Opinião: O Don Tranquilo de Mikhail Chólokhov é constituído
por quatro livros que li quando era menina e moça. Lembro-me na altura de ter
gostado bastante e tenho andado todos estes anos à procura dos vários volumes
que constituem esta obra. Este ano na Feira do Livro de Lisboa consegui comprar
todos os volumes do qual li, nestas férias, o primeiro.
Neste
volume temos a apresentação da família Melekhoves, cossacos, e cuja história
vamos acompanhando ao longo do tempo. Este volume centra-se no jovem Grigóri,
que acaba por terminar a tradição de toda a família viver na mesma propriedade.
Grigóri
acaba por ir cumprir o serviço militar, mas antes abandona a mulher e vai viver
com uma outra jovem, também ela casada com um vizinho, uma localidade vizinha.
Todos eles habitam aldeias ao pé do rio, do Don, o que torna a traição ainda
mais escandalosa.
Mas
o importante do livro não é a história de amor. Esta, bem como a vida
quotidiana das populações que residem na aldeia, é o pano de fundo para o autor
nos mostrar a vida da Rússia e como se desenrolava na época dos cossacos.
De
facto, e como qualquer grande autor do do seculo XX russo, Mikhail Chólokhov
dá-nos uma descrição das estepes e da vivência ligada à terra que tornam este
volume, e a obra, num épico onde se une uma integridade histórica com a riqueza
narrativa. A vida das famílias estava ligada à criação de animais e ao que a
terra dava, sendo notório o valor que estes dois elementos têm na construção do
dia a dia dos trabalhadores e na construção da nação. Ao largo está o rio. O
rio que os acolhe, lhes indica o caminho e em algumas ocasiões lhe fornece
aquilo que necessitam para que a terra mãe se possa desenvolver. O rio que
testemunha as suas vivências.
Este
primeiro volume não desfraldou as minhas expetativas, embora a surpresa de
algumas descrições ou acontecimentos se tenha perdido devido ao conhecimento
histórico e literário que construí ao longo dos anos. No entanto, não vou
deixar de ler os outros volumes sobre a história desta aldeia e desta população
que mais não é do que a história da Rússia e dos seus habitantes ao longo do
início do seculo XX.
De
referir, para quem o desconheça, que o autor recebeu o Prémio Nobel da
Literatura em 1965, tendo sido esta obra, escrita entre 1928 e 1932, referida e
considerada a sua melhor criação literária.
Sinopse: A história da Rússia contada através da vida de uma região ao longo do Don.
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