conveniência, formando grupos que unem
interesses e não sentimentos. Os likes são mais importantes que as emoções,
afastando-se uns dos outros quando as coisas correm mal, quando a imagem se
desconstrói. E esse é outro aspeto interessante do livro. A imagem e a sua
importância na sociedade atual. Ser bonito, vestir como il faut, usar a roupa da
moda e o sapato da moda é mais importante do que a afetividade e a amizade.
Curiosamente,
e simultaneamente, é um romance de esperança. Esperança na consciência dos
erros (achando que esta deverá vir antes que seja tarde), esperança na relação
entre pais e filhos, pois mesmo que inicialmente não se esteja atento (a
verdade é que nenhum pai acha que os seus filhos se vão comportar desta forma)
é fundamente estar lá e apoiar quando a história começa a correr mal. Joana
acaba por ser uma jovem incógnita. O que me apavora é que poderia ter sido a
minha filha, pois aparentemente é tão mais fácil entrar neste mundo, do que
viver fora dele.
É
um livro duro, repito. Mas deve ser lido por todos. Por adultos e pais para
saberem e consciencializarem o que se poderá passar e pelos jovens para que se
possam afirmar de uma forma muito mais saudável, onde haja a força de dizer
Não!
Sinopse: Joana perdeu a virgindade aos doze anos e é uma das raparigas mais populares do colégio. Ela e as amigas, aparentemente perfeitas para os pais, escondem um dia-a-dia de sexo com estranhos, sem preservativo, e muitas drogas. Noites levadas ao limite para contornarem o aborrecimento de um quotidiano em que estão sempre agarradas ao telemóvel. É o retrato de uma geração que não vive o momento, porque cada instante só lhe parece real se for registado pela câmara de um telemóvel. É a geração que depende das selfies e dos likes. Em pouco tempo, a vida da Joana e das amigas toma um rumo inesperado, e entra numa espiral descontrolada que condiciona definitivamente o seu futuro.
É mesmo um livro duro! Fiquei chocada com o que li. Enquanto mãe fiquei assustada.
ResponderEliminarUm beijinho