Opinião: O rapaz à porta é o primeiro livro publicado em
Portugal da autora Alex Dahl. Este foi mais um daqueles livros em que a leitura
é célere e o final acaba com o entusiasmo e com a emoção.
O
livro conta a história de Cecília que tem uma vida perfeita: um marido rico, um
emprego para se mostrar moderna e autónoma, uma boa casa num bairro de
prestígio, duas filhas lindas… Está socialmente bem integrada, dando-se com as
pessoas certas. Eis que uma tarde, na piscina onde as filhas vão, lhe pedem que
deixe em casa o rapaz que está à porta e que ninguém veio buscar.
Ela
assim faz, mas quando chega ao local verifica que ninguém habita a casa,
havendo, apenas, indícios de que o jovem tem lá dormido, mas sem a companhia de
um adulto. Assim sendo, resolve levá-lo para casa, onde dorme, sem que ela
avise a polícia. No dia seguinte, deixa o Rapaz na escola até que recebe um
telefonema avisando-a de que tem de ir à referida escola pois a polícia está a
aguardá-la, visto que o rapaz não é lá aluno.
Até
aqui a história é linear, mas a partir desta premissa a autora acaba por
construir um jogo de espelhos, onde o leitor oscila entre a verdade e a
mentira, que por vezes se torna, por força do discurso, dois objetos diferentes.
A verdade é que depois de perceber esse jogo da cabra cega que a Cecília faz
com toda a gente e que lhe permitiu construir uma falsa vida exemplar, o livro
fica bastante interessante.
Assim
sendo, a obra é uma ilusão, construída pela personagem principal, que nós,
leitores, vamos conhecendo ao mesmo tempo que as outras personagens, e que se
desmorona e acaba por cair como se de uma pirâmide de cartas se tratasse.
Neste, entretanto, o livro ganha ritmo e mais interesse, funcionando como um
tratado psicológico, uma visão da mente de pessoas como a protagonista.
Até
que chegamos ao final. E desilusão. Não era o desfecho que estava à espera e,
penso mesmo, que não será o final mais correto, mais moral ou mais coerente que
a autora poderia encontrar. Para mim, o fim deveria ter sido outro, mais forte,
menos morno. Como se na última página pensássemos: É só isto?
De
qualquer forma, e não sendo para mim, um livro fantástico é uma obra que se lê,
sem grande dificuldade.
Sinopse: Cecilia Wilborg tem a vida perfeita: um marido atraente, duas bonitas filhas e uma grande casa em Sandefjord, uma cidade que parece tirada de um bilhete-postal. Ela esforça-se para manter tudo como está, pois um erro do passado pode destruir-lhe o presente.
Annika Lucasson vive uma vida sombria com o namorado abusivo e traficante de drogas. Já perdeu tudo muitas vezes e agora tem uma última oportunidade de se salvar, graças a Cecilia. Mas, Annika conhece o seu segredo e o que Cecilia está disposta a fazer para que tudo acabe.
Então aparece Tobias, um rapaz de oito anos, sozinho e sem amigos. Mas que ameaça fazer desmoronar o mundo de Cecilia.
O quer ele de Cecília?
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